Bom dia! Olá, 25 anos. Estamos aqui completando o nosso primeiro mês juntos, aproveitando enquanto o 30 anos ainda está na fila me esperando. Agora tenho 1/4 de século, 9125 dias e alguns meses que estou com preguiça de calcular. Falaram para mim, hoje, que ainda não cheguei na fase do chefão no videogame da vida. Poxa, isto é mais demorado que os episódios para acabar com o Freeza em Dragon Ball Z.
Não acho que fiquei mais velha, apenas estou mais louca e minhas costas doem de tanto ficar sentada. Mainha acha que entrei na adolescência tardia com meu cabelo rosa e novas tatuagens. Porém, eu estou bem e me olho no espelho, apesar dos quilos a mais e do meu bigode chinês está mais enfático, eu gosto do que vejo, me aceito mais do que aquela menina de 14 anos, apesar de ainda querer ser uma mosquinha para saber o que os outros pensam de mim.
Mas, melhor não, pelo bem da minha saúde mental, que está melhorando aos poucos.
O meu metabolismo, todavia, está podre. Não consigo mais comer uma brotinho de chocolate do Pizza Hut.
No quesito saúde, querido 25 anos, eu estou melhor, graças às duas vezes na semana que pratico Pole Dance. Agora posso subir as temíveis ladeiras da praia de Ponta Negra sem pedir carona de uma caçamba de Hilux, veículo oficial da elite e gente exibida de Natal. Por sinal, aquela ideia do teleférico para Ponta Negra, que o Miguel Mossoró enfatizava nas suas propostas eleitorais malucas para prefeito não seria uma má ideia hoje.
Por falar em política. Sim, eu ainda me envolvo em debates políticos no Instagram/Facebook/Twitter e na família, principalmente, com meus pais e tios. Parece que eles têm aquele imã para atrair este assunto. Parece que na mente deles toca aquela lambadinha comum das campanhas do interior 24 horas por dia.
Ah, o meu pai? Sim, ele desistiu de viajar para o interior apenas para votar, porém ele segue votando na mesma linha de políticos, mesmo tentando desconstruir e dialogar sobre o assunto. Mas, eu entendo. O mesmo representa uma parte das pessoas que estão bastante desesperadas em saber em quem votar, eles vão eleger a pessoa que teve menos escândalo na mídia, enquanto os seus processos judiciais estão na surdina.
Essa dicotomia que o país está passando me deixa cada vez mais assustada. Cresci ouvindo nas aulas de história que o totalitarismo, nazismo e o fascismo nunca mais iria acontecer novamente. Mas, ao invés de um füher, temos uma Câmara Federal apoiando projetos que estimulam a exploração desmedida de biomas naturais, reduzindo os direitos trabalhistas e perseguindo minorias (LGBT, mulheres e negros…).
Além disso, cresceu um ódio bizarro contra as pessoas pelo fato das mesmas representarem um determinado grupo que foi beneficiado pelo poder público nos últimos anos. Ai, meu querido 25 anos, estou vendo que a lei é utilizada para não fazer justiça. Os defensores do povo estão pessimistas e distantes. Agora não sei mais o que fazer, a não ser lutar com palavras e atitudes políticas.
Essas mudanças e a nova primavera mostram que não estou só, muitos estão sentindo essas dores que pairam sobre mim. As angústias estão sendo expostas na arte, no audiovisual, música e no jornalismo. Vejo que estou no caminho certo, apesar de que reconheço os meus privilégios.
Isso, contudo, não é motivo para não querer igualdade de direitos e questionar o porquê do salário de juiz custar o mesmo preço de uma mansão no bairro de Capim Macio.
Só tenho 25 anos de sangue e de América do Sul. Ainda estou em construção, sempre passando por grandes mudanças. Os artistas que me simbolizavam aos 14 anos, estão distantes. Perdi amigos por mau caratismo deles. Ganhei novos. Estou próxima de gente que conheço apenas há meses e afastada de outros que cresceram comigo. Quem casaria, eu não casei. O que queria trabalhar quando entrei na faculdade, virou apenas um hobby.
Apesar das alterações constantes que esses 25 anos me provocaram, ainda quero enfrentar e mergulhar nos mares mais profundos, querendo saber de tudo. Que venha o segundo mês!
Deixe um comentário