Perambulando os releases que recebo da imprensa, o Dosol enviou para mim sobre o Cazasuja. Eu lembrei que tinha assistido de relance quando eles tocaram no Clã das Conhas, em Ponta Negra, abrindo para bandas grandes como Talma & Gadelha e Joseph Little Drop. Lembro que fiquei animada, depois que no meio da festa tive uma ansiedade após saber finalmente o gabarito de vagas residuais.
O que mais impressionou no show foi que ele tinha um público bem fiel e estava cantando todas as suas rimas. Otto, nome de batismo do Cazasuja, é um exemplo de quando o conteúdo é bom, a galera realmente vai atrás. Por isso, ele chamou atenção rapidamente do Anderson Foca e a galera do Dosol.
Recentemente, ele lançou o álbum “Dia de Preto” durante a pandemia, com o objetivo de manter a criatividade ainda está rolando. O trabalho faz parte do projeto Incubadora, que conta com outros artistas potiguares e ajudou a impulsionar muitos artistas que estão na ativa, como Luaz e Talma&Gadelha.
Hora de resenhar o disco e analisar mais uma produção potiguar.
Como a produtora o descreve
O Anderson Foca descreve o jovem Casasuja, como:
Otto, nome por trás do rapper Cazasuja é menino doce de fala mansa. Mas pra gritar seus direitos e botar pra fora sua juventude ele sabe ser brabo. E como sabe. 24 anos na cara, preto, vindo da Zona Oeste de Natal, bairro de Nazaré, Cazasuja parte pro seu álbum de afirmação na cena potiguar. “Demorei para te responder, estava sem internet esses dias”, diz num dos nossos papos, é só uma das senhas pra gente descobrir o tamanho da dificuldade que é produzir algo para um artista periférico. Uma aula de cidadania? Sim. Um chute na cara da realidade? Com certeza. É foi assim que Dia de Preto foi se costurando por quase um ano até chegar nas plataformas digitais e youtube.
Repercussão na internet
Em pouco tempo de lançamento, ele jpa tem centena de likes e vários comentários elogiando o trabalho, que está disponível no Spotify e You Tube, no qual é perceptível que são 30 minutos de um diário falando de seu cotidiano como natalense morador em um dos bairros mais pobres da zona Oeste.
O que finalmente achei do álbum
O disco é produzido por Gabriel Souto, da banda Dusouto. Além disso, é composto por 8 faixas e mostra que o rapper de Natal é bom e que Baco Exu do Blues não é o único representante do estilo no Nordeste. Após uma introdução com uma pegada soul, a música que abre o disco é “Quebra de Elo” é um desabafo sobre a competição de se dá bem numa cidade e principalmente em um ambiente que a playboyzada domina tudo, inclusive na área musical.
A quarta faixa achei genial já pelo título, “O Show de Trueman”, uma alusão ao filme “O Show de Truman”, estrelado por Jim Carrey. É uma resposta muita gente que ainda não conseguiu furar a bolha social e precisa ouvir a verdade daqueles que estão presenciando os problemas sociais todos os santos dias.
O beat lembra muito as canções de P.Diddy e do NWA, que ficaram mais famosas no final dos 90. Mostrando que dá para misturar o atual com o antigo.
Por falar em bolhas sociais, as rimas sempre são uma referência a viver no meio onde é escondido pelos grandes prédios e praias, no qual o caminho sempre é o mais complicado e cheio de obstáculos. Entretanto, o final sempre mostra que cada conquista é uma vitória.
Se você gosta de furar as suas bolhas sociais, escute Cazasuja.
Confira o álbum completo a seguir:
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