Esta foi a capa do jornal “A República” em 1º de abril de 1890, quase cinco meses após a Proclamação da República.
A República é um jornal que surgiu para divulgar as ideias republicanas e, claro, quando este modelo de gestão chegou ao país, eles vangloriavam em suas matérias. Uma delas foi a visita do Duque de Caxias nas terras potiguares, visitando, inclusive na cidade de Macaíba.
Quem foi Lima e Silva, o Duque de Caxias, que visitou Macaíba
O Duque de Caxias tinha o nome de Luís Alves de Lima e Silva, que era militar e político. Ficou conhecido por lutar contra Portugal em nome da Independência do Brasil. Além disso, ele ficou conhecido por reprimir cruelmente diversas manifestações contrárias à Monarquia, como a Balaiada, a Revolução Farroupilha e Revoltas Liberais.
Luís Alves de Lima e Silva nasceu no meio de uma ilustre família de militares, pois seu pai, o tio e o avô pertenciam ao exército. O pai também se destacaria como político integrando a primeira Regência Trina Provisória e seria senador do Império.
Após a Guerra do Paraguai, o duque e outros membros do Exército Brasileiro estavam insatisfeito com as decisões da Monarquia. Por isso, ele apoio a Proclamação da República de Marechal Deodoro da Fonseca em 15 de Novembro de 1889.
Um mês depois dessa viagem, o Lima e Silva falecera. Caxias só começou a ser considerado como a principal figura militar da história brasileira por volta da década de 1920. Ou seja, após a sua morte. No artigo abaixo vai falar que ele precisou descansar após passar mal na cidade, por sinal.
A matéria de Duque de Caxias em Macaíba
Colocando esta matéria em primeiro de abril, porque a matéria de A República publicou o acontecimento no dia primeiro de abril. Eu transcrevi o texto para a norma atual da língua portuguesa. Confira a matéria completa a seguir:
Excursão à Macaíba
Em demanda da pitoresca cidade da Macaíba partiram no dia 29 do corrente do cais do palácio dos escolares levando a bordo o Exímio Governador do Estado (Adolfo Gordo) e sua gentil esposa; acompanhados do Dr. Pedro Velho, 1º vice-governador, Dr. Chefe de Polícia e Secretário do governo, juízes de direito Amintas e Chaves, cidadãos Amaro Barreto e Cândido Cabral, o ilustrado clinico Dr. Paulo Antunes, o Dr. Antônio Garcia e o ajudante de ordens, Capitão Varella.
Do Passo da Pátria, saiu com o mesmo destino, vindo juntar-se aos primeiros, o líder da capitania do porto que conduzia o bravo militar coronel Lima e Silva e o nosso distinto amigo capitão-tenente Candido Barreto.
Ao serem os escalares avistados da cidade de Macaíba subiram ao ar numerosos fogos de artifício para dar à população o grato aviso de que se aproximava o governador.
Compacta multidão aguardava o ilustre hóspede, apanhada no cais do desembarque. Todos queriam ver o denodado campeão da democracia que por seus atos de provado civismo se tornara merecedor da confiança do Governo provisório.
O desembarque teve lugar ao som do hino e entre as aclamações do povo que vitoriava o Marechal Deodoro, o Governador e o Dr. Pedro Velho.
Depois dos primeiros comprimentos e saudações seguiu a comitiva para a casa do cidadão Enéas Medeiros, que esmerou-se em cumprimentar a todos.
Distintos cidadãos dos arredores da cidade correram a manifestar suas homenagens ao Governador, notando-se entre eles o ilustrado Dr. Paula Salles, presidente da Intendência (prefeito da cidade).
Às 2 horas da tarde, foi servida uma farta refeição, durante a qual reinou sempre a mais expansiva cordialidade, fazendo ouvir a música escolhidas peças de seu repertório.
Ao champanhe trocaram-se os mais entusiásticos e significativos brindes, dos quais foram alvo principal o Governador e sua digna consorte, o prestigioso chefe democrata Dr. Pedro Velho, o coronel Lima e Silva e o Capitão Barreto como representantes do exército e armada nacional e os honrados representantes do comércio de Macaíba, ali presentes.
Estes e outros muitos brindes traduziam o sentimento de júbilo e confraternização de que se achavam possuídos todos os cavalheiros ali reunidos.
Fez o brinde de honra o cidadão Governador, saudando a República e ao Governo Provisório.
Tomaram parte em uma segunda mesa muitos dos nossos amigos da Macaíba, os quais, por se diferenciar dos ilustres hospedes, não queriam se servir na primeira.
Na sobremesa, foi anunciada a presença do Governador e do simpático chefe democrata Dr. Pedro Velho. De novo, trocaram-se reciprocas saudações, em que estes dois ilustres cidadãos foram ainda alvo constante das inequívocas e sinceras manifestações de apreço e estima em que são tidos.
Em todas as fisionomias se divisava o júbilo e o entusiasmo que lhes produziu aquela festa. Os brindes se cursavam ardentes, exprimindo-se os oradores com verdadeiros arroubos de eloquência.
O brioso militar coronel Lima e Silva, que por ligeiro incomodo não pudera comparecer a primeira mesa e que então se achava presente, sendo novamente saudado, respondendo em frases concisas, enérgicas, as justas manifestações, de que era objeto.
Ao terminar o banquete e levantando por entre urras delirantes o brinde final a República Brasileira, os corações todos se dilatavam ao calor dos mais elevados sentimentos que desperta a chama sagrada do patriotismo.
Após o festim – o Senhor Excelentíssimo, acompanhado de sua virtuosa consorte, senhoras e cavalheiros, percorreu as principais ruas da cidade, visitando diversos cidadãos e recebendo do aspecto risonho florescente cidade a mais agradável impressão.
A noite teve lugar uma animada festa, que se prolongou até adiantada hora, sendo então servida uma profusa mesa de doces. Pela madrugada voltaram os excursionistas, todos sumamente penhorados pela gentileza e amabilidade da recepção que lhes ofereceu o povo da Macaíba, que por sua vez se mostrou cativo, da sutileza, do trato – fraco e despretensioso – com que todos acolhia o jovem Governador, genuíno representante dos verdadeiros e sentimentos democráticos.
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