O Cida é um coletivo de arte e dança natural de Natal e em março finalizou seu curso de residência artística da Cia Sansacroma, de São Paulo. Durante as aulas discutiram sobre padrões hegemônicos relacionados à noção do corpo, pretitude, processo e estética.
Há 22 anos, o coletivo paulista tem como líder a dançarina Gal Martins e, por sua vez, desenvolve a mistura de dança contemporânea, poesia e teatro.
O encontro entre Cida e Gal Martins aconteceu em 2023 quando o grupo potiguar apresentou “Corpos Turvos” em São Paulo, através do Itaú Cultural. Os grupos perceberam que apesar da diferença regional, as pesquisas sobre dança-tragédia têm afinidades marcantes com as pesquisas sobre a Dança da Indignação conduzidas por ela na Sansacroma.
Em ambos os contextos, os dois grupos exploram a dança como uma expressão das identidades, das dores e violências diárias de uma sociedade onde o racismo insiste em ser velado.
O Coletivo Cida não esteve só em São Paulo
Durante uma semana, o Cida esteve junto com o Yabás Coletivo (CE). Este é um grupo do Ceará que trabalha com espetáculos cênicos e musicais de cultura popular e cultura afro-indígena. Ainda mais, ambos os coletivos ficaram na Fábrica de Cultura do Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo. Lá, eles realizaram trocas de saberes e pesquisas por meio de laboratórios de criação.
De acordo com Arthur Moura, produtor do Coletivo CIDA, a Residência Artística Vozes do Corpo possibilitou, portanto, um encontro muito potente.
“Nesses cinco dias de residência, vivenciamos experiências coletivas e coletivizadas que só reforçaram que as metodologias e pesquisas dos três grupos estão muito próximas, mesmo eles estando distantes geograficamente. É muito gratificante participar de uma residência onde se percebe o cuidado com o outro, onde você é ouvido, onde você é percebido e tem o seu lugar de existência respeitado. Espero que novos desdobramentos surjam a partir desse encontro tão lindo”, estima o produtor.
René Loui, coreógrafo, intérprete e fundador do Coletivo CIDA, avalia que a experiência foi fundamental para rever conceitos.
“Durante os dias vividos em contato com a Companhia Sansacroma e o Coletivo Yabás, fortaleci minha compreensão sobre ‘residência artística’ como uma ferramenta criativa poderosa. Ao longo de diversas experiências nas artes, participei de várias residências que me permitiram explorar diferentes territórios e territorialidades. Esses cinco dias vivendo esta geografia e interagindo com incríveis artistas pretos reforçaram a importância da residência como um espaço criativo compartilhado”, avalia René.
Ao final da residência os grupos realizaram uma mostra de processo que se chamou de “A Tragédia do Boi Indignado”. Além disso, compartilharam fragmentos dos experimentos desenvolvidos ao longo da residência.
Sobre o Cida
Fundado em 2016 por Arthur Moura, René Loui e Rozeane Oliveira. Todos são artistas e produtores radicados no Rio Grande do Norte, o Coletivo CIDA é um núcleo artístico conhecido por sua produção contemporânea. Inclusive, por fim, incorpora recursos de Comunicação Assistiva, como audiodescrição e LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).
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