Seu nome é Belisária Lins Waderley, nascida no dia 13 de agosto de 1836, filha de Manuel Lins Wanderley e Maria Francisca da Trindade Wanderley. Ao casar com Felipe Néri de Carvalho e Silva, virou a Baronesa de Serra Branca, uma fazenda enorme, com gados, servidores, vaqueiros, cavalos-de-campo e uma terra bastante próspera. No entanto, eles resolveram abolir os escravos antes da Lei Áurea entrar em vigor, mais precisamente 8 anos, depois
Abolicionista convicto, Felipe Néri libertou os seus escravos e, posteriormente, d. Belisária, como era conhecida na cidade, banqueteou-os, ela própria servindo-os à mesa. Talvez por influência deste gesto de desprendimento e magnanimidade, o município do Açu, poucos anos depois, referendava aquela iniciativa, estendendo o benefício a todos os escravos ainda existentes em seu perímetro. Isto deu-se a 24 de junho de 1885, portanto ainda três anos antes do que determinaria a referida lei.
A história da abolição dos escravos de Serra Branca se transformou em filme em 2018, produzido pelos próprios artistas da cidade. O longa-metragem teve como protagonistas o mister da cidade e uma professora de música.
Segundo o produtor da obra “A baronesa de Serra Branca”, Paulo Sérgio de Sá Leitão, o barão Felipe Neri de Carvalho Silva e a baronesa Belisária Lins Wanderley marcaram a história do Rio Grande do Norte. Além disso, eles mesmo sendo donos de escravos, eles não tratavam diferente e sentiam culpados. As primeiras gravações da obra começaram em fevereiro de 2017, com cenários originais da época, como a atual Casa de Cultura de Assu, onde no passado foi a residência oficial dos barões e a Fazenda Serra Branca, que dá título ao filme e é localizada no município de São Rafael, também no Alto Oeste do estado.
O filme (foto acima do título) também relata os momentos de solidão da Baronesa, que após perder o seu único filho e o esposo, passa os últimos anos de vida sozinha em seu casarão, morrendo aos 95 anos.
A equipe técnica e atores do longa é composta por pessoas da região. A baronesa é interpretada por Josyanne Talita, de 27 anos, que é professora de música e teve nessa produção sua primeira experiência como atriz. “Foi uma responsabilidade muito grande que recebi. Mas todos tiveram paciência e foram no meu tempo, aí fiquei mais confiante a à vontade”, disse ela.
Já Alyson Santos, de 32 anos, é o atual mister de Assu e faz o papel do barão. A baronesa de Serra Branca conta ainda com a participação de poetas, seresteiros e grupos de capoeira e dança africana. O financiamento da obra foi através da própria equipe que compõe o filme e contribuição de parceiros.
Após a morte do velho Coronel Manuel Lins Wanderley (1878), pai da baronesa, o casal mudaram para um sobrado onde a abolicionista foi criada. Após a morte do Barão, ocorrida no dia 16 de julho de 1893, a Baronesa permaneceu residindo no suntuoso prédio até por volta de 1925, indo residir na capital potiguar. A Baronesa faleceu no dia 13 de abril de 1933, em Natal. Foi a última titular do Império, no Rio Grande do Norte. Os corpos do Barão e da Baronesa foram sepultados num mausoléu no cemitério São João Batista em Assú.
Depois o ‘Sobrado da Baronesa’ serviu de residência e consultório do renomado político e médico Dr. Ezequiel Epaminondas da Fonseca Filho. Na sala nobre, primeiro andar do sobrado, recebeu diversas autoridades, entre estas, o então Presidente da República Getúlio Vargas. Na oportunidade o mesmo oficializou o pedido da construção da Ponte sobre o rio Piranhas ou Assú. Por diversos anos o sobrado ficou desocupado, abandonado, em ruínas.
No dia 21 de julho de 2003, a casa foi transformada em Casa de Cultura, onde ocorre diversos eventos culturais na cidade.
O trailer pode ser conferido a seguir:
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