Hoje é sexta-feira de carnaval, também conhecida como o primeiro dia da folia de momo, apesar de alguns que já começaram na noite desta quinta-feira. Para não passar o carnaval em branco, o Brechando resolveu contar a história das escolas de samba no Rio Grande do Norte, que é tão tradicional quanto as existentes no Rio de Janeiro e São Paulo, apesar de não ter a mesma estrutura das duas capitais (na verdade, elas sofrem do mesmo jeito que as escolas da quinta divisão do carnaval carioca e paulistano). Durante o fim de semana, muita gente se desloca de suas casas até a avenida Duque de Caxias para ver a Balanço do Morro, Malandros do Samba, Imperatriz Alecrinense, dentre outras.
Sabia que atores, como o Raul Cortez, já chegou a desfilar nas escolas de Natal? Vamos contar a história destas escolas nesta postagem no blog. Tudo começou com a história do samba, no início do século XX, quando os negros recém-alforriados se reuniam para se encontrar e fazer batucada. O termo “batuque” era a denominação comum a qualquer manifestação que reunisse canto, dança e uso de instrumentos dos negro.
Existem algumas versões acerca do nascimento do termo “samba”. Uma delas afirma ser originário do termo “Zambra” ou “Zamba”, oriundo da língua árabe. Uma outra diz que é originário de um das muitas línguas africanas. No Rio de Janeiro, no entanto, a palavra só passou a ser conhecida ao final do século XIX, quando era ligada aos festejos rurais, ao universo do negro.
Comparado com o maxixe e o tango, o samba aos poucos estava sendo pavimentado e, já dispondo de instrumentos percussivos, foi gradualmente ganhando popularidade como ritmo musical do Rio de Janeiro.
A Tia Ciata foi uma das responsáveis pela sedimentação do samba carioca. Uma das principais lideranças negras da Cidade Nova, Ciata comandava uma pequena equipe de baianas que vendia doces e quitutes, confeccionava trajes de baianas para os clubes carnavalescos oficiais e era muito respeitada por parte da elite carioca. Muitas composições foram criadas e cantadas em improvisos, caso do samba “Pelo telefone” (de Donga e Mauro de Almeida), samba para o qual também havia outras tantas versões, mas que entraria para a história da música brasileira como o primeiro a ser gravado, em 1917.
O grande propulsor de mudanças dentro do samba urbano carioca foi o bairro de Estácio de Sá, onde surgiria a Deixa Falar, a primeira escola de samba brasileira. Inicialmente um rancho carnavalesco, posteriormente um bloco carnavalesco e por fim, uma escola de Samba, a Deixa Falar teria sido a primeira a desfilar no carnaval carioca ao som de uma orquestra de percussões formada por surdos, tamborins e cuícas, aos quais se juntavam pandeiros e chocalhos. Formada por alguns compositores do bairro do Estácio, entre os quais Alcebíades Barcellos (o Bide), Armando Marçal, Ismael Silva, Nilton Bastos e mais os malandros-sambistas Baiaco, Brancura, Mano Edgar, Mano Rubem, a “Turma do Estácio” marcaria a história do samba brasileiro por injetar ao gênero uma cadência mais picotada, que teve endosso de filhos da classe média, como o ex-estudante de direito Ary Barroso e o ex-estudante de medicina Noel Rosa. Este conjunto instrumental foi chamado de “bateria” e prestava-se ao acompanhamento de um tipo de samba que já era bem diferente dos de Donga, Sinhô e Pixinguinha, ou seja, um samba que adquiria uma característica de música mais “marchada” e que fosse devidamente ritmado de forma que pudesse ser acompanhado no desfile de carnaval.
As inovações rítmicas dos sambistas da Estácio de Sá foram assimiladas por blocos carnavalescos em Osvaldo Cruz e também alcançaram os morros da Mangueira, Salgueiro e São Carlos.
Neste mesmo período, surgiram as primeiras escolas em Natal, nos bairros da Ribeira, Cidade Alta e Alecrim. A primeira escola que se tem registro é a Batuque do Morro, na década de 30. Nas décadas de 50 apareceu Asa Branca. Porém, o berço do samba potiguar é o bairro das Rocas, onde nasceu a tradicional Malandros do Samba. Ninguém sabe exatamente a origem do samba, mas sabemos que a Malandros surgiu na porta da Igreja Sagrada Família que fica no bairro da zona Leste.
Em 1966, houve uma divisão da escola e, com isso, surgiu a Balanço do Morro. Hoje, a Malandro e a Balanço são as principais escolas e eterna rivais. No ano passado, a segunda citada foi a campeã do carnaval natalense.
Neste ano, 7 escolas de samba foram inscritas que, divididas em dois grupos e mais 8 tribos de índios, vão se apresentar ao público na rua Duque de Caxias, Ribeira. A atual campeã, a Escola de Samba Balanço do Morro, das Rocas, segue em ritmo acelerado de ensaios e ajustes na confecção das fantasias. Com mais de 500 componentes, a escola de samba vai contar a história do jurista e escritor Hélio Galvão.
Já no barraco da Imperatriz Alecrinense, o trabalho está a todo vapor tanto nos ensaios quanto na preparação das fantasias, que estão sendo reaproveitadas. A escola de samba do bairro Alecrim promete levar emoção ao público com o enredo sobre o Rio Potengi. Serão 16 alas e 4 alegorias. O carnavalesco e presidente da Imperatriz Alecrinense, Rogério Oliveira, disse que o tema foi pensado desde 2015 e que mais de 450 integrantes vão representar a escola.
A Escola Águia Dourada, do bairro do Alecrim, promete muita empolgação na avenida com o samba enredo “O Voo da Guerreira” homenagem a ex-governadora Wilma de Faria, que faleceu no ano passado.
O Carnaval Multicultural de Natal conta com seis escolas de samba no Grupo A; cinco no Grupo B e está marcado para acontecer neste sábado e domingo de carnaval.
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