Você pode não ter gostado do Mada desse ano, mas uma coisa tem que concordar: este foi o ano mais político do festival. Quase todas as bandas utilizaram o palco para criticar a atual gestão federal e também cobrou medidas em relação à educação, Floresta Amazônia e também a falta de políticas públicas aos negros e LGBTs. Alguns chegavam a aplaudir o ato, outros ficavam putos e viravam as costas pelo o que diziam. Mas, é possível misturar política com música?
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O Brechando entrevistou alguns artistas do festival desse ano e comentaram que é sim possível utilizar as canções como arma para liberar o pensamento crítico. Dentre os destaques está a banda Bainasystem que durante todo o show criticou a especulação imobiliária nas capitais nordestina, a falta de demarcação de terras, os problemas ambientais e dentre outras questões. Em uma rápida entrevista, perguntamos ao Russo Passapusso, líder do grupo que mistura guitarra baiana com música eletrônica, se é possível fazer música em pleno 2019, no qual prontamente respondeu: “Aí que dá para fazer música, oxe. Pode ter certeza, nesse ano que as coisas estão caóticas tem que fazer mais música para criticar o que está acontecendo”.
A cantora potiguar Bex esteve pela primeira vez no Mada e contou que as coisas que estão acontecendo no Brasil precisam ser ditas a partir de todas as manifestações artísticas.
“Assim como qualquer outra forma de expressão artística, esse momento é essencial para mostrar o que está acontecendo. Acho que uma das coisas que impulsiona fazer arte ou fala o que pensa mesmo ou você quer mandar uma mensagem. As pessoas estão se sentindo confortáveis para falar, ligar o foda-se para que os outros vão achar e em toda a história vejo a arte como instrumento de resistência . Eu consigo ver as pessoas crescerem e as palavras sendo transmitidas, tabus sendo quebrados em perfomances e outras ações”, comentou.
Já para a cantora paulista Mc Tha este é o momento ideal para lutar os seus ideais. “A arte sobrevive enquanto tem esperança. Está acontecendo muita coisa negativa, porém não perdemos o foco. O importante não é apenas lutar, mas também compartilhar coisas boas e simples. Como por exemplo um amigo que ganhou um empregou ou entrou na faculdade. São as pequenas forças que faz com que a gente consiga a continuar lutando e produzindo arte. A gente precisa se fortalecer para que podemos ajudar os nossos amigos”.
Já a cantora Luedji Luna é possível lutar pelos seus ideais e ainda se manter firme na luta contra os preconceitos. “Ser mulher negra é minha condição e sou descedente de mulheres guerreiras, logo a mulher negra sempre esteve longe da visão fragilizada. A gente nunca esteve lugar de dama, protegida e sempre fomos ligadas pela força, conquista e quebra de barreiras. Herdamos tecnologias ancestrais que nos permite que a gente faz a respeito de qualquer opressão. Para mim é uma condição. Tenho condições de seguir plena”, disse.
A cantora ainda complementa que o país está nessa situação é devido ao fato da gente nunca ter resolvido o nosso problema de identidade. ”
Já a cantora Kaya Conky, que dividiu o palco com a Potyguara Bardo, disse que o importante é ignorar a existência dos preconceituosos e seguir em frente com as nossas convicções. “A gente tem que mostrar que somos muito mais fortes daqueles que estão no poder e ignorar a sua existência, que deixa o país atrasado. Ser resistência é mostrar que a gente é muito mais forte que esses preconceitos e vamos sobreviver esses quatro anos”.
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