O shopping é um prédio onde tem milhares de lojas e serviços. Geralmente, a gente paga tudo por lá, desde comer até assistir um filme. Pelo menos, na semana passada, houve algo diferente no Midway, bastante procurado pelos natalenses devido à sua localização. Lá no terceiro piso houve mais uma edição do Trinca Audiovisual, no qual é criado por produtores audiovisuais que querem exibir filmes feitos no Rio Grande do Norte em lugares inusitados.
Em dezembro, eles rodaram três cidades do interior do Rio Grande do Norte: Santa Cruz, Currais Novos e Caicó. Agora, eles colocaram em um shopping de Natal, mais precisamente no Espaço Cultural Mapa, instalado no terceiro piso.
“A gente poderia estar colocando os filmes da terra no Rio Grande do Norte em uma sala de cinema. Mas, a gente sabe que ainda é bastante difícil, pois precisa de muitos custos”, disse Dênia Cruz, uma das organizadoras do Trinca Audiovisual junto com Diana Coelho e Wallace Yuri. O discurso aconteceu no início da sessão das 19 horas (teve uma outra mais cedo, às 17 horas), no qual explicou o funcionamento do projeto e o que seria exibido.
Após a breve apresentação, começa as exibições. A primeira foi uma animação chamada “Half a Loaf!”, que foi dirigida por Fernando Telles e em seguida mais outra do mesmo tipo, chamada “Se essa rua, se essa rua”, de Paula Vanina.
Enquanto assistia cada vídeo, que durava uns dois minutos, era fácil escutar os sussurros dos frequentadores do shopping: “Sério que isto foi produzido no Rio Grande do Norte? Parece que foi feito em São Paulo”. Depois, veio o documentário chamado “Domerina”, que conta a história de uma famosa ilustre de Caicó e de como leva a vida sendo uma deficiente visual.
Aí chega a parte principal: os curta-metragens. O primeiro a ser exibido foi o “Sêo Inácio (ou o Cinema do Imaginário)”, produção que chegou a ser exibida pelo Festival de Gramado, maior evento de cinema do país, e bastante elogiada pela imprensa local e nacional. O jeito carismático do Seo Inácio rapidamente fez com que as pessoas chegassem a entrar no espaço cultural.
As pessoas estavam realmente interessadas em saber do idoso que é viciado em cinemas e livros, no qual também abordou diversos assuntos do cotidiano, como comportamento do ser humano, religião e amor. O furdunço era tão grande que tinha gente que optou em ficar de pé para assistir. Outros começaram a chegar bem de mansinho.
Neste encontro, um amigo meu resolveu entrar no espaço junto com uma amiga. Assim que me viu, ele sentou do meu lado e perguntou:
– O que as pessoas estão vendo?
Eu respondi:
– Uma mostra de curta-metragens que está acontecendo somente hoje aqui no shopping.
– Mas, fala sobre o quê?
– Veja, tá começando um outro agora. São vários filmes diferentes vindos do RN.
Aí veio o “O Menino e a Caixa Misteriosa”, no qual contava a história de um garoto de um vilarejo e sua relação com a televisão. Era normal ver muita gente entrando e saindo nas lojas com o olhar curioso e questionando: “O que as pessoas estão vendo?”.
Neste período, o amigo meu, que inicialmente estava desconfiado das produções locais, já começou a interagir com o filme e chegando a comentar sobre a atitude dos personagens em cena. “Dava um cacete naquele boy (risos). Que moleque danado esse do filme, chega dá raiva”.
Por fim, veio o “Ainda Não Lhe Fiz Uma Canção de Amor”, de Henrique Arruda, no qual conta a história de um casal chamado Greg e Alessandro. No fim, todo mundo ficou com aquela cara de manteiga derretida.
Após as exibições, as pessoas aplaudiram e começaram um bate-papo com os produtores locais.
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