Nota do blog:
Hoje é o dia de combate a homofobia e deparamos com um texto maravilhoso que reproduziremos na íntegra.
Andressa Vieira é jornalista e ela é quase mil e uma utilidades. É especialista em cinema, criou um grande blog de jornalismo cultural chamado O Chaplin (onde trabalhei no blog por um grande tempo), atua numa assessoria de imprensa e ainda tem tempo de fazer uma faculdade de Direito. Mesmo sendo comum gente de Comunicação Social pertencer ao LGBT, ela ainda enfrenta a homofobia diária e como ainda é difícil sair do armário.
O Brechando quer parabenizar a Andressa pela coragem em um momento que as pessoas precisam dizer do que se apaixonam fora do padrão estabelecido.
Por um mundo que as pessoas não precisam de armário para dizer que ama alguém.
17 de maio. O que esse dia representa para você? Para alguns, significa postar fotos com seus respectivos amores; para outros, compartilhar uma arte de apoio a uma causa; para a maioria, nada; para mim, significa sorrir.
Há exatamente 10 anos minha orientação sexual começava a ficar clara para mim, e eu nunca fiz questão de priorizá-la e publicizá-la na minha vida, afinal esse é o aspecto mais pessoal e privado dela. No entanto, de lá para cá, eu já convivi com o choro e o julgamento de pessoas importantes para mim; com o medo de ser exposta e não ser aceita; com os maliciosos comentários familiares; com a perseguição escolar; com as associações estereotipadas.
Felizmente, o tempo passa e muita coisa muda. O nosso contexto muda conosco – e que bom que muda. 17 de maio é dia de lembrar e agradecer.
Agradecer pelo esforço de uma família arraigada de valores conservadores em entender, aceitar e naturalizar uma filha gay; agradecer pelos trabalhos, chefes e colegas que nunca me deram razão para sentir-me discriminada; agradecer pelos amigos, que jamais se afastaram; agradecer às parceiras que já tive e que sempre seguraram, em todos os sentidos, a minha mão, com todo simbolismo que isso significa para quem é minoria; agradecer a mim, que hoje escrevo com emoção essa postagem, não como forma de autoexposição, mas sobretudo de demonstração de força, união e representatividade. E para que todos saibamos que é possível ser normal.
Mesmo que não sejamos comuns – e Deus me livre de sê-lo!
17 de maio é também dia de pedir. Rogar por um mundo mais tolerante e para que mais pessoas sejam menos julgadas e mais aceitas. Para que a vida de tantos seja encarada com normalidade e para que a sorte que tive de ter em minha história pessoas com vontade e mente aberta à mudança possa ser estendida a tantos outros jovens, homens e mulheres gays do mundo.
Que nunca mais precisemos nos esconder, nos negar e desejar ser diferentes. Que sejamos livres para existir sem remendos. Porque estamos bem, obrigada, como somos e queremos ser.
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