Brechando/Cidades / Sopa Vegan: usando o veganismo para outra boa causa

Sopa Vegan: usando o veganismo para outra boa causa

O veganismo é um movimento a respeito dos direitos animais. Independente dos debates na mídia, universidade ou, até mesmo, na roda de amigos, pessoas vegan natalenses estão se unindo nas terças e quintas para fornecer alimento para aqueles que não possuem lar e muito menos sabem o que vai ser no dia seguinte. Toda a…

Compartilhe:

O veganismo é um movimento a respeito dos direitos animais. Independente dos debates na mídia, universidade ou, até mesmo, na roda de amigos, pessoas vegan natalenses estão se unindo nas terças e quintas para fornecer alimento para aqueles que não possuem lar e muito menos sabem o que vai ser no dia seguinte. Toda a ação é feita de forma colaborativa, onde pessoas doam os alimentos, roupas, material de higiene pessoal e dentre outras coisas para fazer o rango.

Sopa é preparada todas as quintas

Tudo começou no ano passado, quando o músico Charliê Chancho estava em seu kitnet e estava bastante chateado com as consequências da vida e dificuldades, mas dentre os seus pensamentos teve uma ideia de ajudar aqueles que não tinham nada. “Fiquei pensando que estava reclamando dos meus problemas à toa enquanto tinha gente que tinha problemas mais sérios que os meus e muitos não tinham nem o que comer e muito menos algum lar, então resolvi fazer a sopa.”.

A primeira pessoa que ajudou na empreitada foi uma moça chamada Nara Salles. “Ela foi um grande coração para o começo do Sopa Vegan”, falou.

Sem Deus, Sem Partido, como o lema da Sopa Vegan já diz, eles ajudam pessoas em situação de rua na zona Leste de Natal, como Teatro Alberto Maranhão, embaixo do viaduto do Baldo e algumas ocupações que ficam na fronteira entre Rocas e Ribeira. Nas terças, eles estão começando a fornecer almoços para aqueles que moram no Baldo, com arroz, feijão e outros alimentos que não tem alguma origem animal em seu preparo.

Fotos: Lara Paiva

Com a ajuda de super amigos, o que era para ser uma simples ação se tornou uma atividade marcada na agenda nas quintas: ajudar aqueles que precisam. “Começou com alguns amigos e depois veio pessoas querendo a ajudar fazer sopa, mas que começamos uma amizade e no final todos se ajudam em prol de uma mesma causa”. Além disso, existem vários pontos de doação dos alimentos, no qual falaremos no final deste texto.

A sopa começa no início da tarde, mais ou  menos 14 horas, quando as pessoas começam a cortar as verduras e legumes, recentemente eles conseguiram um processador a partir de uma doação, que ajuda a moer o alho mais rápido. Tudo era cortado ao som de boa música, que alternava entre o punk, rebeldes da Música Popular Brasileira (MPB) e uma pitada de roquenrol, tudo isso para deixar o alimento mais preparados para aqueles que estão matutando na cabeça de como vão terminar o dia. “Tem algumas pessoas que sabem que toco na Ribeira e quando me veem, sempre perguntam pela sopa”, vibrou o Charliê.

Os colaboradores veem aos poucos sempre gritando um “AEEEEEEE”, no qual rapidamente as pesosas de dentro perguntam: “QUENHÉ?”. Após a resposta, abriam a porta rapidamente e sempre na sacola algum tempero ou algum mantimento para entregar aos moradores, independente que seja meio chuchu ou um quilo de cenoura. O importante é que saísse a sopa e sem alguma origem animal. Tudo isso sob a observação do gato Vegan, considerado o mascote deste projeto, que sempre estava deitado numa gigante almofada, enquanto tinha gente espalhada na pequena casinha de Charliê. Alguns acharam melhor cortar a cebola na parte da lavanderia e mesmo assim, o chororô continuara.

Mesmo numa cortada e outra, o Charliê observava se estava o suficiente naqueles dois caldeirões gigantes, no qual nenhum colaborador sabia a quantidade exata de litros. “O engraçado é que todo jornalista que vem aqui pergunta sobre o assunto e a gente esquece de medir (risos).”.

Legumes, verduras e temperos colocados na panela, hora de colocar o macarrão. O relógio quase bate seis horas, quando a sopa está pronta. Depois é hora de ir às ruas, pegar as doações de roupas e descer até o Largo do Alberto Maranhão, onde pessoas, de todas as idades, muitas vezes acompanhados de suas famílias,  já estavam concentradas para receber o sopão.

[the_ad_placement id=”2″]

“No início alguns estranhavam o fato da sopa não ter alguma carne ou derivado, mas depois eles amam a sopa”, explicou o idealizador, que além da banda, também trabalha com feijoada e acarajé vegano sobre encomenda.

Os colaboradores fornecem roupas, água e sopa para o pessoal, além de estar com o coração e ouvido abertos para os desabafos de como é viver na rua, além de brincar com a criançada. “Uma das primeiras vezes que a gente foi fazer o almoço, apareceu um rapaz que tinha 20 anos e sempre acompanhado por cachorros. Ele chegou até a mim e perguntou: ‘Isso é vegan é? Queria não poder comer carne, mas infelizmente não sei o que vou comer no dia seguinte’. Isto me fez refletir nas nossas escolhas e como fazer para acabar com a fome”, comentou Ícaro Cunha, um dos colaboradores da sopa.

A Sopa Vegan recebe doações em dois pontos na cidade:

Feijuca Vegan – Rua Vaz Gondim, 811, Cidade Alta, Natal/RN (em frente ao Sindicato dos Comerciários).

Libre Café Vegano – Rua Astolfo Alves, 1959, Candelária, Natal/RN

Caso querem doar algum valor financeiro, eles criaram uma conta em um site de financiamento coletivo, clique aqui. Para mais informações é só acessar o Instagram.

Confira todas as fotos registradas do projeto, pelo Brechando, a seguir:

[metaslider id=”24615″]

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

Clique aqui para saber mais.

Arquivos

Chuva de palavras

Alecrim Arte banda Brechando Brechando Vlog Campus Party carnaval Cidade Cidade Alta Cidades cinema Covid-19 Cultura curiosidades Dosol entrevista Evento eventos Exposição feminismo Festival filme filmes Historia lgbt livro Mada mossoró Mudanças Mulher Música Natal pesquisa Peça potiguar projeto Quarentena Ribeira Rio Grande do Norte RN Rolé Show Teatro UFRN ônibus