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Por que o apelido “Galega do Alecrim”?

Galega do Alecrim

Muita gente ouviu a expressão Galega do Alecrim para se referir de uma forma nada boa ao Agripino Maia, que já foi prefeito, governador e senador. A última eleição geral em 2018 tentou ser deputado federal, mas ficou na suplência. Muitos o consideram filhote da ditadura militar, visto que ele foi o prefeito biônico de…

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Muita gente ouviu a expressão Galega do Alecrim para se referir de uma forma nada boa ao Agripino Maia, que já foi prefeito, governador e senador. A última eleição geral em 2018 tentou ser deputado federal, mas ficou na suplência. Muitos o consideram filhote da ditadura militar, visto que ele foi o prefeito biônico de Natal, no qual o cargo do Chefe do Executivo Municipal era nomeado pelo Governo Federal na década de 70, período esse que era a Ditadura Militar. Foi ali que surgiu o apelido bem jocoso e hoje é marca de cerveja.

Primeiramente, você nunca vai conseguir pesquisar o motivo, nenhum blog de política, de esquerda ou direita, vai falar do assunto. Mas, se você perguntar a sua avó quem foi Agripino Maia, principalmente se ela for simpatizante de Aluízio Alves, vai responder: “A Galega do Alecrim”.  E, por muito, tempo tive a curiosidade de saber o porquê, já que é super normal no Rio Grande do Norte dá apelido para políticos, ver montagens na internet e dentre outras coisas.

Muitas vezes esses apelidos se popularizaram principalmente na mídia, só olhar a página Desciclopédia que você verá alguns.

Achei uma pesquisa de mestrado do geógrafo Josué Alencar Bezerra, da Universidade Fque fala um pouco sobre o bairro da zona Oeste de Natal e tem um trecho explicando sobre o assunto.

Primeiro vamos falar de história

Quando os americanos vieram à Natal na Segunda Guerra Mundial não foi só Cidade Alta e Ribeira que prosperaram. A implantação da Base Naval, na rua Silvio Pélico, em 1941, obra
construída pelo governo brasileiro com auxílio do governo dos Estados Unidos e instalada na mesma área onde se encontrava a Escola de Aprendizes de Marinheiros.

A Base Naval foi alojada na direção Sul das margens do estuário do Potengi/Jundiaí, era uma das três construídas na cidade, juntamente com a do Exército e da Aeronáutica, para dar suporte principalmente aos estadunidenses que se instalaram na cidade durante o período da Segunda Guerra. Por isso, nesta época, surgiu as primeiras Vilas Navais.

Ao todo são quase 200 casas construídas em parceria Brasil e EUA, além dos clubes da Marinha.

Pós-Guerra e a popularização do Alecrim

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o Alecrim se tornou um bairro extremamente popular, os estudos de Josué Alencar Bezerra apontam que mais de 50% dos natalenses viviam no bairro.

A população existente em Natal, neste período, correspondia a quase o dobro (88,2%) do período que antecedeu a guerra (54.836 habitantes) . Mostrando um crescimento de quase 9% ao ano e uma cidade dotada de novos equipamentos e serviços urbanos expressivos em Natal.

A população do Alecrim só começou a reduzir na década de 70 e 80, com a chegada dos conjuntos habitacionais.

Relação dos prefeitos com o Alecrim

De acordo com o pesquisador, o Alecrim recebeu as primeiras ações públicas após 14 anos de sua fundação, quando Omar O’grady veio a calçar a primeira rua do bairro, que seria a rua José Bernardo, no Baldo. Esta obra chegou até o cemitério e impulsionou, de certa forma, a construção de mais algumas casas naquela área.

Na gestão de Gentil Ferreira de Sousa, o prefeito continuou o calçamento de paralelepípedo das ruas Fonseca e Silva e Amaro Barreto.

Após pouquíssimos investimentos no bairro, no período que José Augusto Varela governou a cidade, o prefeito mandou calçar a rua Silvio Pélico para facilitar o
acesso à Base Naval de Natal, parte das avenidas Presidente Sarmento e Presidente Quaresma, a praça da Feira do Alecrim e parte da avenida Coronel Estevam.

Na gestão do prefeito Djalma Maranhão, as ruas Machado de Assis e Agostinho Leitão, parte da avenida Presidente Bandeira e uma área próxima ao então Mercado do Alecrim foram também calçadas.

Agripino e o Alecrim

O pesquisador chegou a entrevistar alguns moradores do bairro e muitos vangloriavam o Agripino Maia, uma vez as travessas tiveram atenção do poder público.

Todas estas vias localizadas entre a avenida Coronel Estevam e a rua Amaro Barreto foram atendidas. Durante sua estada na prefeitura, parte da rua Leão Veloso, dos Caicós, a João Carlos, a Álvaro Navarro e a Vila Chagas foram pavimentadas

As ruas do Alecrim foram traçadas em forma de xadrez, obedecendo ao sentido Norte-Sul a partir da avenida Presidente Quaresma.

Foi nesse período que ele foi chamado de Galego do Alecrim, por causa do cabelo aloirado e por ter feito muitas ações no bairro. No entanto, questionando sua sexualidade, alguns opositores começaram a chamar de “Galega do Alecrim” e a distorção do apelido pegou pelos opositores do político.

Galega do Alecrim é nome de cerveja

A Cervejaria Raffe é uma empresa de cerveja artesanal, no qual uma de suas marcas se chama “Galega do Alecrim”. De acordo com a descrição no site: “Uma Cream Ale para aplacar a sede e o calor. Cerveja leve e clara, com um perfil neutro e refrescante devido a sua fermentação em temperaturas mais baixas. Essa cerveja é boa em todos os momentos, um coringa, se encaixa em qualquer ocasião, uma homenagem ao bairro mais versátil de Natal”.

A cerveja tem 4% de álcool e é um dos produtos mais populares da empresa.

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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