Quem já ouviu a banda Rosa de Pedra sabe que aquela mulher de cabelos vermelhos cheguei e tocando uma rabeca como ninguém tem uma forte presença no palco. Além disso, Tiquinha Rodrigues é uma amante da cultura popular e tem uma voz inconfundível, independentemente se você gosta ou não do seu estilo. Em 2021, após colaborar no Rosa de Pedra, na Orquestra Sinfônica e de outros artistas potiguares, ela finalmente irá lançar a sua carreira solo nesta sexta-feira (15).
Por isso, a Rizomarte, selo conhecido por divulgar os mais diversos artistas, conseguiu mostrar um lado diferente de Tiquinha, mas celebrando os mais de 20 anos de carreira. Como resultado, está disponível nas plataformas digitais o álbum ”Tica” .
É um álbum solo, mas não trabalhou sozinha
Pelo contrário, ”Tica” é um álbum povoado de ótimas colaborações de antigos parceiros musicais. É o caso do violonista Toni Gregório e do percussionista Kleber Moreira, também integrantes do Rosa de Pedra. Toni e Kleber também assinam a direção e produção musical das faixas. Além deles, colaboram no disco o instrumentista Fernando Régis, autor do instrumental “Forró para Tica” , e os compositores Luiz Mário, Waldemar da Silva e o Mestre Juremeiro Romulo Angélico, responsável pela canalização dos cânticos de abertura e fechamento do álbum.
O principal responsável pela identidade visual do álbum é o artista visual Augusto Júnior, é dele as fotos e a direção de arte do ensaio. Na capa Tiquinha aparece com sua clássica cabeleira ruiva, defumando o espaço com sálvia branca e se misturando ao movimento da fumaça que purifica o entorno. Além disso, tem canções inspiradas no Catimbó da Jurema, uma religião muito comum nos nativos do RN.
”Tica” é um disco de curta duração, mas de alta intensidade. Sua sonoridade é concisa, fundamentada no essencial, com arranjos de corda passeando em perfeita harmonia com as percussões de Kleber Moreira. Mistura ritmos nordestinos e ciganos, além de influências do folclore brasileiro e cantigas populares.
Sálvia branca é usada para defumar as coisas ruins
Os índios usavam a sálvia branca, considerada sagrada, para afastar os maus espíritos e as energias negativas, assim como para atrair a saúde, a prosperidade e a proteção. Como acreditam que cada planta possui uma centelha do espírito do criador, acreditam que a sálvia branca tem um “espírito” dedicado a atrair proteção, bênçãos e clareza mental. Em alguns rituais, atiravam um ramo de sálvia branca para o lume para purificar o próprio fogo.
A intenção do álbum é, portanto, defumar aquilo que é considerado ruim e mostrar apenas coisas novas, mas sem perder a sua essência.
Para entender o que estou dizendo, escute o disco, de apenas sete faixas, na íntegra, clicando neste link aqui.
Tudo começou na Cidade da Esperança
Em seu repertório, Tiquinha Rodrigues reúne músicas autorais, populares, manifestações dos mestres brincantes, das tradições e crendices do terreiro, além de tradições africanas e europeias. Mas vocês sabiam que ela é cria da Cidade da Esperança? Apesar de ter nascido na cidade de Macau, foi a Cidade da Esperança onde tudo começou.
Como ela disse em entrevista ao Brasil de Fato:
Eu e minha família morávamos no bairro da Cidade da Esperança. Éramos quatro irmãos. Em janeiro, lá pelos anos 1980, era férias e minha mãe disse que não queria ninguém em casa, que a gente arranjasse o que fazer. Aí tinha o Centro Social Urbano da Cidade da Esperança que oferecia cursos de férias, entre eles o de música. Então fomos todos nos matricular. Eu podia ter feito curso de costura, virado costureira, artesã, mas me matriculei no de música. Então no início a música veio como algo só para me ocupar, apesar da minha família ser muito musical, de meu pai sempre ter nos oferecido boa música. Mas como eu cheguei na música foi assim, dessa forma.
Neste matéria aqui, falamos da importância do bairro para a formação dos mais diversos músicos da cidade.
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