“Ei, vamos colocar combustível?”, esta foi a frase do meu pai quando cheguei em casa após fazer um exame de sangue neste sábado (27). A minha prioridade neste fim de semana não era encher o tanque de combustível e muito menos ficar vendo que a tv aberta estava monitorando a greve dos caminhoneiros como o sinal do fim dos tempos pior que o apagão que aconteceu no Nordeste neste semestre.
Eu via os noticiários e as pessoas realmente estava tratando como o fim dos tempos, principalmente quando via gente fazendo filas com os braços cheios de galões de gasolina. Estava tranquila, meu tanque ainda não tinha chegado na metade, chego no meu trabalho em cinco minutos e os meus afazeres eram em lugares com menos de cinco quilômetros de distância. Mas, muita gente não estava pensando assim e meu pai era um exemplo disso.
Pai representa muita gente que utiliza o carro como o principal meio de transporte. Assim como ele, muitos preferem o conforto do ar-condicionado, direção hidráulica e uma rádio para escutar, do que pegar ônibus lotado, cheio de gente, motoristas ignorantes ou veículos que são mais velhos que a rainha Elizabeth da Inglaterra. Além disso, os trens de Natal tem poucos horários e rotas são apenas para Parnamirim e Ceará-Mirim.
Ele pensava: “Sem gasolina, sem chance para ir ao trabalho no Centro de Natal (consequentemente, chance de perder o seu rendimento) e ir caminhar para alguma atividade de lazer”.
Assim como painho, a pergunta do fim de semana para muita gente que tinha carro era: “Como vou trabalhar na segunda-feira?”. Desesperado, ele pediu para que eu fosse com ele para encher o tanque de gasolina e rapidamente fomos procurar qual era o posto que estava mais em conta. Através dos amigos, pelo Whatsapp, ele soube de alguns que já não tinham mais combustível, sobrando apenas aqueles movidos à gás.
Aquele momento preferia estar na fila da tatuagem novamente.
Na Avenida Roberto Freire, no sentido para Praia de Ponta Negra, há quatro postos de combustível, três da Petrobrás e um da Shell. Durante o caminho percebemos que dois postos já não estavam vendendo gasolina, e o da Shell, fica próximo de um grande supermercado também não tinha nada e os cones impediam a nossa entrada.
Além disso, uma das unidades da Petrobrás vendia gasolina no preço normal, mas só aceitava cartão de débito ou em dinheiro. Sabendo que isso era impossível em Capim Macio e Ponta Negra, onde concentram as principais famílias abastadas de Natal.
Quando estávamos perto de desistir, a gente viu um monte de carros e logo percebemos que era o último posto de gasolina da avenida. Pai, que tem uma visão política totalmente contrária a minha, ficava falando o tempo todo:
“Coitado, este homem foi andando com a moto no prego”
“Tem que parar para acabar a corrupção do país”
“Michel Temer tem que ser preso”
“Esse país só tem ladrão”
Enquanto isso as pessoas estavam disputando a tapa, que nem uma calcinha quando está 99 centavos no Alecrim. Alguns motoristas com os seus carrões, leia-se Hilux, diziam que iriam entrar na rua lateral do posto para furar a fila ou tentar dizer que iria calibrar o pneu para avançar mais rápido, causando um desconforto. Após uma hora de fila, o frentista prontamente nos atendeu e orientou quais eram as bombas que estavam funcionando.
Lá ainda tinha combustível, mas: só havia a gasolina podium, que era a mais chique, potente e estava custando 7 reais o litro. Depois que cheguei em casa fui pesquisar se o preço era realmente aquilo mesmo. Na verdade, este é o combustível mais caro do país, perdendo para o diesel.
A composição da gasolina podium torna ela um combustível que visa a alta performance do veículo. Essa gasolina é um dos principais produtos oferecidos pela Petrobras, estatal relacionada ao mercado de petróleo. Por tempos, a petrolífera investiu em pesquisa para desenvolver um combustível que potencializasse o desempenho do motor de um carro e poluísse menos que as gasolinas comum e aditivada. Em termos de categoria, a podium se enquadra na premium. A estatal ainda afirma não haver outro combustível equivalente no mercado, sendo a podium a melhor dentre as gasolinas premium.
Uma das principais características desse combustível é a sua elevada octanagem, provavelmente a maior do mercado. Enquanto a gasolina comum possui 87 de IAD (Índice Antidetonante), a podium da Petrobrás garante uma octanagem de 95 IAD. Simplificando ao máximo, a octanagem é uma característica que mostra o quanto a mistura do ar e do combustível suporta altas pressões e temperaturas formadas na câmara de combustão interna do motor antes da queima. Ou seja, quanto maior for a octanagem, mais fácil será para o carro atingir um desempenho próximo do seu máximo.
A gasolina podium também apresenta um baixo teor de enxofre, de 30 mg/kg. Em qualquer outra gasolina do mercado, esse teor é, no mínimo, 50 mg/kg. Essa medida implica no menor impacto ambiental, devido a emissão de poluentes pelo carro ser reduzida. Desde 2002, ano de seu lançamento, a podium está adequada ao controle de emissões que se tornaram obrigatórias em 2014. Além da questão ambiental, o motor também se torna mais protegido e preservado com a gasolina podium.
Em menos de 20 minutos, o carro estava com o tanque cheio e o Brechmóvel e o carro do meu pai estavam com tanque cheio. Mas, valeu a pena? Foi bastante caro e depois descobrimos no final da tarde que o posto mais perto de casa conseguiu repor o estoque de gasolina no final da tarde, após ter sido liberado no bloqueio da estrada de João Câmara. Sem contar que depois a fila para o posto que abastecemos, no final da tarde estava, mais tenso que nunca.
E a gasolina podium? É boa mesmo? Até agora não achei essa coca-cola toda!
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