Patrícia Nunes fez mestrado em Estudos da Mídia, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Lá, seu objeto de estudo foi analisar a imagem da mulher retratada nos outdoors da principal via de Natal, como a Avenida Senador Salgado Filho. “Desde a graduação em publicidade me incomodava muito a forma como algumas campanhas representavam as mulheres. Então, no mestrado, decidi estudar como acontece essa representação na publicidade natalense”, comentou Patrícia em entrevista ao Brechando.
Como resultado, Patrícia divulgará todo o seu estudo através do livro “Consumidora Consumida: A Mulher em Anúncios de Outdoors”, com previsão de lançamento no dia 30 de janeiro, a partir de uma live. O Outdoor é um painel de divulgação publicitária enorme, no qual estão expostas ao ar livre ou à margem das vias públicas. Foi um dos primeiros modos de divulgação de produtos, ideias e serviços. Por exemplo, na Mesopotâmia os comerciantes de vinho anunciavam em áxones de pedras talhadas em relevo. Já os gregos gravavam suas mensagens em rolos de madeira.
A ideia da pesquisadora inicialmente era observar os anúncios das avenidas Salgado Filho, Hermes da Fonseca, Roberto Freire, Prudente de Morais e João Medeiros Filho. Além disso, ela analisou os outdoors da BR-101. “A pesquisa, como um todo, durou dois anos. As incursões pelas vias de Natal, para registros, no entanto, demoraram uns três anos”, relatou a pesquisadora. Mas, o que ela percebeu nos anúncios?
“Percebi que existe machismo nos anúncios, focando na objetificação do corpo feminino. Ou seja, muitas vezes a mulher é tratada como um objeto [de desejo]. Além disso, há pouca representatividade negra, além de exibir poucas mulheres não magras e idosas. Muito menos havia imagens de mulheres deficientes ilustrando os anúncios”, adiantou a pesquisadora, que estudou 64 anúncios, no qual apenas sete tinham mulheres negras e cinco pardas.
Uma mulher padrão nos anúncios natalenses
A pesquisadora constatou que as mulheres que estão nestes outdoors não mostra as características comuns das mulheres potiguares. “Os anúncios reproduzem estereótipos de gênero binário, padrões heteronormativos e racializados para comunicar diferentes produtos e marcas. As mulheres, em sua maioria, eram jovens e reafirmavam o discurso machista de que, para ser feliz e com sucesso, a mulher tinha que se manter bonita e jovem”.
Além disso, a pesquisadora também analisou que os outdoors “ilustram os estereótipos e padrões de feminilidade, com mulheres em sua maioria jovens (20 a 24 anos), brancas, olhos claros e cabelo liso”.
Hoje ela faz doutorado em Pernambuco e pretende continuar a pesquisa
Atualmente, a Patrícia Nunes é doutoranda em Pernambuco, no qual está dando continuidade em sua pesquisa. “Estou fazendo o mesmo procedimento em Recife, mas com algumas adaptações”, relatou.
Lançamento do livro de Patrícia
O lançamento acontecerá no dia 30 de janeiro, às 17 horas, a partir de uma live no Instagram, com a presença da escritora e também de Adailton Souza, que abrirá o evento para contar suas impressões do livro. Depois, Patrícia irá dizer como foi todo o processo de pesquisa até chegar na construção do livro. A capa tem a ilustração da artista potiguar Sunsara, que já falamos no Brechando. Além disso, o prefácio teve a assinatura da professora Josimey Costa. “Queria fazer muito presencial, mas não será possível por conta da pandemia”, lamentou a pesquisadora.
Veja a capa do livro a seguir.
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