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Origem do feminismo em Natal

feminismo em Natal

Em 2021, publicamos a segunda edição da Revista do Brechando, no qual explicamos a origem do feminismo em Natal. Saiba mais no Brechando!

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Quando pensamos em feminismo, logo nos vêm à mente as mulheres que lutaram para terem acesso a direitos básicos. Por exemplo, o direito a votar, a usar as roupas que queriam, a saírem sem serem questionadas e a trabalhar. No entanto, para que isso acontecesse em Natal e no RN tivemos mulheres de coragem, como Celina Guimarães, Alzira Soriano e Júlia Medeiros.

Nós vamos falar da história do feminismo em Natal e como isso foi importante historicamente. Diferentemente da Europa e dos Estados Unidos, o movimento feminista surgiu no RN, principalmente na capital do estado, de uma forma diferenciada, como veremos neste artigo.

Como surgiu o feminismo no Brasil?

No final do século 19, o Brasil torna-se uma República e as brasileiras a pedir uma maior participação política, uma vez que as poucas que trabalhavam faziam os serviços fabris ou como empregadas domésticas.

Caso elas não seguissem esses ofícios, restava, apenas, prestar para as próprias famílias o serviço doméstico não remunerado. Além disso, suas possibilidades de educação eram limitadas, os cursos superiores estavam fora de seu alcance e sua capacidade intelectual era sempre questionada (até hoje). Nesta época, era muito comum escritoras utilizarem pseudônimos masculinos para escreverem em jornais.

Auta de Souza, por exemplo, teve que assinar como Ida Salúcio e Hilário das Neves.

Mas muitas mulheres já ultrapassavam essas barreiras antes que eclodisse, verdadeiramente, o movimento feminista.

Nísia Floresta: a primeira feminista do Brasil?

Nísia Floresta nasceu em Papari, cidade que hoje recebe seu nome, no dia 12 de outubro de 1810. Alguns estudiosos apontam que a educadora e escritora a chamam de primeira feminista do Brasil. O motivo seria a publicação dos livros “Direitos das mulheres e injustiças dos homens” (1832), “Conselhos à minha filha” (1842), “Opúsculo humanitário” (1853) e “A mulher” (1856), além de sua assídua contribuição com a imprensa da época.

O primeiro livro citado é uma tradução de “La femme n’est pas inferieure a l’homme”, publicado em 1750, de uma escritora que assinou como Sophia, que supostamente seria Mary Wortley Montagu, o que não é nenhuma surpresa. Nísia admitia publicamente ter sido inspirada pela obra “A Vindication of the Rights of Woman”, de Mary Wollstonecraft.

Além disso, a potiguar tinha ideias progressistas para o Brasil Império, nutrindo ideais abolicionistas, republicanos e principalmente feministas, posicionamentos muitos inovadores para a época. Nísia também foi responsável por exercer uma ruptura na tendência da educação brasileira de negar à mulher sua inserção nas escolas.

Outras mulheres potiguares também contribuíram com o movimento feminista, sendo que somente no início do século XX.

O feminismo em Natal e no Rio Grande do Norte

A escritora potiguar Nísia Floresta foi um exemplo de mulher feminista

Foi na primeira metade do século 20 que o feminismo ganhou força, principalmente no Rio Grande do Norte, onde as mulheres lutaram pelo direito de votar num movimento que eclodiu a nível nacional, quando a escritora mineira Miêtta Santiago notou a contradição da Constituição de 1891. O documento, portanto, dizia: “São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei”.

Este deslize de redação deu a brecha que permitiu que todos votasse, independentemente do sexo. Entretanto, um ano antes, a natalense Celina Guimarães, diretora de uma escola de Mossoró, por incentivo dos moradores, foi a primeira eleitora registrada no Brasil. Com o advento da Lei n.º 660, de 25 de outubro de 1927, o RN foi o primeiro estado que, ao regular o “Serviço Eleitoral no Estado”, estabeleceu que não haveria mais “distinção de sexo” para votar.

No ano seguinte, as mulheres potiguares finalmente puderam votar, e a foto das primeiras eleitoras está no Arquivo Nacional para mostrar que Natal nunca foi uma cidade morta. A ação delas estimulou que o Código Eleitoral Brasileiro de 1932 permitisse que as mulheres votassem. Em 1929, a potiguar Luíza Alzira Soriano Teixeira, se tornaria a primeira mulher a ser eleita para um mandato político no Brasil. Ou seja, Alzira Soriano, em 1929, tomaria posse no cargo de prefeita de Lajes.

Alzira Soriano, a primeira prefeita em uma cidade brasileira

Mas foi pouco tempo de administração, apenas sete meses. Com a Revolução de 1930, Alzira Soriano perdeu o seu mandato por não concordar com o governo de Getúlio Vargas.

Bertha Lutz

A responsável pela indicação de Alzira foi a política e cientista feminista Bertha Lutz. Lutz foi uma das figuras pioneiras do feminismo no Brasil, além de ter sido a criadora da Liga pela Emancipação Feminina. Nos anos 40, com o fim do Estado Novo, as mulheres potiguares continuavam a crescer na política nacional.

Maria do Céu Fernandes, por exemplo, foi a primeira mulher a ocupar o cargo de deputada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, e, por extensão, também a primeira deputada estadual mulher no Brasil.

Já na década de 60, existe o ápice do feminismo no Brasil, quando surgiu uma nova retomada do movimento feminista pelas mãos de Romy Medeiros da Fonseca, que culminou na formação do Conselho Nacional de Mulheres do Brasil. Esse movimento torna as reivindicações mais abrangentes, como: princípio da igualdade entre marido e mulher no casamento e a introdução do divórcio na Legislação brasileira.

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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