E tem lanchonete no castelo? Não, porque houve o Tapuia Gastrofest, no qual criou um evento bem no distrito de Serra do Tapuia, que fica em Sítio Novo. Por coincidência é a origem de toda a minha família paterna, cujo meu progenitor viveu parte da infância e adolescência, quando veio para Natal tentar uma vida melhor. Na festa comi brusqueta no pé do Castelo Zé dos Montes, degustei doces e ainda vi uma queima de fogos.
Isto não quer dizer que ele ficou longe da cidade, visto que sempre visitei meus avós paternos, comia doce de leite de vovó do Céu (depois do divino almoço de interior) e brincava alguma coisa com minhas primas. Na adolescência, me afastei, meus avós mudaram para Natal e só voltei no sepultamento dos dois, além de uma cobertura de um encontro da família. Além disso, um ano depois do encantamento da minha avó, ir na cidade por ‘motivo de festa” era algo estranho.
- Porque meus pais não me levavam para festa de São Sebastião, padroeira da cidade.
- Dia de eleição só se fosse na presidencial, visto que queriam me poupar ao ver os barracos (inclusive, os familiares) por política.
Ao saber que tinha este festival gastronômico durante o inverno serrano era algo que nunca acontecera. O castelo era um ponto turístico que poucos conheciam, tanto que tinha que atravessar uma estrada de terra e muitas porteiras para chegar no espaço encontrar Zé dos Montes, o dono do castelo (por isso o nome), que fazia questão mostrar o monumento que ele construiu no ano de 1984.
Quando fui pela primeira vez, em torno dos seis anos, achei o moço muito pirado, parecia um missionário ao contar sua história. Após a sua morte, a administração continuou com a sua família e a mesma apoiou o evento gastronômico, que foi o espaço para a primeira parte da festa.
Ver o pôr do sol e comer brusqueta no Castelo Zé dos Montes
Após meu pai voar de Natal para Sítio Novo, porque queria chegar antes de anoitecer, ele resolveu ir ao Centro visitar minha tia e primas, porém se empolgou um pouquinho, visitou amigos de 1900 e bolinha, no qual estava começando a escurecer e ele lá empolgado, como se fosse voltar para casa. Então, uma apressada e relembrando que ele foi o inimigo do Detran ao chegar no evento o mais rápido era hora de chegar ao castelo.
Agora é hora de compartilhar com vocês uma experiência incrível que tive em um festival gastronômico único, realizado no pé de um castelo encantador. Primeiramente, eu fiquei surpresa que conseguiram pavimentar toda a estrada que vai ao castelo.
Como era antigamente? O carro tinha que atravessar numa ponte sem proteção e de barro, de um lado era açude e outro mato. Morria de medo de cair, porque só via chão. Depois andávamos mais um pouco e depois do sangradouro tinha uma bifurcação. Um lado ia para o Distrito de Serra do Tapuia, onde ficara o castelo, e outro ia ao sítio do meu avô.
Hoje, da ponte até o castelo está com pavimento, uma melhoria para quem sempre atolava o carro quando ia em dias de chuva.
Caminho para o castelo está sem porteiras, mas é longe do mesmo jeito
Após passar por todas as sinalizações mostrando onde fica o castelo, vimos um amontoado de carros e a dificuldade de estacionar, mostrando que o evento de três dias (fomos apenas ao sábado) foi um sucesso. Confesso que meu paladar já se agitou de antecipação. Além disso, já sabia da fama da culinária local, afinal adorava comer comida típica feita de vovó. Mas, a experiência superou todas as expectativas e mostra que a culinária vai além disso e também ajudou a dar um bom raio gourmetizador sem encarecer.
Uma brusqueta, por exemplo, podia ser encontrada facilmente por 20 reais e com o mesmo sabor daquelas que vende em restaurantes chiques de Natal com o dobro do preço.
Ao chegarmos ao local, avistei o majestoso castelo ao fundo, criando uma atmosfera mágica para o evento. A energia contagiante do lugar já me envolveu, e eu sabia que seria um dia especial. O local agora estava com luzes, o pôr do sol em degradê encantador e ainda tinha um show da cantora Heli Medeiros.
Quem é um adulto com espírito idoso, que nem eu, podia se estirar nas cadeiras de praia instaladas numa tenda para ver o castelo e tirar inúmeras fotos. Enquanto isso, meu pai sossegou e estava feliz ao estar na sua terra natal e encontrando os mais diferentes parentes em volta no ambiente que reuniu 500 pessoas apenas no sábado
(nota: Desses 500, quase 10% eram primos distantes e o restante podia ser amigo de infância ou que era amigos de outros parentes famosos. Por exemplo, minha tia, que foi ex-primeira dama da cidade e até hoje é bem famosa).
Voltando a tour do castelo, a gente ficou empolgado com o comes e bebes, no qual a vontade era repetir o prato, mesmo enfrentando aquela fila estilo cantina de escola: pega a ficha primeiro, depois pega o prato.
O que comi além da brusqueta no Castelo Zé dos Montes e a história de quando acabou a cerveja
A parte mais aguardada do festival não poderia ser outra senão a gastronomia. Antecipei minha opinião sobre a brusqueta comida enquanto ficava encantada com o jogo de luzes no Castelo Zé dos Montes, mas esqueci de contar um pequeno detalhe: devorei em menos de 20 minutos por estarem muito boas. Também comi dadinhos de tapioca, o petisco ficou melhor ainda, pois colocaram mel de rapadura como molho.
Mas, na hora de beber, tivemos uma dificuldade: acabou a cerveja da festa. Logo, lembramos do cooler que meu pai levou e tinha as coquitas, energéticos, cerveja e guaraná.
Eu estava tranquila, pois tinha a Coca-Cola em mãos. Mas, a galera da gela entrou em desespero. Tanto que meu pai doou algumas cervejas que ele tinha e salvando uma galera. Parafraseando o ex-vereador de Natal, estudante e militante político, Pedro Gorki, um dos que foram salvos: “Um homem na sua terra e com um cooler na mão, não quer guerra com ninguém”.
Gorki, assim como muitos natalenses, subiram a serra para conhecer as belezas ocultas do RN e também conhecer mais os eventos. Além disso, descobri muita produção gastronômica tanto em Sítio Novo, quanto em Tangará, cidade vizinha, desde bistrô até hamburgueria.
O fim da festa foi de tanta alegria no castelo foi de tanta alegria, que teve queima de fogos estilo fechamento do Magic Kingdom na Disney, mais precisamente no Castelo da Cinderela.
Festa no Centro de Serra do Tapuia
Não pense que a festa acabou, depois todos migraram para o centro de Serra do Tapuia, onde teve barracas de comida, degustação, artesanato, panelas de barro, parque para as crianças e, claro, um show de forró para garantir que é uma festa típica do interior. Meu pai, novamente, com o cooler na mão, conversou com parentes e reviu mais pessoas que eram do seu convívio até os seus 15 anos, quando mudou para a capital potiguar.
Era engraçado, pois ele parecia um típico vereador em campanha, sendo que nunca foi para algum cargo de política. O que era para ficar apenas uma horinha no centro, ficamos boa parte da noite e voltamos para Natal de madrugada. Um verdadeiro bate e volta.
Apesar de tudo isso, ainda deu tempo de fazer a degustação de queijos exóticos, salames gourmet, cocada com doce de leite e também do molho barbecue da região. Se levasse tudo, entraria na falência. Quase, porque ainda gastei dois reais numa máquina de pegar bichinho de pelúcia, que quase consegui pegar o unicórnio.
Se você tiver a chance de participar desse evento encantador, não hesite, pois será uma jornada de descobertas que tocará todos os seus sentidos e seu coração.
O festival não era apenas sobre comida; era também uma celebração da cultura e tradições locais. Entre uma refeição e outra, fui ativando memórias de quando visitava a cidade e hoje, portanto, entendo a importância de manter a cultura dos antepassados.
Deixe um comentário