Em 2012, quando diziam que o mundo iria acabar, alguém tentou me explicar o calendário Maia. “Eles apontam que 2012 é o fim de um ciclo e começo de uma nova era. Isso não significa que isso será uma destruição, mas um recomeço”. Até a metade de 2015, eu vivia numa zona de conforto que me deixava confortável, mas nos últimos cinco anos eu tive que reaprender e me ressignificar com as mudanças”. 2020 foi um ano que tive, portanto, mais uma vez, me ressignificar.
Com Covid-19 ou não, seria um ano que teria que me reaprender, uma vez que voltaria aos estudos diários novamente, conciliaria com um trabalho, com o Brechando e dentre milhares de atividades. O Carnaval prometia que o ano de 2020 seria de emoções, porém mais emoções que imaginara. Meu corpo havia preparado para um recomeço, mas não me ensinara a mudar meu comportamento diante uma sociedade.
Eu lembro de quando comecei a quarentena e pensei: O que vai acontecer depois? E esse questionamento virou um motivo para me manter a ficar viva nestes tempos em casa.
Essa pergunta impregnou em mim por dias e, até mesmo, por meses, uma vez que não sabia o que fazer além de ficar em casa o tempo todo. Antigamente, quando algo me incomodava, eu rapidamente sairia de casa, mas este recurso não caberia mais, visto que há uma pandemia e qualquer deslize poderia ficar doente.
Sair de casa, por muito tempo, virou motivo de ter ataques de pânico, pois morria de medo de ficar doente. Ou contaminar alguém daqui de casa. Toda saída era bem pensada, calculada e nada de vacilos. Ficava doente de raiva quando via várias pessoas saindo a toa ou fazendo social desnecessária, visto que sacrifiquei a vinda de amigos e parceiros em nome da saúde.
Meu primeiro banho de mar após nove meses
A última vez que tomei banho de mar antes do Covid-19 foi quando brinquei no bloco dos Cão, na praia da Redinha. Foi a última vez que adentrei no mar, comi ginga com tapioca e tomei um banho de sol feliz, sem precisar me preocupar do meu cotidiano. Confesso que era estranho passar pela via costeira ou adentrar em Ponta Negra sem tomar banho de mar, embora tenha visitado hotel do BRA e, por conseguinte, fui direto para casa.
No dia 31 de dezembro, eu quis fazer isso, queria tomar banho de mar, mas não queria em lugares lotados e um momento que a praia fosse só minha. Era algo que faltava para me despedir deste ano tão maluco, mas tão importante para meu aprendizado pessoal. Por isso, sempre busquei coisas que ainda não fiz nesta vida para fazer em 2020.
Para tomar banho de mar não diferiu, uma vez que queria ir numa praia deserta que nunca tenha pisado ou ido com frequência.
Genipabu?
Por isso, eu resolvi pesquisar os lugares mais desertos e evitar praias com muita aglomeração. Como não sou Manu Gavassi, não pude, portanto, alugar uma ilha para mim e minha amigas. Então, descobri que Genipabu, mesmo sendo um ponto turístico, estava vazio e a aglomeração mesmo era nas dunas, onde os bugueiros se encontravam. E fui.
Realmente, a praia estava deserta. Não é a toa que virou cenário de novela das seis por ser tão bela quanto uma paisagem das praias caribenhas. Ainda mais eu pude estar perto do que gosto. Eu pude sentir que estava viva e com contato da natureza, uma das poucas vezes não olhei com medo ou se senti culpada por sair de casa.
Coloquei a mão no mar para benzer, como mamãe me ensinou, enfiei os pés e mergulhei na água gelada, que matou meu calor e a vontade de tomar banho de mar. Risos a cada caldo de banho e uma das poucas vezes que reclamei do contato com a areia.
Parecia que a minha energia renovou e uma recompensa para quem viveu o tempo quase todo em casa.
Espero que o sal que ficou na minha pele traga boas energias para o 2021 que apenas está começando. Agora, só segurar as pontas, a vacina está chegando.
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