Recentemente postamos uma curiosidade em que um filme nacional na década de 50 era considerado pornográfico. Mal sabia os censores que 30 anos depois uma produção com sexo explícito aparecia nos cinemas. Estou falando da produção do ítalo-brasileiro Raffaele Rossi, intitulada de Coisas Eróticas. Rompeu a linha tênue da pornochanchada e a pornografia.
Na década de 70, as produções brasileiras eram conhecidas por pornochanchadas, comédias onde tinham conteúdo erótico, no qual nudez e cenas de sexo sem sentido eram bastantes intensas, além de contar com atores de novelas. Nos anos 80, contudo, a coisa realmente ficou mais ousada, principalmente na região da Boca do Lixo.
Império dos Sentidos e o pornô nas grandes salas de cinema
Na década de 70, um filme japonês chamado “Império dos Sentidos” chamou atenção por exibir cenas de sexo explícito. Ao assistir o filme, o Raffaele Rossi resolveu fazer portanto uma produção similar nas terras tupiniquins. Raffaele tinha fama de mau pagador, a Censura estava em vigor e ele corria o risco de ir parar na cadeia. Levou duas semanas para rodar e mais de um ano para liberar.
O filme ficou pronto pouco antes de o presidente João Baptista Figueiredo discursar que “a obscenidade e a pornografia se infiltraram por toda parte”. Ou seja, deu tempo de fugir da censura.
Era Ditadura ainda: como burlou a censura?
A obra é composta por três histórias independentes. Mas é o episódio do meio, no entanto, que apresenta as cenas mais fortes. Com sexo grupal e sadomasoquismo. Tanto que o Departamento da Censura determinava seu corte integral. Mas, o diretor achou uma brecha. Os censores haviam ordenado o “corte integral do segundo quadro”, em vez de escreverem história, capítulo ou episódio. E com isso ele mandou tirar apenas o segundo fotograma do filme.
Quando o governo se deu conta de que havia sido enganado supreendemente, 15 dias depois, 60 mil pessoas tinham visto o longa. O escândalo levou a Polícia Federal a correr o país recolhendo cópias. Só voltaria aos cinemas dois meses depois, com um mandado de segurança por conseguinte.
O filme Coisas Eróticas entrou em cartaz em Natal
Inicialmente, o filme entrou em julho nos cinemas de São Paulo, lotando diversas salas de cinemas da cidade. O sucesso foi tão grande, que outras cidades por conseguinte começassem a exibir a obra pornográfica. Em Natal, ela chegou ainda no ano de 1982 e foi frequentemente reprisada nas salas durante a década de 80.
Pesquisando os antigos jornais da capital do Rio Grande do Norte, quase todos os cinemas exibiram o filme, inclusive nas sessões de matinê, pelas manhãs. No entanto, não houve alguma matéria que comentasse sobre o assunto ou algum colunista ter relatado se assistiu ou não. Era como fosse um filme da Brasileirinhas fosse, portanto, exibido no Cinemark e surpreendentemente ninguém falou nada .
Inicialmente, ele entrou em cartaz no cinema Nordeste, enquanto os outros estabelecimentos também estavam exibindo um outro filme, também considerado decerto pornográfico, o Emanuelle.
Depois do Nordeste, o filme foi exibido no Rex, que ficava na Avenida Rio Branco. E em seguida no Panorama, que ficaria conhecido por exibir obras pornográficas em anos posteriores.
O filme teve sequência
Dois anos depois, o Raffaele Rossi lançou a sequência do Coisas Eróticas. Causou tão rebuliço quanto o primeiro e continuou sendo exibido em grandes redes de cinema. Além de Natal, o Cine Rio Branco exibiu a obra, em Caicó. Veja a programação do cinema a seguir:
Até hoje, a obra está no top 20 dos filmes mais visto no cinema nacional e estimulou a produção pornográfica na Boca do Lixo e posteriormente veio outras produtoras. Um exemplo foi Brasileirinhas, famoso nos anos 2000 por produzir os filmes do atual deputado federal Alexandre Frota.
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