Domingo é Dia das Mães e mais uma vez falando da minha mãe, falando desta vez de autoconhecimento. No ano passado foi a vez dela de falar. Já me diziam uma vez que entender a minha mãe, queira que não queira, é uma forma de me entender. Apesar de não parecer nada fisicamente com mainha, eu tenho um pouco da personalidade dela, no sentido de ser honesta no que faz e não ter medo de falar a verdade, principalmente quando algo está errado, além de ser curiosa com a vida. Foi sendo curiosa que descobri certas atitudes minhas que acontecem pelo fato dela também agir assim, uma delas é marcar as pessoas através da música.
Para quem não sabe, eu e minha mãe gostamos muito de música e todas as nossas atividades são movidas escutando algo. Desde os estudos até varrer o chão. Minha avó dizia que ela tinha mania de deixar os livros espalhados pelo quarto, algo que também faço. Ela sempre deixou pegadas da sua juventude para gente pegar, foi através de brincadeiras com o seu gravador, quando a mesma usava na faculdade de jornalismo, me fez querer saber um pouco mais dessa profissão.
Além disso, eu admirava ouvir os LPs dela, no qual ainda não consegui escutar todos e sempre tiro um do quarto onde ela guarda as suas bagunças nostálgicas.
Neste exato dia, meus pais foram viajar para o interior do estado e fiquei em casa sozinha. Após tomar um banho gelado e ter aquela sensação de autocuidado, resolvi vasculhar os vinis que estavam na bagunça de mainha para saber se havia algo de interessante. Achei um LP branco com a capa psicodélica até demais e pensei: “Oxe, nada a ver mainha escutar umas coisas psicodélicas”. Aí vi a mensagem do ex se declarando para ela e continuei a pensar:
“Tinha que ser homem mesmo, vou ouvir pelo menos se tem um gosto musical de vergonha, mas para mainha esconder tem cara de não”.
O nome da banda era até desconhecido para mim, que adora “brechar” uma banda diferente a cada dia. Painel de Controle, este era o nome e pesquisando na internet era natural da baixada fluminense, lançando dois discos e um deles é “Desliga o Mundo”, o álbum para quem tem interesse de escutar é esse aqui:
Confesso que fiquei decepcionada, pois pensaria que seria algo mais psicodélcio, como o “Lágrimas Azuis” do Impacto Cinco. Não que o álbum seja totalmente ruim, pois algumas faixas apresentam um rock bem suingado, que dá para dançar com aquele crush. Porém, as letras não são as melhores coisas.
Ao analisar o disco, eu comecei analisar algumas marcas da dona Alice adolescente em mim, uma adoradora raiz da disco music, álbum estava com faixas mais arranhadas que a outras. Percebi que a primeira faixa, “Black Coco”, foi tão escutada que o vinil dava linha de vez em quando. Pesquisando descobri que a música era hit de uma novela da Globo que passava em 1978 e mainha é uma noveleira raiz. No meu caso, sou mais com séries e filmes, sempre escuto as trilhas sonoras do que assisto.
Outra coisa que percebi foi como esse LP estava bem guardado até demais, dando a entender que depois desse término de namoro nunca mais escutou este grupo na vida.
Foi aí que identifiquei que mamãe tem as mesmas manias ao escutar música, como quando pensar em certas pessoas com qual tenho afinidade fico vidrada e escuto até enjoar. Quando terminei um namoro, eu parei de escutar Foo Fighters, por exemplo, porque era a banda favorita do abençoado.
Ao chegar em Natal, cheguei atrás de mainha com um bombardeio de perguntas sobre o LP e cada vez admirada ao mostrar que nossos pais já tiveram exs, sofreram por amor e foram jovens algum dia.
Isto mostra que por mais que tentamos parecer diferentes, a gente vai pegar umas manias de nossos pais.
E Feliz Dia da Mães!
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