Foram realizados, no período de janeiro a dezembro de 2020, 188 notificações para doação de órgãos, contudo, apenas 60 se concretizaram. Já no primeiro semestre de 2021, houve 96 registros, com apenas 22 doações efetivas. Atualmente, a doação de órgãos no RN precisa de atenção, pois o estado apresenta 244 pacientes em lista de espera para transplante renal e 390 pessoas aguardando transplante de córnea. Mas, as Fake News sobre o transplante por conta da pandemia do Covid-19 atrapalhou completamente.
Os dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) mostram que houve uma redução significativa nos transplantes realizados como consequência da pandemia do novo coronavírus. Esse agravante reduziu o número de possíveis doadores. Dentre eles, os que estavam aptos à doação de órgãos, conforme critérios médicos, as famílias negaram os transplantes, impossibilitando a doação.
De acordo com a Central Estadual de transplantes, responsável pela doação de órgãos no RN, de 25 famílias entrevistadas, 19 se recusaram a realizar doações de órgãos de seus familiares.
Esse fator impactou diretamente para redução dos transplantes e, consequentemente, no salvamento de vidas.
A Central Estadual de Transplantes, responsável pela doação de órgãos no RN, fica no Hospital Walfredo Gurgel. Neste mês de setembro, as secretarias de saúde fazem campanha de incentivo em doar os órgãos.
O resultado do RN reflete em todo o Brasil
A doação de órgãos e tecidos no Brasil ainda é cercada de tabus, resultantes da desinformação. Hoje no país, a cada milhão de pessoas, menos de 20 são doadoras de órgãos. Como resultado, mais de 50 mil pessoas esperam na fila para receberem um novo órgão. E desde que a pandemia causada pela Covid-19 chegou ao Brasil com mais expressão, em março de 2020, a situação ficou ainda mais grave, segundo as revistas científicas de grande relevância.
Um estudo de setembro de 2021 na revista científica The Lancet Public Health, mostra que o total de transplantados no mundo caiu 16% no ano que passou em consequência da pandemia. Além disso, o Brasil teve redução de 29%; um dos países com pior performance entre as nações consideradas. De acordo com o Ministério da Saúde, a maioria das pessoas espera pelo transplante de córnea e, principalmente, rins.
De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o principal motivo do declínio no período mencionado tem relação com o aumento de 44% na taxa de contraindicação, em virtude do risco de transmissão do coronavírus ou pela dificuldade em realizar a testagem em alguns momentos na pandemia.
As doações também sofreram queda devido à lotação e ao excesso de trabalho nos Centros de Terapia Intensiva (CTIs). O fato de as pessoas que morrem em decorrência da Covid-19 não poderem ser doadoras quando estão infectadas também piorou o cenário.
Desinformação também ajudou na queda de doadores com os dados nacionais
A desinformação e os tabus que ainda envolvem a doação de órgãos também são fatores que impedem que, a cada ano, vidas possam ser salvas. A doação de órgãos é de fundamental importância para a manutenção da vida de pessoas que precisam de um transplante, nos casos em que não há mais outras formas de tratamentos. Em vida, é possível, com as compatibilidades necessárias, doar rim, parcialmente o pâncreas, parte do fígado e do pulmão, em situações excepcionais. Já de doadores não vivos podem doar rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino.
Como ser doador de órgãos no RN?
É preciso comunicar a família, pois somente parentes autorizam a doação. A doação de órgãos e tecidos pode ocorrer após a constatação de morte encefálica, que é a interrupção irreversível das funções cerebrais, ou em vida. Um único doador pode salvar mais de dez pessoas doando órgãos e tecidos, como córneas, coração, fígado, pulmão, rins, pâncreas, ossos, vasos sanguíneos, pele, tendões e cartilagem. Além de avisar a família, o interessado na doação de órgãos pode cadastrar no site www.adote.org.br/register.
De acordo com a ADOTE, o doador em vida deve ter mais de 21 anos e saúde boa. A doação ocorre somente se o transplante não comprometer seus sinais vitais. Rim, medula óssea e parte do fígado ou pulmão podem ser doados entre cônjuges ou parentes de até quarto grau com compatibilidade sanguínea. No caso de não familiares, a doação só ocorre mediante autorização judicial.
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