Você, conhecedor da cena LGBT, deve ter ouvido sobre Michael Alig, Amanda Lepore, Rupaul e James St. James. Vocês sabem do movimento do Club Kids? E na palavra Clubber? Foi um grupo da cidade americana de Nova Iorque que influenciou a moda, linguagem, a música e, principalmente, a vida urbana. No final dos anos 80 e início dos 90, eles chamaram muita atenção dos americanos, principalmente da mídia, fazendo com que eles ganhassem dinheiro para aparecer nos clubes.
Vocês pensavam que nos anos 90 só existia o grunge, não é? A maioria dos Club Kids eram drag queens e góticos amantes de música eletrônica. O visual andrógeno, extravagante e criativo influencia, até hoje, vários estilistas.
Quanto mais glitter, cores, maquiagens, piercings e estampas, mais estiloso era o clubber. Também podia ser bizarro e irreverente ao mesmo tempo.
O movimento surgiu com Michael Alig, que se mudou de Indiana para Nova Iorque com a finalidade de estudar moda, mas terminou criando diversos eventos em pequenos clubes. Nas festas, Alig e sua trupe eram conhecidos pelas roupas elaboradas e extravagantes. Muitas vezes feitas por eles mesmos. A música? Eles dançavam música eletrônica até o dia clarear.
Alig conheceu James St. James e, juntos, começaram a realizar algumas festas e as pessoas começaram cada vez mais a frequentar essas baladas. Sim, festa não tinha local exato e podia acontecer a qualquer hora e momento.
A intenção era ressuscitar os bafões existentes nas festas de discotecas e clubes, algo que já existia com o Studio 54, nos anos 70, sendo que com a própria identidade deles. O lema deles era bem MC Melody: “Fale bem ou fale mal, mas fale de mim”.
Após muita insistência, as festas começaram a ser sucesso e chamaram atenção de diversos artistas, como a cantora islandesa Björk. Então, eles rapidamente foram convocados para participar de programas de televisão, principalmente aqueles sensacionalistas. Quando eles apareciam, eles forneciam audiência e atraíam mais fãs.
A roupa era feita por eles próprios, como falado anteriormente, e muitos vestiam personagens criados pro eles. Os Club Kids tinham um outro pensamento de beleza, tinha que ser o mais diferente e escandaloso possível. Era muito comum ver maquiagem carregadas, neon, glitter, roupas metalizadas, miçangas, vinil, látex e saltos plataformas. Tudo isso era junto e misturado.
Apesar do movimento ter formado uma geração, também causou uma mancha nos clubes noturnos, visto que em março de 1996, durante uma discussão com “Angel” Melendez, Michael Alig e seu outro colega de quarto, Robert “Freeze” Riggs, assassinaram o traficante supostamente por dívidas de drogas. O corpo de “Angel” foi cortado em pedaços e jogado no Rio Hudson. Em novembro do ano seguinte, ambos foram condenados a pena entre dez e 20 anos de prisão por homicídio culposo.
Além disso, o programa de Tolerância Zero, nos Estados Unidos, fez com que várias boates fossem fechadas. Alig foi liberado da prisão em 2014, quando alcançou a liberdade condicional por bom comportamento, mas deve prestar contas à Justiça até este ano.
Os Club Kids nunca deixaram de existir completamente, só são bem diferentes da época de Alig.
No Brasil, o estilo foi trazido nos 1990 em clubes cariocas e paulistas como Nation, Kravitz e Massivo. Desta fase saíram nomes como Erika Palomino, Johnny Luxo, Marcelona, Robert Estevão, Alisson Gothz e Michael Love.
A história foi imortalizada no livro “Disco Bloodbath”, escrito por James St. James, que serviu de base para o filme “Party Monster”, de 2003, que colocou o ator Macaulay Culkin no papel de Alig. O documentário “Party Monster: The Shockumentary”, de 1998, também reconta a história do grupo.
Festa em Natal
Em Natal, haverá uma festa em homenagem a esta trupe. Na próxima sexta-feira (15) haverá o Pajux, especial Club Kids, no onde as pessoas podem se vestir de forma extravagante igual aos anos 90 e se divertir do mesmo jeito.
Será no Ateliê Bar, que fica na Rua Chile, no bairro da Ribeira.
“Liberdade para fazer do seu corpo sua arte, aproveitando o espaço da boate como palco de auto expressão.”, diz a descrição da festa.
No line up, muito House, Funk e pop. Além disso, o Pajux vai continuar sendo um espaço para novos talentos da cena Drag natalense, visto que haverá mais uma edição da Batalha de Lipsync. Confira line up a seguir:
DJ Bee
Melson Diniz (Festa CIO – SP)
Galaxxxy (Pajux/Houssaca)
Blu&Red (MUSA)
Monstra Errátika (Funk Carioca)
Batalha de Lipsync
Smoking House
After Houssaca (Frank Aleixo)
A entrada custará 10 reais antes da meia-noite e 15 reais depois que passar das 12 horas. A festa começará às 22 horas.
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