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Banda de pagode deu a volta por cima após tragédia de carnaval

Fera Samba é uma banda de pagodão baiano no início dos anos 2000 e em 2002 teve que enfrentar o maior desafio da carreira. Saiba mais no Brechando!

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Banda de pagode deu a volta por cima após tragédia de carnaval

Banda de pagode deu a volta por cima após tragédia de carnaval

Se você ia nos blocos da prevenção ou Cidadão Nota 10 do Carnatal deve conhecer o Fera Samba. A banda fazia sucesso no início dos anos 2000 com a sua suingueira, acompanhando os sucessos de bandas baianas como Harmonia do Samba. Entretanto, o Carnaval de 2002 de Natal foi marcado por uma tragédia tão enorme quanto a tragédia do Baldo

O Fera Samba estava em um momento incrível com a ascensão da sua música “Balaio”, a mais pedida em todas as rádios de Natal na época. Escute um dos sucessos a seguir:

Tudo começou quando um grupo de amigos de escolas se unirem a tocar o tradicional pagode baiano, uma inspiração era Divina Xama.

A gente era muito jovem e não sabia nada sobre produção. O grupo fez sucesso antes da banda gravar o primeiro disco.

disse o Léo Fera

A banda começou a lotar estádios, comícios e apresentações não só em Natal, como também no interior do estado. Ao todo foram 200 shows em um ano. O Léo Fera, em 2021, falou em um podcast sobre o sucesso repentino da banda. Veja, portanto, a seguir: 

A Quarta-feira de Carnaval virou cinzas mesmo

O grupo vinha de um show em Mossoró, o evento na Redinha no dia 13 de fevereiro de 2002 encerraria a agenda de carnaval da banda, além da folia de momo da cidade, onde rola os blocos Baiacu Na Vara e Bloco dos Gari.

O acidente ocorreu por volta da meia-noite, quando o vocalista Wallace Barros esbarrou com o microfone em um fio de alta tensão, o que provocou uma descarga elétrica no cantor e seu óbito. O cabo se rompeu e ainda atingiu no trio o Léo Fera (também vocalista) que ficou um tempo internado com queimaduras de terceiro grau em 40% do corpo.

Com o rompimento, o cabo caiu e atingiu em cheio os foliões, infelizmente duas pessoas que acompanhavam o evento também foram fatalidades da tragédia, Luiz Carlos Jr. de 18 anos e André da Silva Guedes, 17 anos. Além das mortes, dezenas de foliões ficaram feridos devido à confusão generalizada no bloco, uma mulher foi hospitalizada em coma.

A tragédia teve repercussão nacional, inclusive virando notícia na Folha de S. Paulo. Até hoje a família das vítimas estão na justiça em busca da indenização. Jornais e blogs pesquisados sobre a história contam que a banda só não parou a pedido da família de Wallace.

O trio do Fera Samba estava com defeito

Músicos relatam que ao chegar no evento, se depararam com um trio sem muita estrutura e aparentemente um evento negligenciado pelas autoridades. Como resultado, a Polícia Civil abriu inquérito para investigar o que motivou o acidente e responsabilizar os culpados. Além disso, na época, a Prefeitura do Natal emitiu uma nota declarando que iria apurar se houve irresponsabilidade do município em negligenciar a fiscalização do trio elétrico.

A Cosern, por meio de nota, se ausentou da responsabilidade, alegando que não tinha recebido nenhuma solicitação para elevação da rede elétrica no trajeto do trio elétrico.

Até 2023 não há mais festas com trio elétrico, apenas em palcos.

Sepultamento cheio de fãs

A morte de Wallace provocou uma comoção gigantesca na cidade, centenas de fãs acompanharam seu enterro no Cemitério Bom Pastor. Como falado anteriormente, os músicos da banda passaram um período tendo acompanhamento com psicológicos, a banda voltou as atividades meses depois, motivada por pedidos dos próprios familiares do Wallace.

Além disso, a banda fez outros sucessos e ainda continuou a tocar em grandes festas da cidade, como Carnatal. Léo Fera, inclusive, ficou conhecido nas tvs do estado por fazer a cobertura da maior micareta do Brasil.  

Hoje, Léo também fez carreira em Salvador com uma banda local e ainda tem bom relacionamento com os outros integrantes.

Hoje, a filha de Wallace também faz sucesso na música

Wallace, apesar de jovem ao morrer, deixou uma filha pequena e hoje é a cantora Arie Nunes, conhecida apenas por Árie. De família de músicos, Árie cresceu rodeada pela música. Começou a cantar com 7 anos de idade, e a compor aos 13 anos. Se apresentou pela primeira vez aos 18 anos no Festival Sonora em Natal. 

Em entrevista ao jornal Papo Cultura, compor foi a forma que ela encontrou para expressar o que sente e o resultado reflete fielmente o que passa por sua cabeça. Procurada pelo Brechando, a cantora preferiu não falar, mas reconhece que a família sofre bastante pela injustiça e a falta de responsabilidade pelos governantes.

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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