Desde semana passada, estudiosos do Laboratório de Imunoparasitologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está fazendo uma campanha de financiamento colaborativo (crowdfunding) com o intuito de arrecadar fundos para o estudo de vacinas contra duas doenças endêmicas no Brasil: Doença de Chagas e Leishmaniose. A iniciativa é resultado de um consórcio ibero americano chamado RedVLP, que a universidade integra juntamente com instituições acadêmicas de outros nove países: Espanha, Portugal, Uruguai, Paraguai, Argentina, Alemanha, Bolívia, Colômbia e Estados Unidos.
“Este ano a campanha foi feita na Espanha, e durante 2018 vai ser aqui no Brasil, realizada pela UFRN. Quem financia as campanhas nos países é a Cyted, uma agência espanhola que financia projetos de pesquisa e inovação, principalmente ligados a países ibero americanos. É o segundo ano que a UFRN tem uma iniciativa financiada pelo Cyted”, destaca o professor Marcelo Silva, orientador laboratório para o Boletim da Agecom.
O financiamento colaborativo promovido pela UFRN é uma das ações que integram a RedVLP. O consórcio existe com a finalidade de formar uma rede científica de colaboração para desenvolver protótipos de vacinas no âmbito de doenças tropicais negligenciadas, e fornecer recursos financeiros para que os pesquisadores de cada instituição acadêmica participante façam campanhas de crowdfunding.
Os interessados em contribuir com a campanha e em obter mais informações podem acessar o site ntdplatform.ccs.ufrn.br. Todo dinheiro arrecadado é direcionado para financiar as pesquisas desenvolvidas no Laboratór
A colaboração entre as instituições funciona da seguinte forma: um pesquisador de um laboratório apresenta um protótipo de vacina. Esse protótipo vai ser avaliado por diferentes laboratórios sob aspectos distintos como o nível de toxicidade e efetividade. Ou seja, a plataforma financia um grupo de pesquisadores de diferentes laboratórios, que irão cobrir todas as necessidades científicas para que a vacina possa ser lançada no mercado.
Cada laboratório possui diferentes níveis de conhecimentos, alguns trabalham com química de proteínas, outros trabalham com formulação de vacinas, outros com desenvolvimento experimental e purificação de vacinas. Esse protótipo vai circular dentro dessa expertise, e o conjunto desses laboratórios formam a rede científica de colaboração. Para desenvolver as pesquisas no Brasil, o laboratório conta com o apoio do Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos (Nuplan) também da UFRN e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que possui uma tradição em estudos da parte clínica da Leishmaniose.
De acordo com um levantamento do Ministério da Saúde, 3.289 casos de Leishmaniose Visceral, conhecida como Calazar e 19.395 casos de Leishmaniose Tegumentar foram registrados no Brasil no ano de 2015, e aproximadamente 3 milhões de brasileiros estão infectados com a Doença de Chagas. As duas doenças possuem tratamento farmacológico. Na Doença de Chagas, existe um fármaco chamado benzonidazol, efetivo apenas para os indivíduos que se encontram na fase inicial da infecção. O problema desse fármaco é que ele acarreta várias reações devido ao grau de toxicidade.
Em relação ao tratamento da Leishmaniose, apesar de existirem fármacos com eficácia, o valor é alto. Como a doença está diretamente atrelada a pessoas que vivem em situação de miséria, o acesso ao tratamento é prejudicado.
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