Boa vizinhança
O pedreiro afirma que é difícil ter uma briga entre os moradores da casa e todos tentam se ajudar de alguma forma, inclusive na hora da mudança. “Só teve gente que saiu daqui por causa disso daqui , olhe (aponta para o telhado todo destruído). Aconteceu há pouco tempo, caiu um pedaço deste prédio que fica na rua da frente. Derrubou o telhado da casa do meu vizinho, o estrago foi bem grande e o dono do prédio era quem deveria pagar para consertar aqui. Agora tá embargada pela Defesa Civil, por isso ele vai morar em outro lugar. A sorte dele que não estava em casa, pois estava no hospital com sua esposa”.
“Os anos iniciais da minha vida não foram marcados por nenhum acontecimento digno de registro. Tive uma infância como qualquer menino mais ou menos feliz, dividindo o tempo entre os divertimentos naturais da idade e os estudos”. Meu pai, João Fernandes Campos Café, filho de senhor de engenho, herdou o sítio do meu avô no Ceará-Mirim, onde passei algumas férias. Mas o verdadeiro cenário da minha infância e da minha formação foi Natal, onde nasci a 3 de fevereiro de 1899, em pleno Governo de Campos Sales, na casa de número 22 da antiga Rua do Triunfo, hoje Quinze de Novembro, situada na parte urbana chamada Ribeira”.
Disse Café Filho em seu livro “Do Sindicato ao Catete”, no ano de 1966, quatro anos antes de sua morte.
Os moradores da Vila e a história de Café Filho
Voltando a falar se sabiam que a casa tinha um valor histórico, José respondeu que sim. “Quando me mudei aqui, muitos historiadores, pesquisadores e o pessoal de escola com as freiras (perto do bairro existem muitas escolas católicas) apareciam aqui para falar que o Café Filho nasceu por aqui. Antigamente era bom para tirar foto, mas teve que modificar tudo, a vizinha que morava perto da gente (segundo José, ela faleceu há pouco tempo e era a moradora mais antiga da Vila) abria a porta para esse pessoal, colocava cadeira para conversar sobre o assunto”.
Além disso, ele falava que uma das visitas ilustres era da Madre Carmen Alves, diretora do Colégio Imaculada Conceição (CIC) e possuía forte influência política por ser irmã de Aluízio Alves, ex-Governador do Estado. “Ela vivia direto por aqui com os seus alunos, fazendo o movimento”, comentou o pedreiro da forma mais nordestina possível.
“O povo conversava demais, falava muito, chega não aguentava, estou aqui (risos). Além disso, a casa era cheia de gente o tempo todo, dava canseira”.
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