O ano era 2014 quando o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) primeiramente forneceu um banquete de carne de jegue aos 120 convidados moradores de Apodi e redondezas. Sendo que os participantes não eram empresários e sim boa parte eram os presos da cadeia da cidade, que chamam de Centro de Detenção Provisória (CDP). Na época, a imprensa repercutiu bastante a polêmica. Ainda mais, os pratos servidos eram filé ao molho madeira, filé ao molho branco, escondidinho de carne e churrasco.
Quem teve essa ideia de jegue?
Os animais do almoço apreenderam nas rodovias do RN. A ideia foi do promotor da comarca de Apodi, Sílvio Brito. Ele explicou que destinar a carne de jumento para consumo humano pode ser a forma de tirar esses animais das rodovias.
“O jumento era um objeto de trabalho, mas tornou-se obsoleto com o uso de motos e tratores. É incalculável o número de animais abandonados por causa desse desinteresse e esses animais estão soltos nas rodovias causando acidentes”, afirmou o promotor de Justiça Sílvio Brito, em entrevista ao G1.
Na mesma entrevista, ele defendeu a ideia de que os jumentos apreendidos nas estradas do RN fossem ao abate e inclusos no cardápio da alimentação de detentos do sistema penitenciário do estado. Segundo a PRF, de 2012 até o dia 10 de março daquele ano apreenderam 3.354 animais nas estradas que cortam o RN – a maioria era jumentos.
E rolou a degustação
Todos os pratos servidos foram preparados pelo empresário Humberto Gurgel Pinto, dono do restaurante onde serviram o banquete. O chefe, no mesmo portal, disse que o preparo era igual da carne bovina, que também contou com a presença do secretário estadual de agricultura. Na época foram preparados 100 quilos de carne abatidos no abatedouro. A seguir, uma foto da galera comendo a iguaria.
Na época, o promotor queria apoiar o Eribaldo Nobre, fazendeiro da região. Na época, ele era membro da Associação dos Protetores dos Animais (APA) e resgatava os jegues em Apodi e terras vizinhas. Então, ele dava comida, água, vermífugo e ainda mais fornecia alimentos, no qual somavam 27 mil reais por mês em gastos. As penas pecuniárias do Ministério Público iriam direto para a APA.
Mas, com a superpopulação de jumentos, o MP resolveu propor uma ação: vender a carne. Para ajudar a desempacar a situação dos jegues, o promotor Brito sugeriu um almoço. Todos os pratos usaram como base a carne do animal, na tentativa de dar um destino aos que vagam sem dono. Quatro diretores de cadeia de Apodi e cidades vizinhas toparam na hora.
Eribaldo, todavia, recusou a ir ao banquete. Por isso, os jegues estavam em uma cidade vizinha e não da fazenda do membro da APA, que também resgata gatos e cachorros. O caso ganhou, portanto,repercussão nacional, inclusive na Revista Veja.
Três anos depois uma empresa da China mostrou interesse
Em 2017, a carne de jumento virou notícia novamente, uma vez que uma empresa potiguar solicitou ao Ministério da Agricultura a comercializar o produto para que possa ser exportar à China. Além disso, a venda poderia acontecer em outros estados brasileiros. Entretanto, protetores criticaram a ação, uma vez que o abate poderia intensificar a extinção do animal. Dados da ONG Defesa da Natureza e dos Animais em Mossoró mostraram a redução da quantidade destes equinos nos últimos 10 anos.
O assunto foi destaque no UOL.
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