Sabe o Boi Galado? E O Bumba Meu Boi ? O segundo citado é muito comum no Nordeste, mas também em outras regiões brasileiras, e no Folclore. A origem do Folguedo Reis de Boi teve sua origem no teatro popular medieval da península ibérica, que hoje fica a Espanha e Portugal. O objetivo seria uma homenagem aos Santos Reis.
Os grupos saem para visitar algumas casas na cidade, cantando algumas músicas. A essência da lenda enlaça a sátira, a comédia, a tragédia e o drama, e demonstra sempre o contraste entre a fragilidade do homem e a força bruta de um boi.
Foi assim que surgiu a tradição do Bumba meu boi, que tem ligações com diversas tradições, africanas, indígenas e europeias, inclusive com festas religiosas católica. Ao espalhar-se pelo país, o bumba meu boi adquire nomes, ritmos, formas de apresentação, indumentárias, personagens, instrumentos, adereços e temas diferentes. No Rio Grande do Note, ele é conhecido por ser o boi calemba.
Durante o Carnaval, o Bumba Meu Boi é bastante presente no estado do Recife, que é um tipo de agremiação ou simples grupo de foliões que brincam o Carnaval em torno da figura do boi, quase sempre tendo a dança teatralizada do Bumba Meu Boi com ponto central. Em Recife, o desfile de bois, a exemplo das escolas de samba, possui caráter competitivo.
Foi assim que em Natal, mais precisamente no bairro de Nova Descoberta, surgiu a ideia de criar o “Boi Galado”.
O cortejo brincante surgiu através do Festival “O Mundo Inteiro é Um Palco” (que falamos nesta matéria aqui), organizado pelo grupo de Teatro Clowns de Shakespeare. O festival surgiu em 2013 para comemorar os 20 anos da companhia e vem crescendo a cada edição, agregando parcerias com diversos grupos. No ano de 2015, eles tiveram a ideia de criar um boi genuinamente potiguar, inspirado nos carnavais pernambucanos. O nome tinha que ser o mais potiguar possível: “galado”, uma expressão muito falada pelos natalenses.
No ano passado, o boi foi batizado juntamente com a presença do Boi Marinho, do músico, ator, dançarino e um dos fundadores do Mestre Ambrósio, Helder Vasconcelos. Neste ano, a parceria se repetiu e chamou a atenção da vizinhança e também de curiosos de outros bairros natalenses. O Boi Galado era marrom e bastante colorido e o seu amigo, por sua vez, o Boi Marinho, estava todo de branco.
As apresentações do Boi somam elementos de algumas tradições populares, especialmente do Cavalo Marino, e acontecem em cortejo com paradas ao longo do trajeto para apresentação das coreografias, versos e encenações. Os Bois se juntam nesta brincadeira que incentiva a cultura de rua potiguar.
Como funcionou o cortejo? Existem algumas variações, porém a mais comum aborda a escrava Catarina, grávida, que pede ao marido Chico (ou Pai Francisco) para comer língua de boi. O escravo atende ao desejo da esposa, matando o boi, e sendo preso a mando do dono da fazenda. Com a ajuda de curandeiros, o boi é então ressuscitado. Dependendo da versão, outros personagens podem ser incorporados, tais como: Bastião, Arlequim, Pastorinha, Turtuqué, o engenheiro, o padre, o médico, o diabo, entre outros.
Em algumas versões, Pai Chico chama-se Mateus e o boi não é morto por ele, mas apenas se perde e acaba morto no decorrer da história, sendo também ressuscitado no fim. No caso do cortejo do Boi Galado, eles utilizaram o Mateus, mas eles adaptaram como o dono da fazenda e comandante do espetáculo. Além disso, tinha o vaqueiro, que era um personagem divertido, às vezes assustador, no qual muitas crianças chegaram até a chorar no colo dos pais.
Como o Boi Galado era da capital potiguar, ou seja, vivia na cidade grande, este era comandado por uma operária amante do forró, cachaça e era bastante engraçada.
O cortejo começou durante o pôr do sol e percorreu todas as ruas de Nova Descoberta até ao anoitecer. O Brechando registrou a partir de fotografias como foi o cortejo. Confira o álbum a seguir:
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