Pode ser de vagabundo, mas segunda tem samba

Pode ser de vagabundo, mas segunda tem samba

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Em quase dois anos estou aprofundando as Rocas e suas peculiaridades. Primeiramente, o samba realmente é muito presente, basta ver rodas entre amigos ou ensaios das escolas de samba. Entretanto, outros eventos surgiram, um deles foi a “segunda do vagabundo”. É aquela roda de samba para aqueles que são inimigos do fim e não aceitam o começo da semana útil.

Todas as segundas-feiras, uma festa animada e genuína toma conta das ruas, encantando moradores e visitantes. Conhecida como “A Segunda de Vagabundo” conta com os principais sambistas da terra, como Debinha Ramos, e acontece próximo do bar Esquina Prime, mesma rua do IFRN de Cidade Alta.

Rocas: Berço do Samba

Rocas é bairro situado na Zona Leste de Natal e têm uma história estreitamente ligada ao desenvolvimento do samba potiguar. Primeiramente, foi sede de importantes escolas de samba: Balanço do Morro e Malandros do Samba. Além disso, ao longo dos anos, essa localidade tornou-se um polo cultural da música, sendo palco de diversos eventos e celebrações, como o carnaval de Natal.

Sabendo do crescimento e pelo interesse dos jovens pelo samba, principalmente após a quinta-feira do Beco da Lama, muitos resolveram criar as suas próprias rodas.

A Segunda de Vagabundo das Rocas e a nossa Brechada

A origem da “Segunda de Vagabundo” começou de improviso e só quem conhecia as Rocas tinha noção do evento. A popularização de boca a boca fez com que a festa ficasse maior e, por conseguinte, entrando no calendário dos amantes do samba. Nesta segunda-feira (31), o Brechando esteve presente na festa.

O termo “vagabundo” aqui não deve ser interpretado em seu sentido pejorativo, mas sim como uma alcunha afetuosa e carinhosa que os moradores do bairro deram à celebração. Essa tradição é marcada pela simplicidade e pela confiança, sendo um verdadeiro retrato da cultura popular brasileira.

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Sem contar que estimula o comércio local, visto que a região é cheia de barzinhos e lanchonetes oferendo as mais diferentes opções de comida. Sem contar os ambulantes que forneciam aquela bebida geladinha ou o espetinho assado na hora. Era tanta gente que nem parecia que era segunda-feira, mas uma comemoração de feriado.

Ritmo, Dança e Emoção

A “Segunda de Vagabundo” é uma celebração regada a música, dança e alegria. O samba, com suas batidas contagiantes e letras que falam do cotidiano e das paixões, é o protagonista dessa festa. Sem contar que tocam os diferentes sucessos locais e nacionais. De vez ou outra era comum ser pega cantarolando ou vendo seu amigo metaleiro curtindo o samba discretamente. Ou até mesmo a sua sogra comendo de boas o açaí.

As rodas de samba se formam naturalmente, com pessoas de todas as idades e origens se unindo na volta dos músicos. A dança, com passos característicos e gingados, é um elemento fundamental dessa celebração. Você podia não saber dançar ou dançasse igual o Rei Charles quando veio ao Brasil em sua juventude, porém o importante mesmo é se envolver pela energia contagiante do samba.

Mais do que uma festa simples, a “Segunda de Vagabundo” representa uma forma de resgate da cultura popular e da identidade das Rocas. Através do samba, as tradições são transmitidas para as novas gerações, garantindo que a memória e o legado dos ancestrais sejam preservados e valorizados.

Além disso, o evento fortalece os laços comunitários e cria um sentimento de pertencimento nos moradores do bairro. É um momento de encontro, de celebração da vida, e de partilha de experiências que tornam as Rocas ainda mais especiais.

De vagabundo, eles não têm nada, mas dispostos em fazer as Rocas acontecer!

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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