Como já dizia o ditado: “Se não tem no Google, tem no Alecrim”. Perambulando pelas ruas do Alecrim, eu descobri que existe uma rua chamada “Rua dos Ourives”, que é a concentração de pessoas especializadas em fazer joias dos mais variados tipos, com um preço mais em conta e trabalhando com metais verdadeiros. Sem contar que alguns desses trabalhadores vendem para grandes grifes, que revendem com um preço bem acima do que foi comprado. Por isso, o Alecrim é aquele espaço para comprar seu cordão de ouro.
Sabendo disso e da sua grande concorrência, uma das lojas resolveu divulgar os seus produtos de uma forma diferente: mostrando as suas joias em um carro de som com imagens. A loja em questão se chama Gigantão das Joias, no qual realmente quer ser um nome gigante no mercado.
Todo mundo não consegue dirigir normalmente ao ver o carro gigante de cor amarelada, com um som contagiante do Summer Eletrohits e divulgando os seus maiores produtos. O flagra acima aconteceu na avenida Presidente Bandeira, a famosa avenida 1. Quase bati o carro, mas valeu a pena tirar a foto. A intenção de mostrar que joias podem ser populares, diferente do glamour passado em anúncios da mídia e filmes da Marilyn Monroe.
A loja em questão também fica na mesma via em frente ao camelódromo, onde uma placa de ouro sinalizando a loja chama atenção. Então, fica difícil reconhecer que a loja vende joia, não é mesmo? (contem ironia).
Eles também fazem merchan em programas popularescos, como o “Patrulha da Cidade”.
Lembrei de DJ Urso do filme Bacurau
A divulgação do Gigantão das Joias lembra bastante o filme de Kleber Mendonça Filho. O longa narra a história de um pequeno povoado do sertão brasileiro que dá adeus a Dona Carmelita, uma mulher forte e querida que morreu aos 94 anos. Entretanto, dias depois, os moradores de Bacurau percebem que a comunidade não consta mais nos mapas, e que uma ameaça externa é iminente.
Durante o filme, no velório de Carmelita, mostra um carro de som gigante, manuseado pelo DJ Urso, que mostra as imagens da personagem de Lia de Itamaracá enquanto estava viva. Além disso, todo o som e informação da cidade pernambucana era divulgada pelo então “pancada do Araripe”.
Comum no interior do Nordeste
O paredão é comum em festas com pagodão, forró e arrocha. Além disso, era similar ao trio elétrico, sendo que voltado para carros automotivos. A sua origem veio nas festas particulares da cidade, cujo objetivo era criar um ponto de diversão urbana e reunir os jovens em locais que poderiam se divertir sem ser julgados, principalmente do Norte e Nordeste do país. Era uma forma de divulgar bandas locais que não conseguiam ter acesso ao rádio ou discursos políticos.
Os primeiros usavam do som automotivo, no entanto, para disseminar suas propostas pelas ruas das cidades a partir de discursos e jingles que pudessem reforçar suas chances de sucesso no pleito que se aproximava. Já os segundos tinham a propaganda como suas mensagens. Promoções, sortimento de produtos à venda, endosso da qualidade desses produtos, mudanças excepcionais no horário de funcionamento do comércio.
Começaram com veículos com os porta-malas abertos na frente de bares e ainda mais as adegas já faziam sucesso das capitais até as cidades mais interioranas.
Por que o carro? Segundo a reportagem do Novo Varejo, na rua quase nunca existia questões básicas de estruturas como uma tomada com ligação à energia elétrica, possuir mecanismos sonoros móveis era questão imperativa.
Os carros rapidamente passaram, portanto, a ser a primeira opção. Afinal, como contamos no início desse texto, eles já faziam esse papel nas esquinas de bares e adegas Brasil afora.
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