Eram duas garotas procurando aventuras e queriam passar um fim de semana diferente. A gente estava na mesma rodoviária, mas os destinos diferentes. Eu, voltando para Natal, e elas para cidade de Araripina, no interior de Pernambuco. Enquanto carregava apenas uma mochila, as duas estavam carregando um universo.
Estava na rodoviária de João Pessoa (PB), enquanto meu ônibus de volta para capital potiguar tinha atrasado e de repente apareceram três ônibus na mesma companhia em que comprei o bilhete, sendo que nenhum deles eram para Natal. Enquanto isso fiquei esperando, escutando música no celular e esperando o tempo passar.
Assim entra em cena as duas garotas no início do texto.
Eram duas bicicletas bem magrelas, com vários malabares no cesto, mochilas de vários tamanhos e usando roupas leves, aquelas que eu ou qualquer setor de humanas da Universidade Federal usaria. Lembro que duas mochilas eram gigantes, pareciam aquelas usadas em acampamentos ou mochilão para a Europa. Eram andarilhas, pelo visto, que usavam o ônibus para acelerar o seu destino, mas também estavam sedentas por mudanças.
Ou pode ser que elas estavam saindo para se mudar mesmo, mas a inquietude delas não paravam quietas e isto estava chamando atenção não só dos passageiros que iriam com elas, mas também dos funcionários da companhia rodoviária.
A funcionária reclamava o tempo todo das garotas que ficavam bisbilhotando a bagageiro toda hora e ajeitando as bicicletas. “Meninas, o motorista precisa sair da rodoviária. Por favor, colaborem”, dizia.
Enquanto colocava a última bagagem, eles perceberam algo esquisito e se mexendo em duas das mochilas das jovens. Então, a moça da companhia chamou a equipe para inspecionar e quando viu eram dois cachorros.
As duas rapidamente pegaram as mochilas agora abertas e correram com os animais para dentro do ônibus, causando um pequeno tumulto. Então a moça prontamente disse: “Meninas, vocês estão malucas? Vocês podiam matar os cachorros assim. E não pode viajar dentro do ônibus, a não ser que os passageiros queiram”.
O motorista mais ríspido estavam expulsando as garotas pelo fato de levar os animais escondidos. Depois, os animais foram soltos e andaram em volta do ônibus, eram obedientes às suas tutoras e não faziam tanta se estripulias.
Após uma rápida reunião, os passageiros recusaram e elas tinham a opção de comprar uma caixinha de última hora, mas também não daria certo. Além disso, os vira-latas teriam que ter um laudo veterinário para liberar a viagem.
As inúmeras bagagens que elas portavam rapidamente foram retiradas e jogadas no meio do portão de embarque. Enquanto isso, os cachorros deitavam sobre as malas.
Enquanto isso os cachorrinhos viraram a sensação do portão de embarque e muitos queriam saber o porquê das garotas terem embarcados com os cães escondidos. Infelizmente não tínhamos a respostas, apenas queríamos saber se aquela novela diante dos nossos olhos teria um desfecho.
“Embora elas tenham boas as intenções, era uma loucura de colocar os cachorros na mochila”
“Essas meninas deveriam ser presas”
“A galera deveria liberar as meninas de viajar com os cachorrinhos”
“Que bonitinho esses cachorros”
O meu ônibus chegou e a noite caiu, hora de embarcar. Na janela eu via o ônibus de Araripina saindo de longe e as garotas e os cachorros sentados e esperando o que fazer para viajar para Pernambuco.
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