O frevo e as marchinhas não são exclusivos de Olinda, aqui em Natal também gostamos de bloquinhos e dançar frevo ao som das bandas que andam pelas ruas da cidade. Nos anos 70 e 80 nem se fala e foi nesta época que surgia a Bandagália, que animara os natalenses não só na folia de momo, como também nas prévias. Mas, uma outra tragédia mudou a vida dos integrantes.
O início
De acordo com o jornalista Ramon Ribeiro, os integrantes eram filhos da classe-média natalense, alguns professores, médicos, engenheiros, arquitetos, sociólogos, advogados, economistas, poetas, músicos, todos boêmios, farristas calejados, contestadores da Ditadura Militar, mas sobretudo adoradores do carnaval.
Sem contar que eles estavam cansados da mesmice dos blocos de elite e dos bailes de clube, eles propuseram algo anárquico, inclusivo, provocativo, com percurso que incluía desde a Praia dos Artistas, até a Ribeira e Petrópolis, passando por todo tipo de bar, em becos e passagens como a rua do Motor.
Assim, surgiu a Bandagália, escrito assim, bem juntinho. A banda começou a tocar a partir de um blecaute que deixou Natal no escuro por uma semana. Naquela época era comum os noticiários falarem dos apagões e havia vários motivos por trás disso. Somente no ano novo para 1982 que eles foram às ruas e tiveram bastante sucesso.
A partir dali, a grande programação da virada de ano na capital potiguar era seguir a folia da BandaGália até o amanhecer na beira da praia. Como se fosse curtir a galera na Praça do Gringo’s nos anos de 2000 e 2010.
O primeiro Carnaval da turma só foi acontecer em 1984, quando a prefeitura não pôde mais ignorar aquela manifestação genuína dos gauleses e convidou os organizadores da Banda para pensar o carnaval da cidade. Era a tentativa da cidade apagar o passado, visto que tinha acabado de acontecer a Tragédia do Baldo.
Foi na Praia do Meio
A BandaGália se tornou uma das principais atrações do carnaval de Natal, saindo sempre na sexta e na terça. Neste período, as pessoas andavam por Natal inteiras fantasiadas e paravam numa casa para tomar umas e outras. A inspiração veio por conta da Gália, a terra do Asterix. Os foliões eram conhecidos como gauleses. Mas, numa época, a pipoca ia junto, fazendo com que fosse uma aglomeração saudável.
A concentração começava na Praia do Meio e na Praia dos Artistas, mas subia até o Centro de Natal.
Outra tragédia marcou os natalenses
O fim da BandaGália aconteceu com a morte do arquiteto Chicão Marques em 1989 durante uma das festas na praia. Tinha umas 10 mil pessoas na rua.
O Chicão viu um cara tentando roubar a corrente de alguém. Ele foi intervir. O cara deu dois tiros nele, à queima roupa. Botaram ele num buggy e levaram para o hospital. Mas não resistiu. A insegurança e a morte de um dos integrantes fez com que a banda parasse de tocar, deixando um pouco silencioso o carnaval de Natal.
Somente em 2020 que eles voltaram a tocar no carnaval e relembraram os tempos de glória.
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