A nossa civilização, antes da chegada dos europeus, era de índios. Na verdade, os primeiros habitantes deste estado eram compostas por duas tribos: potiguaras e tapuias. Quais eram as diferenças entre os dois? Existe esta diferença? Como o blog Brechando também é cultura nós vamos contar um pouco da história do nosso início.
De acordo com o Natal Transtemporal: “Até o ano 1000, aproximadamente, a região do atual município de Natal era habitada por povos indígenas tapuias. Nessa época, a região foi invadida por povos tupis procedentes da Amazônia, os quais expulsaram os tapuias para o interior do continente. No século XVI, a região era habitada por um desses povos tupis, os potiguaras”.
Os Tapuias, portanto, migrou para os sertões da Capitania do Rio Grande (que também cobre uma parte da Paraíba). Dividiam-se em vários grupos nomeados de acordo com a região onde moravam. Eram chefiados por vários reis e falavam línguas diversas, algumas vezes de forma cantada.
Eles apresentavam-se corpulentos, possuidores de grande força física. A pele queimada, em tons de marrom. Usavam cabelo longo ao sabor do vento. Não costumavam usar roupas, mas cobriam as partes íntimas com peças feitas de materiais rudimentares, extraídos da natureza.
Em contra partida, as mulheres apresentavam estrutura física pequena, mas a cor era a mesma da dos homens. Costumavam manter os cabelos curtos ou longos, de corpos rechonchudos. Também escondiam suas partes íntimas. Adornavam seu corpo com o que encontravam na natureza. Utilizavam-se de tais enfeites tanto para a prática das danças, como na preparação para a guerra.
Já os potiguaras, por sua vez, falavam em tupi-guarani e eram “de porte mediano, acima de 1,65cm, reforçados e bem feitos no físico. Olhos pequenos e amendoados como os da raça mongólica, escuros e encovados, de orelhas grandes, cabelos lisos e cortados redondos, arrancavam os pêlos da barba até as pestanas e sobrancelhas. Eram baços, claros, pintavam seus corpos com desenhos coloridos. Furavam o beiço, principalmente o inferior, assim como orelhas e o nariz”.(SUASSUNA & MARIZ: 1997, p. 51).
Seus corpos nus expostos ao sol, sob o calor e maresia, demonstravam íntimo contato com a natureza selvagem e hostil. Contrastando com as cores do horizonte e na beleza exótica do lugar, os nativos observavam grandes embarcações com figuras espalhafatosas se aproximarem.
Nesse primeiro contato, os portugueses encontraram um povo que, na escala evolutiva, superava o paleolítico e dava seus primeiros passos na revolução agrícola, quanto à domesticação de plantas de condições selvagens para mantimento de seus roçados, assim como o cultivo da mandioca. Também foram cultivadas outras espécies, como: milho, batata-doce, abóbora, algodão, tabaco, cuias e cabaças, e algumas árvores frutíferas. Para seu cultivo empregavam técnicas e instrumentos rudimentares, como a queimada e a derrubada de árvores com machados de pedra.
Já os Tapuias eram péssimos na agricultura. Alimentavam-se com mel de abelhas e maribondos. Armavam ciladas aos peixes e animais, utilizando seu admirável olfato e sua habilidade para comer. Alimentavam-se ainda de frutos agrestes, caça fresca, peixes, tudo sem temperos ou condimentos. Não semeavam outra coisa além da mandioca. Para assar a carne, eles cavavam um buraco na terra e colocavam a carne, depois enterravam pondo folhas de árvores por cima e faziam uma fogueira por cima de tudo. Para atraírem felicidade na caça e pesca, os tapuias cariris queimavam ossos de animais ou espinhas de peixes.
Os Tapuias não faziam nada sem antes consultar os feiticeiros e adivinhos. De um modo geral, a religião dos tapuias lembra um pouco as religiões da África, no tocante a influência forte dos feiticeiros na vida indígena. Os europeus viam nos rituais dos tapuias um comércio direto com os poderes do inferno, além disto os tapuias possuíam deuses também que regiam a agricultura, a pesca e a caça, os invocaram e sacrificaram a eles para obter boas colheitas, pesca e caça fartas.
Os tapuias tinham uma lenda que falava no Deus da criação, que tinham dois filhos, o mais novo foi embora para a terra, o Deus pai enviou seu filho mais velho para buscar seu filho mais novo, mas este e seus filhos acabaram maltratando e matando o irmão mais velho, que depois de morto ficou na terra, entre seus parentes, por vários dias e somente depois ascendem ao céu, retornando para o seu pai. Os europeus acreditavam que o Deus em quem os tapuias falavam era o Deus de Israel, o filho mais velho Jesus Cristo e o filho mais novo seria o próprio Lúcifer ou Caim.
Além das diferenças, as duas tribos viviam em conflito entre si.
Sob o olhar europeu, aqueles nativos selvagens precisavam aprender normas de conduta e suas almas necessitavam de salvação para poderem integrar-se a uma civilização. Civilização essa que desprezara sua cultura, crenças, tradições interferindo no curso de suas vidas cotidianas. Foi de relevante importância a missão dos padres junto aos indígenas quanto à catequização, resultando em acordos de paz, ansiados por ambas as partes.
A participação dos potiguares também é registrada na guerra dos bárbaros ou Confederação dos Cariris, em que se rivalizavam com os Tapuias. Pois não era possível essa homogeneidade entre tribos de diferentes línguas e costumes. As rivalidades existentes entre as duas tribos, o domínio português e a presença de negros, contribuiu para que houvesse sincretismo de culturas, onde o índio perdeu seu espaço e território.
Fonte:
ARAÚJO, F. das C. de S. O. ; SILVA, F. V. da; MACÊDO, M. das V. de A. & SILVA, M. E. da. Potiguares. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web: <URL: www.seol.com.br/rnnaweb/>
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