Brechando/Sem categoria / Por que o dono da Dolly Guaraná foi preso?

Por que o dono da Dolly Guaraná foi preso?

A internet viralizou pelo fato que o dono da fábrica do guaraná Dolly, mas não sabe exatamente o motivo. Houveram várias piadas pelo fato do Laerte Codonho, quando foi conduzido pela delegacia ter levado um cartaz escrito: “Preso pela Coca-Cola”. Afinal, qual é o motivo do empresário ter sido preso? Após várias pesquisas na internet,…

Compartilhe:

A internet viralizou pelo fato que o dono da fábrica do guaraná Dolly, mas não sabe exatamente o motivo. Houveram várias piadas pelo fato do Laerte Codonho, quando foi conduzido pela delegacia ter levado um cartaz escrito: “Preso pela Coca-Cola”. Afinal, qual é o motivo do empresário ter sido preso? Após várias pesquisas na internet, achamos o motivo e vamos falar um pouco desta história a seguir.

A Dolly (não confundir com a Dore de Natal) foi fundada na cidade paulista de Diadema, que fica na Grande São Paulo. Inicialmente vendia apenas refrigerante diet, se tornando a primeira marca brasileira a produzir refrigerante deste tipo, no qual rolou uma grande briga com o Ministério da Agricultura para distribuir o produto, uma vez que era proibida a venda deste produto. Porém, ela só ficou famosa no final da década de 90, a partir das propagandas na Rede TV e seu jingle grudento.

Inicialmente, as propagandas eram bonitinhas e felizes, como essa daqui:

Depois veio o famoso Dollynho, boneco produzido em 3D, que é um boneco em forma de garrafa pet verde e meio amassada, que falava com voz de criança e fazia apresentações em escolas. O personagem foi satirizado e passou a ser usado em memes de páginas criadas por usuáros do Facebook:

https://www.youtube.com/watch?v=GfPvqPJCfxc

Após a consolidação do Diet Dolly como o pioneiro no mercado nacional de refrigerantes, em 1994, Laerte Codonho, o presidente da Dolly, iniciou sua segunda fase. Desta vez, ampliou sua linha também para os refrigerantes adoçados com açúcar nos sabores guaraná, limão, uva, laranja e cola, tendo como líder de vendas o Dolly Guaraná. Em 2015, números da ACNielsen mostravam que a empresa possuía 15% share de 10% no mercado nacional de refrigerantes, mesmo tendo a distribuição mais restrita ao Sudeste, chegando ao share de 30% na Grande São Paulo.

No Brasil, o mesmo é conhecido pelas inúmeras propagandas que passa nos canais paulistas, como a Gazeta e a Rede TV.

Recentemente, a Dolly viralizou na internet, mas desta vez não foi por causa de uma nova propaganda do Dollynho, mas numa situação policial.

O empresário Laerte Codonho foi preso no dia 10 de maio, em São Paulo, após ser acusado de desviar R$ 4 bilhões durante 20 anos. As investigações apontaram fraude fiscal estruturada, organização criminosa e lavagem de dinheiro na empresa de refrigerantes. Um dos maiores desvios foi em fraudes do INSS. A polícia o apreendeu em sua casa e o levou para o 77º Distrito Policial, na região central de São Paulo, onde o empresário segurou um cartaz com a frase “preso pela Coca-Cola”.

Codonho foi alvo de uma operação chefiada pelo Ministério Público paulista, que investiga se o empresário cometeu os crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude fiscal. O empresário nega todas as acusações.

Foram confiscados 3 helicópteros, 13 automóveis de luxo e cerca de R$ 30 mil em moeda estrangeira, além de documentos que poderão ser usados na investigação.

Esta não é a primeira vez que a Doll virou caso de polícia. Em 2017 a Operação Clone da Polícia Federal que constatou fraudes praticadas pelo contador contra a própria empresa. Devido aos procedimentos da operação policial, algumas fábricas da empresa acabaram tendo que ficar fechadas por alguns dias. Por causa disso, Codonho foi condenado a 6 anos e 7 meses de prisão, pela Justiça de São Paulo, por sonegação de benefícios previdenciários.

De acordo com a imprensa, a Coca-Cola não quis se pronunciar sobre o cartaz segurado pelo Codonho.

A briga com a Coca-Cola existe há 20 anos

A briga entre essas duas empresas já é antiga e até hoje existe um processo na Justiça. A Dolly acusou a Coca-Cola de praticar dumping com seu guaraná Simba, de fazer pressão a fornecedores para que eles não negociassem com a Dolly, além de sonegação fiscal e de divulgar um e-mail falso sobre alegados danos à saúde provocados pelos refrigerantes Dolly. As acusações se baseavam essencialmente em declarações do ex-diretor da Spal-Panamco, Luiz Eduardo Capistrano Amaral, que teve gravadas uma série de conversas com Laerte Codonho sem seu conhecimento.

Nos vídeos, Capistrano admite que “a missão era tirar você (Dolly) do mercado”, e quando questionado sobre se o e-mail afirmando que a Dolly causava câncer foi usado pela área de vendas da Coca-Cola, este responde “Pôxa, caramba, isso é mais ou menos óbvio”.

Os vídeos foram amplamente divulgados no “Programa 100% Brasil”, exibido em 2003 pela emissora RedeTV!. Para além de ter entrado com um pedido de investigação contra a Coca-Cola na Secretaria de Direito Econômico (SDE) e com uma ação judicial de reparação de danos contra a Coca-Cola e a Spal-Panamco, a Dolly procurou ainda levar o assunto à Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados do Brasil, o que mereceu uma forte reação por parte dos representantes da Coca-Cola, que acusaram Laerte Codonho de chantagem e de querer desviar a ótica para o campo político.

Achei um dos vídeos do Programa 100% Brasil no You Tube, que pode ser visto a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=gW3AN2xye64

A Coca-Cola entrou igualmente com duas ações judiciais de reparação de danos por difamação contra a Ragi Referigerantes e a Dettal Participações, empresas vinculadas à marca Dolly, bem como contra Laerte Codonho e a Rede TV!

A Coca-Cola entregou ainda à imprensa cópia de parte do processo da SDE, onde é dito que três dos cinco vídeos apresentados pela Dolly continham cortes e que por isso não podiam ser usados como prova. Em depoimento à polícia, Capistrano negou ter cometido qualquer delito e afirmou ter sido atraído por Codonho com uma oferta de emprego, e que este o pretendia usar para ameaçar a Coca-Cola, com o objetivo de receber 100 milhões de dólares para evitar um escândalo.Seu advogado pôs igualmente em dúvida as gravações, alegando que as mesmas poderiam ter sido editadas.

Em abril de 2004, a Coca-Cola admitiu ter detetado, após a denuncia de Laerte Codonho, a existência de um esquema na distribuição de seus produtos pela Spal-Panamco (atualmente Femsa) que resultava na sonegação de ICMS. Segundo a multinacional, os produtos saíam da fábrica em São Paulo como destinados ao Mato Grosso do Sul, onde o ICMS é menor, mas na verdade eram vendidos em São Paulo, o que resultava na sonegação de parte do valor do imposto. O caso ficou conhecido como “Operação Pan­gaia” e envolveu cifras superiores a 10 milhões de reais, que foram quitadas pela Femsa no final de 2003.

Recentemente, o Youtuber Eric Hinojosa tirou sarro desta batalha, que pode ser vista a seguir:

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

Clique aqui para saber mais.

Arquivos

Chuva de palavras

Alecrim Arte banda Brechando Brechando Vlog Campus Party carnaval Cidade Cidade Alta Cidades cinema Covid-19 Cultura curiosidades Dosol entrevista Evento eventos Exposição feminismo Festival filme filmes Historia lgbt livro Mada mossoró Mudanças Mulher Música Natal pesquisa Peça potiguar projeto Quarentena Ribeira Rio Grande do Norte RN Rolé Show Teatro UFRN ônibus

toggle icon