O parque foi construído pelo governador Cortez Pereira, que buscava dotar a capital do Rio Grande do Norte de locais agradáveis para os turistas. O terreno era de propriedade pública e utilizado pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) até aquele momento. O bosque foi finalmente inaugurado em 1975, já no final do mandato de Cortez Pereira, e foi projetado pelo arquiteto Aírton Vasconcelos. Mas, vocês sabiam que ele tem um nome?
Oficialmente a estrutura é chamada Parque das Dunas Jornalista Luiz Maria Alves, que é uma homenagem ao ex-editor-chefe do Diário de Natal, considerado um dos maiores jornais do Rio Grande do Norte, que encerrou as suas atividades em 2012.
Luiz Maria Alves nasceu em 31 de maio de 1908 no Seringal Bom Futuro, localizado no município de Manicoré, no estado do Amazonas. Alves era filho de família rica, proprietária de seringais, remanescente da aristocracia da borracha no Pará, onde se deu sua formação. Com a queda da borracha devido ao investimento inglês, a família empobreceu e Luiz Maria Alves precisou procurar emprego.
Empregou-se num escritório, em Belém, e, depois, com 14 anos de idade, na firma telegráfica Western, onde pretendera ser estafeta mas, submetido a teste, foi contratado como praticante de telegrafia (1922), função que só mais tarde entenderia ser superior àquela. Prestou vestibulares para as faculdades de Agronomia e Odontologia, renunciando a ambas. Então começou a trabalhar na Western Telegraph Company, no qual foi transferido para Natal em 1939, onde inicialmente deveria permanecer por dois anos.
Em 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial, ingressaria nos Diários Associados, onde inicialmente iria traduzir textos em inglês oriundos da AP. Depois foi contratatado como repórter. Após treze anos atuando como repórter, ele foi convidado para assumir a diretorias do jornal.
Foi Luiz Maria quem primeiro implantou na região o sistema de impressão em off-set (junho, 1970), bem como, posteriormente, foi também pioneiro – dentre os jornais do Estado – na instalação de um setor de documentação (microfilmagem, indexação e preservação da memória estadual).
Foi durante a administração de Luiz Maria Alves, em 02 de novembro de 1958, que O POTI passa a circular somente aos domingos. O Diário de Natal por sua vez continuou circulando de segunda-feira ao sábado.
Uma mudança significativa acontece em 1967, quando o jornalista Dorian Jorge Freire, então chefe de redação, implantou a técnica de diagramação, uma inovação para a época. Do ponto de vista gráfico, o jornalista Luiz Maria Alves iniciou a década de 70 fazendo uma verdadeira revolução no Diário de Natal, com a introdução do sistema “Off-Set” de impressão, que na época era a
tecnologia mais avançada disponível no Brasil. A inauguração oficial do novo sistema de impressão ocorreu em 12 de junho de 1970, em uma solenidade no prédio da Avenida Deodoro da Fonseca, no qual o prédio hoje está abandonado.
Luiz Maria Alves deixou a direção do jornal em 1989, um ano após perder seu filho, o músico Edu Heavy, em um acidente de carro na Via Costeira.
À frente do Diário de Natal, Luiz Maria Alves é lembrado também pelas várias batalhas em prol da luta ambiental e defesa de temas que considerasse interessantes à sociedade. Ele “abriu” espaço no jornal para reportagens voltadas para temática ambiental, de forma inédita. Na época, temas políticos dominavam as capas de jornais e a temática ambiental ainda era secundária no Brasil, isso quando existente nas pautas de jornais.
Um exemplo foi a construção da Via Costeira, no qual a parte onde hoje estão as dunas poderiam virar estradas. Entre os anos de 1975 e 1979, as reportagens sobre obra da avenida foi levada à discussão junto à sociedade. O projeto inicial previa construções de unidades habitacionais no espaço que hoje é protegido pelo Parque das Dunas, algo que o jornal criticava bastante. Em 1995 (ano em que Luiz Maria Alves faleceu), através da Lei Ordinária 6.789 (14/07/1995), o Parque Estadual Dunas de Natal, recebeu o complemento de “Jornalista Luiz Maria Alves”
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