No último sábado, 29 de novembro, a Ribeira pulsou ao som de guitarras, baterias e vozes em um dos eventos mais esperados do calendário cultural do Rio Grande do Norte. Após sete anos longe dos palcos de sua terra natal, o Festival Dosol retornou com toda força para o bairro histórico de Natal, mais precisamente na Rua Chile.
E não só eu que disse isso, visto que muitos frequentadores que frequentavam o tradicional bairro da zona Leste falavam a mesma coisa, artistas também.
As casas de shows tradicionais abriram suas portas para receber bandas locais, nacionais e internacionais, em uma mistura de experiência e novidade.
O evento deste sábado marcou o auge de um mês inteiro de programação que ocupou diversos pontos da cidade. Desde o início de novembro, a produtora cultural Dosol promoveu apresentações em sua sede no bairro de Potilândia, reafirmando sua importância na cena musical potiguar.
O Começo
Fotos: Lara Paiva
A banda pernambucana Ave Sangria teve a honra de abrir o palco principal no sábado. Reconhecida pelo rock psicodélico que marcou os anos 70, o grupo já acompanhou grandes nomes como Alceu Valença. Resgatada nos anos 2000, sua sonoridade atravessou, portanto, gerações, conquistando novos fãs sem perder os antigos. No Dosol, Ave Sangria mostrou que o Nordeste é, sim, território do rock, entregando uma performance vibrante e cheia de energia.
Logo após, foi a vez da potiguar Gracinha, nome artístico de Isabela Graça, tomar conta do palco. A ex-baixista da banda Demônia apresentou um show que mesclou intensidade e intimidade, emocionando fãs que cantaram suas músicas de cor. Gracinha é uma das grandes apostas do Dosol para a nova geração da música potiguar e sua performance no sábado comprovou o porquê.
Música urbana e o encontro de gerações no Dosol 2024
O Brechando aproveitou para visitar o Ribeira Music (antigo Armazém), um dos palcos alternativos do evento. Lá, as apresentações destacaram o melhor da música urbana local. Entre elas, a cantora Ravia (escrito assim mesmo), conhecida por sua presença nas ruas de Natal, mostrou desenvoltura no palco e começou a lançar as suas músicas em parceria com seu irmão (também seu backing vocal) no ano de 2023.
A artista transborda carisma e autenticidade em uma performance arrebatadora, provando que a energia da rua tem tudo para incendiar grandes palcos. Após o fim do show, mostrou simpatia e muitos looks ao tirar fotos com suas amigas nos casarões pichados e grafitados, complementando o seu uso com seu óculos juliete.
Durante a conversa com a cantora, ficou bastante evidente o quanto essa experiência significou para ela.
“Estou mostrando uma parte muito íntima minha no palco. O mínimo que mereço é me sentir feliz e bem fazendo isso”, disse Ravia. Para ela, a interação com o público é o que transforma a arte em algo ainda mais especial. “Sou cria da cultura de rua, amor. Gente passando, periquito pra pagar… Então, já estou acostumada a palcos interativos.”, completou.
A volta às raízes e o peso do metal
Enquanto isso, no Galpão 29 (hoje é 292, com um algarismo a mais), antiga Blackout, onde o Dosol começou, teve os paraibanos do Zeferina Bomba, que fez os novinhos e velhinhos a entrar numa fila de polga.
Ainda mais, o público enfrentou filas para conferir o show lotado da banda Dusouto, figuras carimbadas do mesmo casarão desde que os integrantes eram do General Junkie. Além disso, eles são conhecidos por sua mistura de estilos, eles precisaram controlar o acesso de tantas pessoas que desejavam assistir à apresentação.
No mesmo espaço, o Black Pantera, trio mineiro de heavy metal, entregou um show visceral e potente. Eles contaram com a participação especial de Quel Soares, baterista da banda potiguar Joseph Little Drop, que trouxe ainda mais energia ao palco.
Durante a apresentação, os integrantes do Black Pantera reforçaram a importância da representatividade negra na música pesada. “É emocionante ver a molecada preta pegando guitarra e formando bandas. A gente sabe que esse movimento só tende a crescer”, comentaram a banda em entrevista exclusiva ao nosso site.
Eles também destacaram o impacto de suas músicas, que chegaram até mesmo a ser usadas em redações do Enem, alcançando milhares de estudantes pelo Brasil.
Um encerramento épico do Dosol 2024
O Dosol 2024 terminou em grande estilo com dois shows aguardados: os pernambucanos do Mombojó, que trouxeram sua mistura única de sonoridades, e a última apresentação em Natal de Luísa e os Alquimistas. A banda, que se despede dos palcos, entregou uma performance emocionante e deixou uma marca definitiva no coração de seus fãs.
Ainda tinha espaço da Feira do Kbça, onde artistas locais poderiam vender as suas artes e produtos particulares, como discos usados e raros, além de doces gostosos, acessórios criativos e outros produtos.
Ainda mais, para quem era do metal, o Dosol 2024, utilizou a tradicional casa de samba “Rosas de Cartola” e fez ela ressuscitar seus ancestrais: o bar Alchmist, onde foi espaço para os shows de heavy metal.
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