Em resposta a suspensão do edital de séries LGBT para a televisão públicas pelo Governo, o Mulungu Audiovisual em parceria com o Movimenta – Cineclubes e organizações populares vai promover em Natal a exibição de cinco filmes censurados e criticados pelo presidente Jair Bolsonaro. A primeira sessão acontece nesta segunda (23), a partir das 13 horas, no auditório do Decom, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e a segunda sessão na próxima quarta (25) será no Teatro de Cultura Popular, anexo da Fundação José Augusto, a partir das 14 horas. A entrada é gratuita
O evento contará com a participação de debatedores em seu primeiro dia. “Para ampliar nossa reflexão sobre os tempos de intolerância que estamos vivendo, convidamos três debatedorxs que abordarão os filmes, o contexto histórico e a atual conjuntura política a partir de perspectivas complementares”, diz a organização do evento. Os convidados são Dênia Cruz, Christian Luiz e Jaciara Araújo.
Dênia Cruz é documentarista e produtora audiovisual. É docente da Especialização em Produção de documentário da UFRN. Conselheira da ABDeC-RN. Produtora executiva da Setcenas e Prisma Filmes. Participou como curadora, palestrante e júri dos festivais Cine Nordeste e Nordestelab (2017), dentre outros. Foi parecerista do FunCultura Audiovisual de Pernambuco (2016) nas categorias “Revelando os pernambucos” e “Cineclubismo”. Dirigiu e produziu “Leningrado, linha 41” (2017), foi produtora executiva do documentário “A parteira” (2018) e é diretora e idealizadora da série documental “Onde está o cinema brasileiro” (em produção).
Christian Luiz é empresário do ramo gastronômico na empresa Degust Churros e graduando em Administração da FAL Estácio – Faculdade de Natal. Defensor da causa trans, constrói um relacionamento estável há 10 anos e conquistou sua estabilidade financeira.
Jaciara Araújo é Educadora no Cursinho Popular Marielle Franco, da Rede Emancipa, e ativista no grupo de Ativismo da Anistia Internacional Natal. Iniciou sua militância/ativismo há três anos debatendo sobre questão racial e negritude na sociedade brasileira e sua repercussão no cotidiano. É doutoranda em Engenharia Química na área de biotecnologia e Assistente em Administração na UFRN. Credita suas conquistas a força e resistência de sua mãe.
Já no segundo dia a discussão será com três mulheres que estudam bastante o audiovisual e também as políticas públicas para minorias, que são Renata Nascimento, Pollyana Carolina e Elizabeth Lima.
Renata Nascimento é discente do Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia, tendo atuado na produção audiovisual (TV e Cinema). Como agente mobilizadora do Cinema Pela Verdade e Circuito Universitário de Cinema, promoveu 76 sessões no estado exibindo filmes com debate sobre o Golpe de 64 e seus desdobramentos no cone sul e Direitos Humanos.
Pollyana Carolina é vice-presidente do Conselho Estadual da Juventude, conselheira municipal LGBT, secretária geral da Atransparencia/ RN e integra o coletivo LGBT Leilane Assunção.
Elizabeth Lima é assistente social, especialista e mestra em serviço social, e uma das fundadoras do Movimento Negro do RN. Integra as organizações AJAGUM OBÍNRÌN, a Rede de Mulheres Negras do NE, a Articulação Nacional Mulheres Negras Brasileiras e a Coordenação Nacional de Entidade Negras. Atuou como Gerente de Projetos na Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial (2004 a 2007) e como a primeira Coordenadora de Política de Promoção da Igualdade Racial do RN (2007 a 2010).
Confira a seguir a sinopse de cada um dos filmes censurados:
O Brechando apresenta aqui os filmes que serão exibidos nesta semana em Natal. O resultado pode ser conferido a seguir:
Afronte (DF) de Bruno Victor Santos e Marcus Azevedo
Ficção e documentário se cruzam para mostrar o processo de transformação e empoderamento de Victor Hugo, um jovem negro e gay, morador da periferia do Distrito Federal. Seu relato se mistura aos depoimentos de outros jovens, cujas histórias revelam diferentes formas de resistência, encontradas em discursos de valorização do negro gay.
Aqueles Dois (CE) de Emerson Maranhão
Dois rapazes. Duas histórias que se cruzam. Duas vidas unidas por uma condição que define suas existências. Duas jornadas em busca de amor e de se reconhecer no espelho.
Rebento (BA) de Vinícius Eliziário
Zói, ao saber da gravidez de sua namorada, desata em si, sentimentos suspensos. pedro, só queria terminar o desenho de sua família.
Nosso Sagrado (RJ) de Fernando Souza, Gabriel Barbosa e Jorge Santana
Na Primeira República (1889-1930) como também na Era Vargas (1930-1945) as comunidades tradicionais de terreiro eram criminalizadas, seus religiosos perseguidos e seus objetos sagrados eram apreendidos. No Rio de Janeiro, há registros de que mais de 200 objetos foram apreendidos pela polícia, que após o final da criminalização oficial passaram a fazer parte do acervo no Museu da Polícia Civil. O documentário Nosso Sagrado aborda o passado de perseguição das comunidades tradicionais de terreiro, a coleção “Magia Negra” que se encontra no Museu da Polícia, a dificuldade de acesso ao acervo por religiosos, pesquisadores e a população em geral, bem como a luta para libertar os objetos sagrados que estão há 100 anos sob posse da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. O documentário foi licenciado para o Canal Futura.
Mente Aberta (RJ) de Getúlio Ribeiro
Após um término de relacionamento, homem confabula sozinho, no banho, sobre razões em que foi abandonado.
Serviço – Censura Nunca Mais – Exibição de filmes censurados
Quando: 23 e 25 de setembro
Data: 23/09:13h -17h, 25/09:14h -18h30
Onde: Auditório I (Decom/UFRN)/Teatro Chico Daniel (TCP/Fundação José Augusto).
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