Liga Artística Operária Norte Rio Grandense traz Maçonaria e da luta sindical no mesmo espaço

No início do século XX, o Brasil passava por um período de industrialização e veio rapidamente as primeiras associações dos operários, algo que já era predominante aos maçons desde a Idade Média.

Liga Artística Operária Norte Rio Grandense traz Maçonaria e da luta sindical no mesmo espaço

Pesquisando na internet fui constar o que significa o termo maçonaria, que darei meu copiar e colar:

Ordem dos Maçons Livres e Aceitos, ou simplesmente maçonaria, é uma das sociedades mais antigas e secretas da história. Quando surgiu, na Idade Média, a organização era uma espécie de sindicato para pedreiros, alfaiates, sapateiros e ferreiros, que guardavam a sete chaves as técnicas de trabalho. Daí o termo que, do francês, significa “alvenaria. O símbolo da ordem, inclusive, está associado aos instrumentos usados pelos trabalhadores que, no período medieval, trabalhavam na área da construção.

Tirei do site O Imparcial

Se você continuar pesquisado no Google, a Maçonaria está presente na política, nas artes e também na cidade do Natal. A Grande Loja Maçônica fica no bairro de Candelária, na Zona Sul de Natal. Mas há registros da maçonaria presente em vários prédios do Centro Histórico. O tradicional samba da quinta-feira, por exemplo, no Bar da Nazaré, fica em um prédio, onde a varanda apresenta o tradicional símbolo do grupo.

Mais pertinho, na Avenida Rio Branco, existe um outro prédio. Que me chamou atenção. Os símbolos estão bem escondidos nas copas das árvores que ficam na calçada. Andando para fazer compras, você nem percebe que está perto de um prédio histórico de tantas lojas. Só se você atravessar da Laser Eletro até o outro lado da Rio Branco. Está lá…Um prédio de cor azul, bem centenário e na sua entrada tinha um nome, no qual não conseguira identificar inicialmente.

Foi aí que pedi para as pessoas saberem o que era este prédio:

“Moça, só sei que tem as coisas da maçonaria no prédio.”.

“Na frente tá escrito algo como artista, né”, respondeu uma outra pessoa.

“Nem dá para olhar direito porque a árvore está tampando (sic)”, um transeunte comentou.

Voltei para rua Rua Princesa Isabel para pegar meu carro estacionado com uma frustração, queria saber o que era aquele prédio, além de ser sua função principal.

Curiosidade:

Achei a sua origem

Como não consegui ler o que estava escrito, eu tive que buscar recursos digitais. Então, olhando o histórico do Google Street View, vi que aquele nome era “Liga Artística Operária Norte Rio Grandense”. Logo, vi que ajudou não só a história do patrimônio histórico, mas também da luta operária, independente de sua opinião política. Por isso, vamos contar a sua história.

A história da indústria no Brasil surgiu no final do século XIX e começo do século XX, sendo um dos pioneiros o Barão de Mauá, no sudeste do país e não foi diferente no Rio Grande do Norte.

Os primeiros registros contam a história que surgiu em 1903, visto que a publicação do jornal A República publicou uma nota dizendo que no dia do trabalho, em 1º de maio, a organização iria comemorar um ano de fundação. O objetivo era unir a luta do operariado e também dos artistas. Neste período havia vários clubes da cidade, como Natal Club, o clube de leitura e grêmios escolares, onde eles fomentavam não só a cultura, mas também os acontecimentos da então pequena Natal.

A sua sede inicialmente era onde o funcionara o Clube Carlos Gomes. Para entrar na liga você precisava ser o sócio do time com a finalidade de assistir os eventos que eram exclusivos, desde as festas até as assembleias para eleger os novos membros e a diretoria. Durante a gestão de 1915 a 1919 o presidente da associação mudou a estrutura política do estado.

João Estevam Gomes da Silva

Ele era tipógrafo e foi presidente da associação entre 1915-1919 e foi responsável por inúmeras melhorias a sociedade, como a instalação da Escola Noturna de curso secundário, aula de música e também criou o jornal “O Operário”. Trabalhara desde os 11 anos e era um admirador da maçonaria. Por isso a caracterização do prédio com símbolos na sua fachada, que podem ser vistos discretamente nas fotos abaixo.

A sua carreira política não parou por aí, visto que conseguiu uma vaga na Assembleia Legislativa nos anos de 1926, cassado durante o início da Era Vargas.

Livro sobre a Maçonaria

Estevam Gomes da Silva era tão fã da maçonaria que escreveu o livro “A Maçonaria no Rio Grande do Norte”, em parceria com Emídio Fagundes e Josué Tabira. De acordo com Jornal Zona Sul, ele fundou o Centro Tipográfico “Augusto Leite”, sendo seu primeiro presidente. Escreveu modinhas, musicadas por Adolfo França. Quando o Presidente da República, Washington Luis, visitou a Assembleia Legislativa, em 1926, João Estevam foi quem fez a saudação ao presidente em nome dos seus pares. João Estevam faleceu em Natal a 07 de maio de 1959.

Informação fornecida pelo jornalista Adriano Medeiros, no grupo Fatos e Fotos Natal das Antigas, aponta que o prédio foi projetado por Miguel Micussi e inaugurado em 1923. O historiador pegou essas informações por meio do livro de João Maurício, “Natal Foto-Gráfico”. “

Liga Artística Operária Norte Rio Grandense era um sindicato?

Não, eles se viam mais como uma associação, um clube. A ideia de sindicato no Brasil somente surgiu após a queda do governo de Washington Luís, de onde vieram vários movimentos políticos, como a Coluna Prestes, que estimularam a queda das oligarquias políticas, além de defender questões igualitárias aos operários.

Posteriormente, a Intentona Comunista, período que Natal foi comunista por algumas horas, somente aconteceu após a eclosão do surgimento de vários sindicatos. E depois da Segunda Guerra Mundial, eles se tornaram uma organização em defesa de atividades socioeducativas para aqueles que não tinham acesso.

Compare as duas imagens para mostrar a mudança do prédio (Foto: Arquivo/Lara Paiva)

Liga ainda existe? Como está o prédio?

Na década de 70, a Liga virou uma das organizações que lutava em prol dos camelôs, no qual vieram a cidade por conta da grande seca. Muitos eram organizados no corredor lateral do prédio, onde barracas com venda informal existem até hoje na cidade. A seguir, um trecho do Diário de Natal de 1974.

Em 1975, a reclamação ainda continuara a reclamar da luta da Liga contra a Prefeitura para proteger os camelôs.

Em simultâneo, eles ainda continuavam a debater sobre a importância do trabalhador e lutar por melhorias a classe, principalmente no dia 1º de maio. A Liga está no primeiro andar e a parte de baixo está uma loja de bijuteria que trouxe toda alteração da fachada, como vimos na imagem acima.

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