Na última sexta-feira (22), militantes da causa negra e alguns sindicatos ficaram em frente ao hipermercado Extra, no Midway Mall, para criticar o racismo e também contra o caso de Pedro Gonzaga, jovem negro, com 19 anos, que foi morto após uma agressão ao segurança da rede em uma unidade na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Os militantes pediram melhor investigação e que a empresa que pertence ao grupo Pão de Açúcar também seja punida pelo fato. O Brechando acompanhou o protesto de perto e perguntamos: “Por que a carne mais barata do mercado é a carne negra?”, em alusão à uma música composta por Seu Jorge, que questiona o aumento dos assassinatos aos negros em comparação aos brancos.
A canção foi composta nos anos 90, quando ainda era integrante do Farofa Carioca.
Confira as respostas a seguir:
“Assim como toda a juventude que tem o direito à vida na Constituição Federal, os jovens negros também deveriam ter esse direito, mas não é o que está acontecendo. Infelizmente temos uma dívida histórica, visto que foram os negros que ajudaram a construir este país através de monumentos, estradas, plantações e dentre outras estruturas que ajudaram a desenvolver o país durante a escravidão. “.
Heberth Goulart
“Se a gente analisar a história do Brasil, a mesma está entrelaçada com a chegada dos negros quando foram feitos de escravos e foram eles que usaram a força braçal para a construção de estruturas que hoje formam o nosso país. Ainda temos que considerar que o povo negro tem uma vida igual como qualquer outra pessoa com traços europeus tem que ser respeitado.”.
Gileno Saldanha
“Não somos inferiores, mas infelizmente os empresários e o estados nos roubam a vida, nos assassinando e privando de acessos aos cuidados mais básicos, de políticas públicas e inclusive na Reforma da Previdência que está perto de ser votada na Câmara dos Deputados. Infelizmente a gente precisa gritar para dizer que a nossa vida importa e enxerguem que ninguém precisa morrer como Pedro morreu. As pessoas não entendem isso e por isso o nosso grito.”.
Adonyara Azevedo
“Somos pessoas como qualquer outra e merecemos viver, não é isso que está acontecendo e a sociedade está nos matando aos poucos. Sinto o racismo todos os dias, não precisam me xingar ou maltratar de forma escancarada, geralmente de forma discreta. Inclusive quando estava caminhando para o protesto e cortei o caminho no shopping, onde via pessoas me olhando torto e me analisando de cima para baixo. Muitas vezes me sinto acuada e sem saber o que fazer neses momentos. “.
Kaly Lopes
“As vidas negras importam porque somos maltratados desde que fomos tratados como escravos na época da colonização, nos tratando feito bichos e nos colocando em lugares bastante marginalizados. Por isso, carregamos os piores postos de trabalhos, os maiores índices de mortes e a gente quer mostrar que somos resistência, estamos cada vez mais fortes e vamos lutar contra o racismo.”.
Giovanna do Quilombo Roça e Classe
“Estou cansada de ser a chacota da sociedade, o povo negro está sendo usado e estereotipado, nós temos os piores salários e isso pesa ainda mais para a mulher negra, que o salário é mais baixo ainda e a saúde é precária. A gente quer gritar para ver a importância que temos na sociedade, pois somos a alavanca do desenvolvimento do país.”.
Adriane Fernandes
E, agora, racismo ainda é vitimismo para você ?
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