Fim do ano chegando, vamos mostrar que o 21 teve uma coisa boa. Conheci a Ananda Krishna por intermédio de uma amiga, a Bethise Cabral, que também é jornalista. O evento foi em Ponta Negra e foi muito divertido, Ananda canta muito e animara a galera, mesmo que seja com voz e violão, mas seu estilo meio feiticeira era sua marca. Entretanto, os destinos mudaram e em 2021 finalmente pode lançar o seu primeiro álbum. Além disso, o disco tem a assinatura do selo do Dosol, que é famoso pelo seu festival de música alternativa de mesmo nome.
No segundo semestre de 2021, agora a Ananda K traz em sua bagagem mais de 11 anos de carreira com o “Feitiçaria”. O disco não veio ao acaso, uma vez que ela comemorou o aniversário de 30 anos.
“Sempre enfrentei os desafios de construir um trabalho autoral e confiei que seria possível atingir os corações com tudo aquilo em que eu acreditava”, disse Ananda em release para imprensa.
Um disco autobiográfico
Apesar de uma grande carga autobiográfica, “Feitiçaria”, vem com 10 canções que tem as características de envolver e cativar o público, provocando o sentimento de identificação e aproximação com as letras e as histórias nelas contadas.
O álbum também traz “Menina de Litoral”, música inédita da compositora, que enaltece o litoral do Rio Grande do Norte através do poder da mulher litorânea; uma mulher livre, de força, coragem e autenticidade. Ainda na intenção de valorizar as riquezas naturais potiguares, Ananda faz memória ao Rio Potengi, através da música “Abraço de Mar”.
Claro que ela falou do feminismo
Enquanto mulher lésbica, Ananda traz músicas que inspiram sobre o tema, além do empoderamento feminino e amor próprio. Além disso, a artista define como um processo de encontro e cura que perpassa pela auto aceitação e respeito.
A produção do álbum ficou a cargo de Diego Francisco, com mixagem de Yves Fernandes, direção artística de Anderson Foca e masterização por Eduardo Pinheiro.
Comentando faixa a faixa do disco de Ananda K
1. Feitiçaria
A música que recebe o título do álbum traz um baião com batidas eletrônicas. O bacana da canção é que tem um refrão gostosinho, no qual conta a história de uma moça que se encantou com uma pessoa e agora está perdida de amor. Espero que tenha um clipe, pois tem uma história completa na minha cabeça.
2. Sósealisar
A segunda segue a linha do baião com uma linha de baixo gostosa. Lembra muito o trabalho de Cátia de França, que misturava o baião, mas com o jeito de Rock and Roll. A canção mostra a vontade do eu-lírico de roçar que a crush no luar da noite, sendo que cheio de metáforas que só cresceu no interior do Nordeste sabe bem. Sim, todas as músicas de Ananda K cortejam as moças.
3. Venha cá ao mar
Saindo do interior, hora de migrar para o litoral, porém você não se liga no trocadilho do título até o chegar ao refrão. Se você já andou com o crush nas águas de Ponta Negra e sentou perto das pedras do Morro do Careca vai se identificar com a cantiga. Por isso, um som bem mais puxado ao Coco de Roda para lembrar aquelas tardes de domingo.
4. Fico até meio sem ar
Sai o Coco de Roda e entra o baião, além de uma forte influência de Cátia de França e da potiguar Terezinha de Jesus. A canção é mais um amor com um sotaque nordestino gostoso e sem aquele toque comercial que tivemos que ouvir de Juliette (Até eu que torci por ela no BBB não consigo defender o disco).
5. Amarela faceira
Assim como a primeira faixa, a canção é uma música com batidas eletrônicas e é a música mais autobiográfica, no qual fala por meio de figuras de linguagem sobre a sua jornada de auto aceitação e de ter amor próprio. A canção tem várias nuances, mas a parte que ela finalmente comenta que finalmente se aceitou o ritmo da faixa é mais voltado para o coco de roda. Outra canção que renderia um clipe ou uma arte performática.
6. Abraço de Mar
O final de “Amarela faceira” liga direto com a sexta faixa, “Abraço de Mar”, que traz uma declaração ao amor para sua dama, fazendo comparação com as belezas do mar potiguar, como Rio Potengi. Na segunda e terceira faixa, a gente viu o trocadilho com as palavras, isto repetiu, uma vez que os versos alternam entre “Abraço de Mar” e “A braço de mar”. Além disso, traz uma forte influência do ijexé, famoso ritmo na Bahia.
7. Mulher
A canção traz a valorização de uma mulher livre, de força, coragem e autenticidade. Com uma batida de funk bem gostosa, mostra a vontade de Ananda falar da visibilidade lésbica e também de ser livre em se relacionar o que quiser. Foi a música mais política do álbum, que traz um desabafo real de uma mulher lésbica que sentiu reprimida o tempo todo e agora quer ser o que quiser.
8. Menina de Litoral
Quem já foi ao show ao vivo, já ouviu a canção. Agora com uma outra roupagem. Também seguindo com uma batida mais de funk, mas com jeitinho mais natalense possível. Além disso, é uma música legal para elevar a autoestima da mulher. Sem contar que música inédita da compositora, que enaltece o litoral do Rio Grande do Norte através do poder da mulher litorânea e, por fim, o seu jeito brilhante.
Outra que merecia um clipe.
9. Pele Vermelha
A canção é a mais diferente, com foco mais no violão. Agora o foco de Ananda é fazer uma homenagem às mulheres indígenas do Rio Grande do Norte, no qual traz uma identificação e fala um pouco da história dos índios que moravam em Natal antes da vinda dos portugueses.
10. Docinha, Docinha
A última faixa do álbum de Ananda K é “Docinha, Docinha”, que finaliza o disco com 28 minutos de duração. Do mesmo modo que as outras canções, ela também traz o empoderamento da mulher. Além disso, a canção é totalmente diferente das outras faixas, com uma forte influência de samba e gostosa de ouvir, mas sem deixar os rastros que marcaram os discos: canções destinadas às mulheres, auto aceitação, figuras de linguagem, trocadilhos, exaltar o RN e, por fim, com muita feitiçaria.
Deixe um comentário