Natural de Currais Novos, no Seridó, Adélia Danielli de 2016 era uma jovem poeta, mãe solo e estava começando a ter reconhecimento na área ao lançar o livro “Bruta”. A data lembra bem, 13 de maio, no Mahalila, mesmo lugar que houve o lançamento da primeira revista do Brechando. Agora, no próximo sábado (9), Danielli vai relançar o seu primeiro livro, no Festival Literário de Currais (Flic).
Sua carreira começou quando lançou vários poemas divulgados na internet e três publicações coletivas – o livro “Por cada uma” (Una, 2011) e os zines “Entre Seios” e “Revoada”.
Oito anos se passaram, Adélia teve mais dois filhos, lançou outro livro e ainda ousa trabalhar com as letras. Mas, será que a mesma mudou tanto assim? Em entrevista exclusiva ao Brechando, ela responde esta e outras perguntas.
Parecia que estava adivinhando quando fiz uma sessão de perguntas meio filosóficas por Whatsapp, enquanto a terapeuta de Adélia não lhe chamara. A poeta disse que a sua versão de 2016 “nunca iria acreditar nas mudanças que iriam acontecer”.
“A Adélia de 2016 não fazia ideia do que a de 2024 seria capaz de se tornar. Nem o que passou, superou e se tornou. Certamente se voltasse e contasse a mim, eu iria ficar abismada com a força que eu não sabia que tinha, e com a vitória de ter conseguido me tornar quem sempre quis ser: eu mesma.”, comentou.
Mas, como surgiu a ideia de relançar o Bruta?
Primeiramente, o livro foi lançado pela antiga Editora Tribo, com poucas tiragens. Na época, Carlos Fialho, quando Escribas eram apenas Jovens Escribas, foi ao lançamento e gostou da obra.
“Eram 300 ou 400 impressões, sendo que em um ano se esgotaram. (Até hoje) as pessoas vinham me procurando para comprar e não tinha mais, tanto que lancei em e-book para quem quisesse, mas havia o interesse no livro físico”, explicou.
“Fialho foi conversar comigo e lançou o convite para relançar o livro aqui (em Currais Novos) no festival”, continuou.
Quais são as novidades?
O livro terá um novo designer, mas Adélia Danielli resolveu manter o estilo dos poemas, a quantidade e deixar como foi originalmente publicado.
“Esse livro é especial. Entendo que é datado de um momento, não sou mais aquela mulher, mas carrego ela comigo. E os poemas, tem um uma poética diferente do segundo (livro), ‘Vertigo’. O ‘Bruta’ é um livro de poemas líricos, e Vertigo tem uma escrita mais filosófica, psicanalítica, há mais poesia nos poemas”, comentou a escritora que está pretendendo ainda lançar um livro de inéditas com os Escribas.