Vocês achavam que o Brechando não iria brechar o Mada (também conhecido como Música Alimento da Alma) deste ano? Está bastante enganado. A edição deste ano foi considerada uma das melhores que já tiveram, principalmente pelos duetos surpresas e incríveis e militância, principalmente contra a gestão de Michel Temer e medidas políticas consideradas retrógradas, como a cura gay. Achei uma injustiça focarem em Karol Conká e Pitty e esquecer do Baiana, uma das maravilhas do Nordeste atual.
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Agora sabemos diferenciar quem faz show e quem sabe fazer um show.
Na foto acima está a banda Baiana System e posso finalmente dizer que os caras são muito bons, letras bastante inteligentes sobre o cotidiano e uma batida que mistura rock, eletrônico, reggae e música africana. Uma mistura que ficou tão boa quanto aquela que Chico Science e Nação Zumbi lançou na década de 90 e conseguiu mostrar que o Nordeste não é apenas xote e forró, podemos criar um som original, misturando diversos ritmos.
O grupo surgiu em 2009, mas somente no ano passado ganhou visibilidade internacional com a faixa “Playsom”, que faz parte da trilha sonora do jogo Fifa 2016.
Com a morte de Science, alguns críticos especializados em música diziam que nunca ouviriam um som tão criativo novamente. Pelo contrário, Isto estimulou cada vez mais que os nordestinos criassem músicas de excelente qualidade.
As máscaras, uma das principais identidades visuais do Baiana, distribuídas gratuitamente, foram bastante disputadas pela plateia.
Se você nunca ouviu falar dela alguma vez da vida, provavelmente escutará no futuro, visto que é considerada uma das bandas mais promissoras que surgiu na década de 2010. Neste ano, eles ficaram conhecidos no Carnaval de Salvador, principalmente por criticar o Temer.
O grupo fez um dos shows mais eletrizantes do Festival Mada deste ano, no qual apresentou uma energia muito boa e conseguiu interagir com o público inteiro, no qual a última vez que tinha visto isto no festival foi com o show de Móveis Coloniais de Acaju em 2007.
Sim, era impossível não dançar, participar da roda ou ficar pulando enquanto eles tocavam suas músicas ou ficar impressionado com a ligação entre as animações produzidas no telão montado sobre o palco enquanto o som rolava. Encaixando a letra, melodia e imagem em um mesmo espaço.
Deu muita vontade de ir ao Carnaval de Salvador, figurinhas carimbadas, por sinal, só para ouvir este som.
Conforme falamos anteriormente, o Mada deste ano definiu aqueles que fazem show e sabem fazer um show, uma vez que uma apresentação musical não é apenas tocar suas músicas e falar com a plateia esporadicamente. É atitude, mostrar os seus pontos de vista (mesmo podendo ser diferente da sua), criar versões diferentes das músicas ou mostrar algo inusitado. Precisa chamar atenção da plateia, de uma forma ou de outra.
Você pode não escutar cotidianamente Pitty, mas vendo o show dela pode mostrar que ela tem uma presença de palco, sabe interagir com a plateia com uma apresentação de quase duas horas e mesmo tocado as músicas mais famosas do seu repertório, conseguiu surpreender com um incrível dueto com Karol Conká e o Baiana System.
Por falar em Karol Conká, ela voltou para Natal após um ano, mesmo fazendo uma apresentação parecida do ano anterior, conseguiu soltar uma mensagem criticando a cura gay e sobre as desigualdades entre homens e mulheres na sociedade brasileira.
E o beijaço do Plutão Já Foi Planeta no primeiro dia do festival para criticar as medidas de retrocesso sobre o LGBT? Os meninos da terra chamaram tanta atenção que a mídia especializada esqueceu de falar do Nando Reis, a principal atração do primeiro dia. Espero que Plutão façam algo similar no Lollapalooza em março do ano que vem.
Esta foi a minha observação sobre o Mada deste ano, que venha 2018.
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