A casa de Areia Preta é um motivo misterioso. Primeiramente, como deixaram abandonar uma mansão em um dos lugares mais prestigiados da cidade? Segundo, o que aconteceu para abandonar a casa? E a terceira pergunta: Quem foi o dono desta casa?.
Em janeiro de 2018 descobrimos que a casa nem era utilizada por Raul Cortez, muito menos por Governadores do RN. Entretanto, era para pertencer a um importante membro da elite natalense, que deixou a sua marca na cidade, através do cinema.
A casa está em abandono, mas o terreno que envolve a mansão ainda pertence a propriedade da família, conforme uma placa gigante avisa em uma das duas entradas. Só para você ter ideia, o acesso só dá certo pela lateral do Departamento de Oceanografia da UFRN ou subindo pelas pedras escorregadias da praia. Escolhemos a primeira opção por questão de segurança.
E como é?
A dificuldade em manter o foco foi bem mais diícil que quando conseguimos acessar o Hotel BRA, pois a casa fica numa das vistas mais bonitas de Natal, onde consegue ver Ponta Negra, Farol de Mãe Luíza e está há poucos metros do Oceano Atlântico.
Nossa primeira visão foi a casa dos empregados que fica nos fundos, onde criei a suposição visto que era a versão miniatura da casa e relatos que hoje apenas um caseiro cuida do local.
Após passar por um caminho de areia chegamos na casa, onde é protegida por um muro aparentemente baixo, mas fundo do lado interno e com vários cactos para evitar possíveis invasores. Além dos cobogós da caixa d’água caindo aos pedaços, vimos pedaços de madeira da porta decompondo, telhas caindo e uma piscina virando novamente mato.
Da casa dos empregados, fomos dando uma volta em torno da casa e víamos que a estrutura era de materiais muito bons, como pedra sabão e marmórie. Se esses mencionados são caros hoje, imagina no período de hiperinflação. Sem contar que vimos ao longe a garagem, os banheiros e uma estrutura que simula os quartos. Uma das coisas interessantes era o modernismo da casa, pois o que eram os possíveis cômodos tinham varandas com vista para o mar.
Projeto arquitetônico da casa abandonada de Areia Preta
Pesquisando na internet, eu descobri o motivo: A casa era projetada para ter oito suítes, todas voltadas para o mar, além de um enorme salão de festas. Os arquitetos que projetaram a obra está Moacyr Gomes (arquiteto do estádio Machadão) e Ubirajara Galvão.
Não deu certo, porque a empresa de Moacyr Maia de engenharia fechou as portas e a obra foi embargada.
Drone potiguar também filmou a casa
A página Drone Potiguar divulgou no seu canal do Youtube as imagens aéreas do local. Dê o play a seguir:
Afinal, quem é o dono da casa abandonada de Areia Preta?
A residência fazia parte do Moacyr Maia, filho do engenheiro Otacílio Maia e criador do Cine Rio Grande, que fica na Av. Deodoro da Fonseca em Natal (por sinal, ficava perto de sua casa, que morava com os seus familiares). Por muitos anos era o cinema que havia os equipamentos mais modernos da cidade e acomodava mais de duas mil pessoas. Além disso, era proprietário da construtora Cicol. Era conhecido pelo seu apelido de diplomata.
Muitos assistiram os filmes clássicos nas telas do Rio Grande. A sua decadência, porém, veio na década de 1980. No ano de 1991, a sala foi desativada e foi criado o Cine Rio Verde, composta por duas salas em um espaço menor, que funcionou até meados da década de 2000. Hoje, o prédio do Cinema Rio Grande é utilizado por uma igreja evangélica. Já o Rio Verde é a sede da Rádio Rural, administrado pela Igreja Católica.
No entanto, a Cicol quebrou em meados da década de 70 e a casa nunca foi terminada. O engenheiro faleceu no ano de 2005. Até hoje o terreno pertence a família.
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