O luto ninguém explica. A gente acha que sabe. É a versão contrária de um nascimento. A década de 2010 foram os lutos mais diferentes que Vovó do Céu teve. Irmãos, amigos e o grande amor de sua vida partiram para o outro plano.
E não estou falando apenas de morte. Mas também de mudanças. Mudar com o vovô Manoel, além de deixar o sítio e a cidade que cresceu, criou os filhos e os mais diversos netos também foi uma mudança que exigiu muita coragem. O outro “luto” foi não conseguir se despedir do “Preto”, uma vez que estava internado.
Se adaptar a viuvez foi outro processo de luto. E agora estamos nos despedindo. Ver a vovó no leito de morte é uma experiência que botei para fora em um texto.
Era um sábado, fim de tarde quando o médico se reuniu com meu pai e tio alegando que queria falar com os dois. A vontade para ligar era forte para saber o que houve. Então, meu pai me ligou e aproveitei para perguntar, que prontamente me respondeu: “Lara, o médico avisou que o estado era irreversível.”.
Então, veio o questionamento: Quando posso dizer que está tudo bem o coração parar?
Fui ao hospital no dia seguinte, meu pai orientou como chegar ao leito 218 e cheguei. Vi vovó dormindo, abrindo os olhos como se fosse um bebê enxergando o mundo pela primeira vez.
Último aperto de mão e dizer que está tudo bem em partir
Apertei sua mão, mexi nos seus cabelos e cheirei a sua testa como sempre fiz. Então, prontamente disse: “Vovó, só quero dizer que te amo. E pode partir, que a gente vai ficar bem. Vovô está lhe esperando. Nós estamos aqui para que a sua despedida seja a melhor possível. Está bem pertinho, descanse”.
Saí do hospital triste e chorando, mas coração em paz. Seis horas depois, ela realmente partiu.
Só quero lembrar daquela senhora que verdadeiramente amou aqueles que estavam em sua volta. Está tudo bem em partir, nosso luto será mais tranquilo assim.
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