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Helmut e seu legado na cultura de Natal

Poderia parecer uma cena do filme “O carteiro e o Poeta”, que fala um pouco da história do poeta Pablo Neruda, mas aconteceu em Natal. Uma das características de Luís da Câmara Cascudo era ficar ansioso em receber as cartas. Logo, ele ficara bastante amigo dos carteiros que passavam pelas ruas de sua casa na…

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Poderia parecer uma cena do filme “O carteiro e o Poeta”, que fala um pouco da história do poeta Pablo Neruda, mas aconteceu em Natal. Uma das características de Luís da Câmara Cascudo era ficar ansioso em receber as cartas. Logo, ele ficara bastante amigo dos carteiros que passavam pelas ruas de sua casa na antiga avenida Junqueira Aires, que hoje recebe o seu nome. Um desses carteiros é José Helmut Cândido. O Helmut era uma figura histórica do Centro Histórico e de Natal.

Ele era uma das pessoas que entregava as cartas para Câmara Cascudo e o resultado se transformou no livro “O Carteiro de Cascudinho”. Mas, Helmut não se resumia, todavia, apenas por esta profissão.

Foi nestas idas e vindas que criou uma amizade com Cascudo, onde começaram a discutir alguns assuntos. Mas, sem entrar em muitos detalhes. Sem contar que a convivência durou oito anos, quando Cascudo faleceu na década de 80.

Vida pós-Cascudo

Quando não estava em serviço do serviço postal, Helmut ocupava o tempo com leitura e boemia. Ainda mais leu os clássicos da literatura universal, adquiridos pelo reembolso postal. Embora não tenha passado do primário, sempre escreveu e leu compulsivamente. Era bastante fã de autores europeus, como Shakespeare, Dostoiévski, Marx, Freud, Tolstói, Camões, Pessoa. Dos brasileiros, seus preferidos são até hoje Lima Barreto e Euclides da Cunha.

Sabe de cor passagens de Os Lusíadas, Os Sertões e ensaios freudianos. Em 2007, ele lançou o livro “Helmut, O Carteiro de Cascudinho”. Após largar a profissão de carteiro, começou a viver nas ruas no centro, onde vendia pinturas, fumava, debatia filosofia e declamava leituras.

Entrevista para Revista Piauí

Na época do lançamento do livro, ele participou de uma entrevista para Revista Piauí, onde ele disse as seguintes palavras:

“Passo o dia no sebo. Leio um parágrafo de um, duas frases de outro e assim vou, bolinando as letras até morrer.” Helmut escreve alguma coisa todos os dias, para manter o hábito. No momento, está às voltas com suas memórias além da vida com Cascudo.

Na época, Abimael pagava dois reais para cada página concluída, que era revertida em seis maços de cigarro por dia.

Morreu aos 76 anos em 2009, vítima de um câncer. Segundo o jornalista Sérgio Vilar, ele não queria saber da doença.

Pinturas de Helmut feitas em Natal

Além de escritor, filósofo e carteiro, Helmut também era conhecido pelas suas pinturas nas paredes e quadros que hoje estão espalhados em vários pontos da cidade. Além disso, a imagem acima mostra ele fazendo a sua arte enquanto fumava seu cigarrinho nas lentes do fotógrafo Alex Gurgel.

Ele reproduzia as suas artes em qualquer lugar fosse tela, inclusive numa parede, visto que boa parte das obras já foram apagadas. As fotos a seguir são de Eduardo Alexandre Garcia, conhecido como Dunga e mostra a obra de Helmut. Veja, portanto, a seguir.

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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