O Brechando nunca precisou ser sério para fornecer informações (ainda bem!), quanto mais agora que uma instituição com mais de 60 anos de tradição – que me formou para ser uma jornalista – está em risco de parar de funcionar; se houver os cortes de 30% prometidos pelo Governo Federal, como se fosse uma pegadinha sem graça. Parece brincadeira quando alguém noticia isso ou um trote, mas não é. Alguém quer cortar 3/10 dos gastos das universidades porque quer e não existe algum motivo concreto ou estudos de pesquisa para isso, embora o Ministro da Educação acha tem cacife para falar de universidade, mesmo que reprovara em todas as matérias do segundo semestre na Universidade de São Paulo (USP), e ainda confundir 3% por 30% na live do presidente.
Inicialmente esses cortes eram apenas para universidades que promoveram eventos de movimentos estudantis, alegando “Bárlburdia”. Ou seja, a meta é incomodar a educação e tudo que for considerado de “esquerda”. Porém, esquecem que não é só de Karl Marx que se vive a filosofia, uma vez que lá também se estuda Adam Smith, considerado o pai do liberalismo econômico. Assim, os cortes não vão atingir apenas quem é “comunista”, mas os eleitores do Jair Bolsonaro que possuem empresas incubadas em órgãos da UFRN, bolsa de pesquisa e dentre outras atividades.
Pois é, grupos de direitas das universidades federais, o Diretório Central de Estudantes (DCE) de quem tanto vocês criticam estão te carregando pelas costas no dia 15 de maio.
Não é de hoje que a universidade está sofrendo com cortes, uma vez que já houveram, prejudicando a redução na quantidade de bolsas e da expansão da universidade, que realmente existiu entre 2002 a 2015. Quem estudou nesse período, como eu, sabe que apesar dos probemas da instituição pública, nunca faltou algo na universidade, pois a estrutura universitária era boa, tinha acesso à bolsa e a gente tinha projeto de extensões para aprimorar a profissão, no qual me ajudaram ter qualificações para conseguir os meus três estágios durante a graduação.
O mundo não era perfeito, criticavamos a desigualdade das verbas entre os cursos de tecnológicas para humanas. Mas, nunca pensávamos que um governo fosse diminuir verbas de dois cursos por ouvir apenas estereótipos. Mostrando que o presidente não tem algum preparo ou conhece as Leis de Diretrizes Básicas da Educação. Eles alegam que vão investir na educação básica, algo que é contra a Constituição Federal, uma vez que o documento diz que o ensino infantil e fundamental deve ser investido pelo Município e o ensino médio no Estado, além de ser contrário as diretrizes da Organização das Nações Unidos (ONU) para o desenvolvimento até 2030.
Voltamos aos anos 90 e início dos anos 2000 quando a infraestrutura da UFRN era precária, matagal quase entrando nas salas de aulas (funcionando apenas no ventilador), queda de energia o tempo todo por falta de pagamento e cursos em risco de ser fechado, incluindo o de Comunicação Social, no qual um jornalista diz que a UFRN deveria fazer uma autocrítica a partir dos gastos. O corte de verba, segundo a instituição, vai prejudicar o pagamento dos gastos básicos, como pagamento de funcionários públicos, contrato da terceirização e também na parte da infraestrutura. Por isso, o medo da universidade de voltar ao pânico agora é um motivo mais real do que nunca. E, o pior, de até mesmo parar.
A questão não é fazer autocritica, pois isso não vai atingir apenas a UFRN e a Universidade Federal do Semi-Árido (Ufersa), mas principalmente grandes instituições. A Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ), por exemplo, está sofrendo um amplo processo de sucateamento e esses cortes são apenas a cereja do bolo. Sem contar de outras universidades federais, graças à uma péssima gestão de reitores, estão sofrendo um forte risco de acabar e tiveram o golpe final com esse bloqueio de verbas.
A greve em favor da educação não é apenas de um lado político, mas o direito de todas as camadas sociais terem acesso ao ensino superior com qualidade. Além disso, a maioria da pesquisa científica não vem das grandes empresas brasileiras e sim investida dentro das universidades, que vai desde uma simples horta orgânica até criação de produtos para a saúde. Portanto acabar cabar com a ciência é terminar com o progressso.
Sem contar que o fim das universidades federais também ajudará a piorar a saúde pública, visto que muitos hospitais federais são responsáveis por salvar algumas unidades da super lotação. O que seria do Walfredo Gurgel sem o Onofre Lopes da UFRN ?
Para aqueles que são a favor, eu tenho pena, pois nunca tiveram acesso a grandes debates, nunca tiveram suas bolhas sociais furada, conviveram com as pessoas dos mais variados tipos, tiveram oportunidade de estudar os mais diversos assuntos e, principalmente, aprendeu dentro de uma universidade.
Deixe um comentário