Falar a história da rabeca no Rio Grande do Norte e sem contar a biografia de Fabião das Queimadas seria um sacrilégio. Mesmo que tenha deixado a vida terrena há quase 1 século, ele é um exemplo para aqueles que querem tocar este instrumento que é a cara do Nordeste.
Fabião nasceu no município de Santa Cruz em 1848. Sua vida, no entanto, foi nada fácil, visto que era escravo da Fazenda do Coronel Zé Fereira. Após muito trabalho conseguiu pagar a sua alforria e, por conseguinte de sua mãe e sobrinha, no qual casou logo em seguida.
Seu nome completo é, portanto, Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha. Além disso, seu nome artístico é uma referência à fazenda onde foi escravo que se chamava Queimadas.
A sua relação com a rabeca começou aos 15 anos, quando conseguiu comprar o instrumento com dinheiro do trabalho na roça. Por conseguinte, começou a cantar na região, com a permissão e o incentivo de seu dono.
Foi cantando nas casas dos ricos de Santa Cruz, que conseguiu comprar sua alforria. Analfabeto, compôs o “Romance do boi da mão de pau”, com 48 estrofes. Sua carreira musical foi descoberta por Luís da Câmara Cascudo, uma vez que o mencionou em seu livro “Vaqueiros e cantadores” e ficaram amigos de longa data.
Tanto que Fabião, quando se hospedava em Natal, dormia na casa de Cascudo, que fica na Ribeira.
Ele também recebeu um forte apoio do senador Eloy de Souza, que também era negro, assistindo a uma apresentação de Fabião das Queimadas, na residência oficial do então governador Ferreira Chaves.
O Senador gostava tanto de Fabião que, sempre que podia, patrocinava-o nos grandes festivais de repentes e de vaquejadas pelo Nordeste afora.
Deixando a memória de Fabião das Queimadas viva
Em 1999, por ocasião dos 400 anos da cidade de Natal, teve seu “Romance do boi da mão de pau” recriado por Ariano Suassuna e por Antônio Nóbrega e, por fim, gravado no CD “Nação potiguar”.
Suas composições apresentam traços dos romances herdados da idade média. Em 2006, no entanto, foi apresentado programa especial sobre sua vida e sua obra, na TV Futura.
Fabião continuou a rabeca até sua morte
Durante a reportagem Fabião contou como montava seus versos.“Quando eu quero tirar uma obra, me deito na rede de papo prá riba, magino, magino e quando acabo de maginar, está maginado pru resto da vida”.
Fabião morreu em 1928, aos 68 anos, vítima de tétano em uma fazenda onde fica hoje a cidade de Barcelona. Entretanto, Barcelona ainda pertencera à Santa Cruz. Por isso, os registros apontam que o rabequeiro falecera na segunda cidade anunciada.
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