“As pessoas precisam falar sobre bicha”, esta foi uma das frases ditas por Igor Ferreira, um dos participantes do excelente documentário “Bichas”, no qual exibe depoimentos de seis homossexuais assumidos e relatam sobre a relação com familiares, bullying, religião, sociedade e dos preconceitos que enfrentam diariamente. Todos os assuntos são debatidos por parte e numa ordem cronológica.
Uma das partes que me chamou atenção foi dele relatando que no teatro da igreja onde participava, as pessoas exigiam que o amigo, também gay, tivesse uma “atitude mais masculina”. Agora, a sua história foi aberta para que milhares de pessoas pudessem analisar e refletir sobre a homofobia do país.
O vídeo está disponível no You Tube e tem mais de 100 mil visualizações, sem contar que viralizou nas redes sociais, principalmente Facebook.
O filme, lançado na internet no sábado (20), mostra como a auto aceitação mudou a vida deles. A ideia do documentário surgiu depois que o criador, Marlon Parente, sofreu, em setembro, uma ameaça de morte por andar de mãos dadas com outro homem, que também é um dos integrantes do “Bichas”.
Além de Igor, participam do documentário, Bruno Delgado, Ítalo Amorim, João Pedro Simões, Orlando Dantas e João Pedro Carneiro.
Em uma das partes do doc, Ferreira chegou a declarar: “Queriam me xingar de bicha, gay, veado, e eu não queria aqueles adjetivos para mim. Passei a odiar isso. “. Hoje, a situação mudou e ajuda outras pessoas que passaram por essa situação.
“Depois que eu assumi, sempre me lidei muito bem com a minha sexualidade. Então, eu sempre tomei uma atitude bastante empoderada e tive uma relação com a minha identificação. O documentário serviu para que mostrasse de forma mais ampla”, disse Igor para o Brechando.
Apesar da gravação ter acontecido em Recife, Igor atualmente mora em Natal como estudante do curso de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e nas noites natalenses é conhecido pela drag Kaya Conky. Ele é natural de Fortaleza. Vale lembrar que o Rio Grande do Norte é o terceiro estado mais perigoso para o LGBT.
“O documentário facilitou mais ainda o contato com os meus pais e eles entenderam um pouco mais sobre mim. Isso é muito bom”, comentou.
Foi todo gravado no apartamento de Marlon, que trabalha como publicitário, e demorou três meses para ficar pronto. “Claramente, o documentário vai ajudar muita gente que precisa de um argumento defensivo [contra os homofóbicos] como também no processo de empoderamento da pessoa. Orgulho de ser do jeito que é deixa a gente feliz, isto é crucial”.
Ele conta que depois da repercussão do documentário, muita gente lhe procura para compartilhar experiências, além de mensagens na linha do tempo do seu perfil pessoal no Facebook.
“Minhas redes sociais estão muito movimentadas, todo dia recebo mensagem de inúmeras pessoas relatando a história de vida, como se identificaram com os depoimentos, aceitaram mais e muitos assumiram sua opção sexual mostrando o documentário para a família. Contando isso para gente é especial, pois mostra as mudanças bem na nossa frente”.
Na segunda feira, Igor mandou mensagem agradecendo pelas mensagens de carinho e que em poucos dias já sente pequenas mudanças no cotidiano.
https://www.facebook.com/igorulo/posts/1696724520611568?pnref=story
“Agora vamos sair espalhando a palavra Bicha e dominar o país (risos)”, finalizou.
Veja este documentário:
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