Preta, pretinha é uma das músicas que mais gosto de ouvir, mamãe me fazia escutar aquela voz marcante e inesquecível, além das letras incrivelmente poéticas. Meu primeiro contato foi, primeiramente, uma coletânea dele em conjunto com Elba Ramalho.
Estava na minha primeira infância, usava ainda chupeta e adorava mexer nos cds e discos da minha mãe, que tem um gosto bastante eclético.
Era encantador ver os dois artistas. Mas Moraes era mais carismático, lá tinha no seu repertório o frevo, forró e samba, ainda sem deixar de mostrar um pouco de Nordeste com aquele sotaque carregado.
Carnaval e não escutasse Moraes Moreira seria um sacrilégio, uma vez que Chão da Praça e Chame Gente era a cara da folia de momo por muito tempo. Meus tios adoravam colocar o disco de Moraes Moreira com Trio de Dodô e Osmar.
Quando começa carnaval, eu escuto esse disco e adoro ficar cantarolando “Pombo Correio”, que foi inspiração para o tema da abertura de Jornal Hoje, da Globo.
Por falar em terras nordestinas, mostra um pouco do Nordeste e do Brasil. O Moraes Moreira será um eterno novo baiano e sua genialidade.
De Moraes eu conheci os Novos Baianos, uma das primeiras bandas nacionais que me fez pirar a cabeça misturando os estilos brasileiros com o rock. Agora entendo o porquê de João Gilberto abraçar toda aquela genialidade, conforme assisti no documentário “Os Filhos de João”.
Fico feliz de ter visto o show dele no carnaval de Natal e ouvir ao vivo Coisa Acesa e Preta, Pretinha. Além disso, eu pude curtir aquilo que sempre escutei perto de mim.
Moraes vai balançar o Chão da Praça em outro patamar, ele se encantou nesta segunda-feira (13) e o mundo vai ser mais besta, porque não viveremos se não há outro mundo.
Hoje o céu acabou chorare, porque eles vão receber um baiano que arrasa no violão, na poesia e na música. Seu jeito irreverente precisa de um descanso dessa vida louca. Receberá um grande abraço de João Gilberto. E, portanto, vai dar certo.
Descanse em paz!
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