A contradição de ser transgressora quando construir e a tradição de suas missas. Essa é a Igreja Nossa Senhora Rosário dos Pretos, que hoje celebra missa em latim e seu objetivo inicial era ter o direito dos negros em rezar, tanto que os próprios escravos a construíram. Essa ideia que a fotodocumentarista Meysa Medeiros quer mostrar em seu mais novo trabalho.
A fotógrafa e documentarista expõe o projeto ‘Relicarium’, um mergulho na biografia e religiosidade da capital potiguar. O evento terá lançamento no dia 20 de setembro, nesta terça e se estende até 1º de outubro.
As fotos selecionadas
Ao todo são 12 fotografias monocromáticas, em preto e branco, ainda mais fazem parte de um ensaio em construção com curadoria de Henrique José .
Nessa primeira exposição, Meysa viaja no tempo. Resgata memórias do passado e origens através de montagens fotográficas da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. É possível ver um apurado senso estético, que traz na força dos tons de cinza, do preto e branco, a luz de um lugar construído pela fé, sincretismo, força e sangue dos negros da cidade de Natal.
A exposição faz parte do 2º Festival daFOTO! Potiguar, do Coletivo daFOTO!, dentro da programação da 16ª Primavera dos Museus do MCC.
Principal objetivo do ensaio sobre a Igreja do Rosário
O ensaio ressalta a importância da confirmação da presença negra no templo religioso. Fugindo do senso fotográfico comum, do olhar turístico para sua arquitetura, paredes e imagens sacras. Como resultado, a autora surpreende ao encher o ambiente com homens e mulheres negros, que de alguma maneira, ainda habitam a igreja. Utilizando de sua sensibilidade, construiu, através das manipulações digitais, o retorno de rostos e corpos anônimos do passado até agora.
Em seu trabalho, a fotógrafa sempre envolve temáticas de questões sociais e culturais. Ela explica que a parte de pesquisa iniciou no ano passado e que o ensaio é apenas o começo de algo maior, no qual dará continuidade.
“Relicarium é um grande desafio para mim, pois saio da fotografia diária e didática e vou tecendo elementos mais artísticos”.
disse Meysa Medeiros
A artista destaca primeiramente que deseja despertar o imaginário do expectador e a valorização e presença do negro no passado ancestral. Ainda mais, a sua proposta conta ainda com a exibição de um videoarte que será apresentado na abertura do evento e disponibilizado no Youtube.
O projeto foi viabilizado, todavia, através do edital “Apoio Financeiro às Expressões Culturais Religiosas 2021”, da Secretaria de Cultura (Secult-Funcarte), através da Prefeitura Municipal de Natal.
Sobre a fotógrafa
Meysa Medeiros é natalense, fotógrafa popular. Além disso, possui um olhar peculiar, investigando a cultura e a história da cidade do Natal. Também realizou os registros do bloco “Os Cão” da Redinha com o ensaio ‘Os Homens de Lama’, além do jovem periférico da capital do Rio Grande do Norte “O Pinta Natalense”. Ambos os trabalhos, portanto, tiveram visibilidade nacional através de mostras e premiações.
Serviço:
Abertura da exposição acontece nesta terça-feira, 20 de setembro, às 19h, no Museu Câmara Cascudo, Av. Hermes da Fonseca, 1398 – Tirol, Natal, RN. Data: 20 de setembro a 01 de outubro de 2022.
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