Uma frustração no tempo de faculdade, em meados do ano de 2011, foi o fato de nunca ter participado do Circuito Cultural Ribeira. Na época, eu não tinha pessoas em minha volta muito animadas para largar o domingo de descanso e deslocar rumo ao tradicional bairro da Ribeira. Quem não fosse ao Circuito, você não era considerado “cool” na UFRN. Os corredores do Setor II na segunda-feira só falavam do que rolou no evento e ficava boiando sobre as novidades.
Como nunca fui “cool” nem nos tempos de escola, eu tentava me focar nas bolsas de pesquisa e estágios, apesar de querer dançar Talma & Gadelha, além de aprochegar nas minhas bandas potiguares favoritas.
Mas, neste ano, eu resolvi mudar e fui atrás do evento que está de volta na capital potiguar neste semestre. O evento foi criado pelo Centro Cultural Dosol e a Casa da Ribeira, com o objetivo de revitalizar o bairro.
Por isso, vários pontos do bairro foram fechados e diversas atividades culturais foram realizadas, como a Av. Duque de Caxias (próximo do Largo Dom Bosco), Rua Frei Miguelinho (onde rolavam as atividades de artes cênicas, dança e discotecagem) e a Rua Chile, onde rolava os principais shows.
Após uma carona amiga, eu e o João Paulo Isnard (produtor cultural, empresário e parceiro dessa brechada) mais dois amigos resolvemos seguir a Nação Zambêracatu, que mistura o maracatu conhecido de Pernambuco e o Zambê, que é bem parecido com o Coco de Roda e muito comum no Litoral Sul do estado.
Parodiando Caetano: “Atrás do Maracatu só não vai quem já morreu”. Lá fomos nós andando e sendo seduzidos pelas batidas do tambor, no qual rapidamente fazia a gente querer dançar, inclusive as crianças que estavam ao redor com seus pais e avós.
E com um celular na mão e um desejo no coração (LIMA, Kelps), resolvi registrar tudo. Na verdade, quase tudo, pois queria assistir novamente “A Invenção do Nordeste”, porém as filas para os ingressos na Casa da Ribeira dava voltas.
A Ribeira estava um mar de gente e tinha muito conhecido andando por essas mudanças, no qual a cada passo era: “Oi, tudo bem ?”. Também cheguei a conhecer pessoas que só havia me comunicado apenas na internet. Provando que a cultura pode unir pessoas e levar gente que está acostumado no seu mudinho a sair de sua bolha.
Sem contar que era o momento onde as pessoas poderiam demonstrar a sua arte, desde se vestir de uma forma extravagante ou até sair montada de drag queen.
Isso dava um brilho no festival, além de um bom momento para ficar vendo a beleza de alguns casarões, mesmo alguns sendo desgastados com a falta de cuidados dos governantes.
Após andar no famoso “Beco da Quarentena” chegamos na famosa Rua Chile e a Nação Zambêracatu parou no Dosol. Assim, foi o início do festival. Após a primeira banda, todo mundo se apertou para tentar assistir a estreia da Potyguara Bardo, como cantora.
Para quem não sabe, Potyguara é uma famosa drag queen. Faz performances bem marcantes, chegando a voltar para casa e ficar refletindo sobre a vida. Além disso, ela trata bem todas as pessoas em sua volta, não é aqueles famosinhos alternativos que fica se achando a última bolacha do pacote.
Por causa dessas características citadas, o pessoal abarrotou o Dosol. Se tirasse o meu pé, uma outra pessoa ocupasse. As meninas calorentas tiveram que prender o cabelo e amarrar a blusa, eu incluindo.
Porém, fui vencida pela falta de ventilação e estive na porta ouvindo “Simulacre”, que está disponível no Spotify e uma das apostas do selo Dosol, através do Projeto Incubadora. Agora quero um show particular para compensar.
Caso não seja muito fã das novidades natalenses, tinha o Ateliê colocando a banda “Boca de Sino”, grupo focado nas músicas de flashback dos anos 80 e 90. Tocavam desde o hard rock do Scorpions até a sofrência do Roxette.
Logo após veio o artista Raphael Dumaresq colocar a sua playlist eclética fazendo metaleiro dançar forró, igual ao que aconteceu no Arraía Outro Par. Encerrando a festa com chave de ouro.
Apesar de não ter ficado na programação, o Alchemist abriu as suas portas no domingo e recepcionou as pessoas com DJs e muita caipirinha. Outras casas da Rua Chile também deveriam fazer o mesmo.
No entanto, a minha festa terminou de uma forma um pouco bizarra. O relógio marcava 10 da noite e precisava voltar para casa, fiquei sentada na calçada do Ateliê enquanto o João Paulo, citado acima, estava saindo do Ateliê.
Quando de repente aparece uma menina andando chateada e chutou uma garrafa de Heineken (por sinal, minha cerveja favorita) com tudo. Batendo na calçada e os estilhaços caindo em mim. Apesar de não me ter machucado, me assustei e depois estive com raiva desta menina abençoada. Se você é uma leitora do blog e chutou uma garrafa na Ribeira neste domingo, quero que saiba que isto foi feio e na próxima soca a parece ou vai bater em um saco de boxe.
O Circuito Cultural mostra que é possível os natalenses se divertirem no domingo e é uma excelente oportunidade para conhecer mais o bairro, além dos artistas locais.
Veja as fotos completas a seguir:
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