No Rio Grande do Norte, por exemplo, a chefia do IBGE fez uma reportagem especial de Capoeiras, um quilombola fundado por escravos do Engenho Torto e que já falamos um pouco no Brechando, visto que se transformou em documentário.
De acordo com a assessoria de imprensa do IBGE, a pesquisa conta com a coleta dos 38 recenseadores treinados para trabalhar nessas áreas no RN. Além disso, haverá a possibilidade de informar a qual comunidade a família pertence.
Em Capoeiras, o estudante de Educação Física João Neto (foto acima), de 36 anos, é o responsável pelas entrevistas do Censo. Ele mora no local e se considera quilombola. “Agora a gente tá tendo essa oportunidade de saber quantos somos, como vivemos e a quantidade de famílias que temos aqui. É uma expectativa enorme não só para mim, e pros que moram na comunidade”, declarou o recenseador.
Pela primeira vez na história, os povos quilombolas serão incluídos no Censo Demográfico. Um levantamento prévio realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 5.972 localidades quilombolas e 2.308 agrupamentos quilombolas – aqueles em que há 15 ou mais pessoas residindo em um ou mais domicílios próximos e nos quais as pessoas estabelecem laços de parentescos ou comunitários.
Entre agosto e novembro, os recenseadores vão visitar os locais previamente mapeados para produzir um retrato inédito da realidade dos quilombolas e de suas comunidades. De acordo com o IBGE, a pesquisa mostrará como vive essa parcela da população, suas diferentes formas de organização social e a enorme riqueza cultural que eles preservam.
Entre as preocupações do IBGE em relação à pesquisa estava fazer com que o público-alvo estivesse à vontade para respondê-la.
Em respeito à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho e de forma coerente às boas práticas de produção estatística, o IBGE considera quilombola toda pessoa que se autoidentifica como quilombola, assim como sobre as pessoas ausentes no domicílio no momento do recenseamento. O recenseador perguntará “Você se considera quilombola?”. Em caso afirmativo, é feita uma segunda pergunta: “Qual é o nome da sua comunidade?”.